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07 de outubro

Iphan torna o Engenho Corredor patrimônio cultural do Brasil

Em 16 de setembro de 2025, o Iphan declarou tombamento definitivo do conjunto arquitetônico do Engenho Corredor, localizado na cidade paraibana de Pilar.

A oficialização resultou na inscrição do engenho no Livro do Tombo Histórico e no Livro do Tombo das Belas Artes, o mais alto grau de proteção federal para um bem cultural.

Dos 4 livros de tombamento, o engenho foi gravado em 2, caracterizado pelo seu alto valor histórico nacional e por sua grandeza artística.

O Conexões UEPB apresenta o que foi o Engenho Corredor e seu impacto no contexto histórico, econômico e cultural do Brasil.

Em primeiro lugar, cabe destacar que foi nesse ambiente que viveu, até os 12 anos de idade, o escritor paraibano José Lins do Rêgo.

Mais que isso, o local foi marcante a sua memória de vida, e primordial para a formação de um estilo literário nacional.

José Lins do Rêgo edificou o modernismo regionalista, ao lado de nomes como Graciliano Ramos, Jorge Amado e Érico Veríssimo.

E o Engenho Corredor foi inspiração para o cenário de seus romances denominados “Ciclo da Cana-de-Açúcar”.

As obras de Lins do Rêgo narram exatamente a decadência vivida pelos engenhos açucareiros frente à consolidação das usinas modernas. Engenhos esses que um dia já foram o motor econômico do Brasil.

O Engenho Corredor foi construído em 1837 pelo coronel Bubu do Corredor, proprietário de mais 7 engenhos na várzea do Rio Paraíba e avô materno do escritor.

O conjunto arquitetônico é composto pela casa grande, engenho, casa de purgar e senzala.

E quando falamos em senzala, é impossível não pensar num dos capítulos mais sombrios na história deste país: a escravidão racial como alicerce em um projeto de nação.

Definitivamente, foram os antigos engenhos o retrato de uma sociedade predominada pela injustiça social, violência contra os negros e coronelismo patriarcal.

A decadência dos engenhos representou o fim de um modelo colonial, artesanal e autossuficiente, dando lugar ao capital industrial, tecnologia, alta escala e infraestrutura logística.

A escravidão foi abolida. No entanto, manteve-se a exploração da força de trabalho em condições degradantes. Até hoje, um triste retrato do Brasil.

Um passado que nunca pode ser esquecido para nunca mais ser repetido. O tombamento do Engenho Corredor torna-o um bem de valor inestimável para a nação e as futuras gerações.

Imagens   Wikimedia Commons   Instagram/engenho_corredor   Roberto Guedes   Plataforma 11   Agência O Globo Texto e produção   José Arnaud Lemos

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