O grito proclamado por ela

A independência do Brasil decretada por Dona Leopoldina

Neste mês de setembro de 2022, comemora-se o bicentenário da Independência do Brasil.

O famoso grito do Ipiranga, proclamado por Dom Pedro, domina o imaginário coletivo como uma ação decisiva na libertação do Brasil do jugo português.

A cena, no entanto, é uma mera construção de identidade para a recém nação.

Quem de fato orquestrou o destino do país foi Dona Leopoldina, como se vê em 3 atos…

Após o regresso de Dom João IV a Portugal, a população brasileira se viu em atrito constante com as ameaças de retrocesso à condição de colônia portuguesa.

Dessa forma se deu o primeiro ato. Maria Leopoldina percebeu o alto risco de deflagração de levantes populares, e enxergou um possível esfacelamento do Brasil em distintas nações republicanas. A preservação da monarquia seria uma de suas grandes inquietações.

Isso porque, há quem diga que era muito temerosa com revoluções, visto o que aconteceu com sua tia-avó, Maria Antonieta, última rainha da França, que foi morta na guilhotina.  Além disso, pensava no futuro dos seus descendentes com a manutenção das benesses monárquicas.

Ela, então, passa a ser uma voz protagonista no transcorrer dos fatos, que desencadearam na independência do Brasil.  Principalmente porque, Dom Pedro tinha fortes tendências a acatar ordens da Corte de Portugal.

O segundo ato se deu nos momentos que antecederam o Dia do Fico...

"O príncipe está decidido, mas não tanto quanto eu desejava. (...) Muito me tem custado alcançar isto tudo: só desejava insuflar uma decisão mais firme”.

Leopoldina agia pelos bastidores, conduzindo reuniões ministeriais, dialogando com líderes das lutas pela emancipação, e, principalmente, no empenho em influenciar o marido Dom Pedro.

No terceiro e decisivo ato, Leopoldina convoca e preside uma reunião do Conselho de Estado, a apenas 5 dias antes do famoso grito do Ipiranga.  De posse do cargo de regente interina, ela ratifica a deliberação do Conselho: assina a declaração de independência do Brasil.

Para a Profa. Dra. Luíra Monteiro, do Departamento de História/CEDUC, os livros didáticos obscurecem a intensa personalidade da imperatriz - que inúmeras vezes demonstrou sua capacidade de liderança e articulação. “Uma história que só reforça uma construção do protagonismo masculino, e a diminui, reverberando sobre sua vida matrimonial”.

No dia 7 de setembro, Dom Pedro recebe a carta de Leopodina e brada o decreto de sua esposa.

Narra a princesa ao princípe: "o pomo está maduro, colhei-o já, senão apodrece".

O grito proclamado por ela, mas contado divergentemente por outros.

Conheça mais sobre as pesquisas da professora Luíra Monteiro.