Universidade Estadual da Paraíba mantém guarda de acervo do cineasta Machado Bittencourt

27 de abril de 2017


Há exatos 18 anos, o Brasil perdeu o cineasta Juremi Machado Bittencourt Pereira, mais conhecido por Machado Bittencourt, um dos precursores do cinema em Campina Grande. Quase duas décadas após a sua morte, parte da numerosa herança cultural deixada pelo cineastra se encontra sob a guarda da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB). O acervo bibliográfico e cinematográfico Machado Bittencourt é uma fonte de pesquisa para os admiradores da sétima arte e do cineasta que certa vez declarou que “o cinema a base de celuloide é eterno”.
O tesouro de valor inestimável pertence à família do cineasta e sua guarda foi repassada a UEPB por sua viúva, Célia Bittencourt, como forma da Instituição guardar a memória e fazer um resgate de pessoas que contribuíram para o desenvolvimento cultural da Paraíba. Desde que recebeu o acervo, a Universidade, conforme explicou o jornalista e pesquisador Hipólito Lucena, se encarregou de fazer o processo de higienização de todo o material, já que parte da obra estava desgastada pelo tempo. Futuramente, a pretensão é adquirir de vez todo o acervo. Trata-se do registro da memória da Paraíba e do próprio Nordeste, construída por um dos gênios do século passado.
O acervo é composto por relíquias como fotos, filmes dirigidos por Bittencourt e rodados em películas, um antigo projetor, livros, revistas e maquinários que fizeram parte da produtora de cinema do cineasta. O sonho de Bittencourt, a sua visão de mundo e o amor pelas coisas do Nordeste estão materializados no acervo. “Boa parte das obras fala do Nordeste. É um acervo muito rico”, observou Hipólito.
Atualmente, o acervo está guardado em uma das salas do prédio da antiga Faculdade de Administração, onde foi feita a seleção e catalogação dos livros e revistas. A pretensão da UEPB é digitalizar todos os filmes, transferindo o material filmado em película para DVD para que, desta forma, o material se transforme em fonte de pesquisa para estudantes de cinema e admiradores da sétima arte.
Biografia
Juremi Machado Bittencourt nasceu no dia 3 de setembro de 1942, na pequena e desconhecida cidade de Pirancuruca, no Estado do Piauí. Em 1960, com apenas 18 anos, com uma ideia na cabeça e uma câmera na mão, ele veio residir em Campina Grande. Bittencourt produziu cerca de 200 filmes, entre documentários, ficções, reportagens cinematográficas, comerciais e propagandas políticas. A maioria dos filmes era realizada com intensa improvisação, muitas vezes sem roteiros.
Em sua vida, ele teve forte vínculo com Campina Grande. Machado Bittencourt produziu duas ficções longas metragens na Rainha da Borborema, sendo que a primeira foi Maria Coragem, em 1978, e a segunda O Caso de Carlota, em 1982.
A UEPB também fez parte da história de Machado. Depois de viajar por todo o Brasil e voltar a Campina Grande para filmar “A feira no ano”, em parceria com Luiz Barroso, ele iniciou o curso de Jornalismo na antiga URNe, onde foi aluno e professor. Posteriormente, percebeu a necessidade de trabalhar mais profissionalmente no ramo do qual escolhera viver: o mundo do jornalismo, da propaganda, da fotografia e do cinema. Nesse sentido, fundou, em 1974, a Cinética Filmes Ltda, empresa que funcionou em Campina Grande até 1985 e um dos raros estúdios cinematográficos de bitola 16 mm que funcionou no país.