Terceira etapa do Encontro de Sanfoneiros e Tocadores de Oito Baixos ganha destaque no Campus da UEPB em Patos

5 de abril de 2017

No dia 05 de abril, o Encontro de Sanfoneiros e Tocadores de Oito Baixos, efetuado pela UEPB, ganhou grande destaque na cidade de Patos (PB). O Campus VII acolheu o evento efusivamente. Na oportunidade, o coordenador local da
iniciativa foi o diretor do campus, Adriano Vital.
A ocasião foi sediada no auditório do Centro de Ciências Exatas e Sociais Aplicadas e contou com a participação maciça dos sanfoneiros e ainda com integrantes das famílias deles, acompanhando-os. Participaram da comitiva da Procult durante o evento, o pró-reitor de Cultura, José Cristovao de Andrade, o pró-reitor adjunto José Benjamim Pereira Filho, os professores do Centro Artístico Cultural da UEPB, Erivan Ferreira e Erivelton Lucena, além de Luizinho Calixto, Canário do Império e Fredi Guimarães. O evento foi sediado no auditório do Campus e contou com a participação também da comunidade acadêmica, com professores, técnicos, alunos e funcionários. A oportunidade foi prestigiada, além disso, por autoridades locais.
O Encontro começou com a saudação do pró-reitor de cultura e do pró-reitor adjunto de cultura a toda a plateia. Ambos parabenizaram os sanfoneiros pela resistência, pela escolha de perpetuar um instrumento tão tradicional e icônico para a arte nordestina. “Toda a Paraíba, o Nordeste e o Brasil devem reverenciar os sanfoneiros pela enorme contribuição que dão para a nossa Cultura. Sabemos que não é fácil, que o devido valor não é dado”, enfatizou Andrade.
O professor Benjamim concordou com ele, apontando que cada artista da sanfona deveria receber um incentivo para que pudesse viver da sua arte, dispondo de conforto. “É complicado, pois a grande maioria necessita fazer outras coisas para conseguir sobreviver. A vida é tão difícil e nós vemos o quanto todos aqui sabem tocar, imagine se pudessem se dedicar apenas a isso?”, acrescentou.
Após a saudação dada aos convivas, Luizinho Calixto começou a aula espetáculo. Memórias e aprendizados fizeram parte dela. “Minha mãe era uma pessoa muito ponderada e observadora. Foi ela que certo dia puxou Zé Calixto, meu irmão mais velho e já mestre na sanfona de oito baixos, e disse que eu tinha jeito para a coisa, que me trouxesse logo uma sanfona. E foi assim que nervoso e um pouco tímido como são quase todas as crianças em público, e ainda mais se esse público for cheio de adultos, que aos oito anos me apresentei pela primeira vez na Rádio Borborema, em Campina Grande”, contou.
Do pai, João de Deus, agricultor e sanfoneiro conhecido nas redondezas, Luizinho Calixto recordou com certo temor. “Era valente, não abria para ninguém. Tocava até para os homens do Cangaço. Se o assunto fosse discussão, era de poucas palavras. Só andava armado. Morreu ainda guardando uma faca debaixo do colchão. Já eu sou daqueles que, se tiver uma briga, vou logo embora, correndo, se possível”, contou Luizinho levando a plateia ao riso.
Sobre ser professor de fole de oito baixos, Luizinho explicou sobre o início de tudo. “Um dia, me chamaram para dar uma oficina. Eu sou pouco habituado a esses modismos das palavras de hoje, pensei logo em carros, motos, peças… Mas era uma oficina de sanfona de oito baixos. A sala de aula nunca foi um sonho, plano ou perspectiva, mas após muita insistência, eu fui. Vejam, eu que nunca tive aulas de sanfona de oito baixos, criei um manual bem didático e simples para ensinar aos alunos como funciona o instrumento e a difícil afinação dele”, destacou.
E nessa altura, Luizinho passou a mostrar seu método, acompanhado de perto pelos
sanfoneiros presentes. Na terceira etapa da iniciativa, pode-se destacar a presença de Zé Luiz Sanfoneiro, 65. Empunhando uma grande sanfona vermelha e com um típico chapéu de couro, ele demonstrou toda a sua satisfação em fazer parte do Encontro. “Minha vida tem sido marcada pela dificuldade. A sanfona significa para mim um momento de lazer, de descansar dos problemas e também de conseguir um dinheirinho. É como uma amizade que só traz coisas boas”, exemplificou.