Itabaiana recebe nona etapa do Encontro de Sanfoneiros e Tocadores de Oito Baixos
A cidade de Itabaiana (PB) recebeu na última sexta-feira (05), a nona etapa do Encontro de Sanfoneiros e Tocadores de Oito Baixos. Realizado pela Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), através da Pró-Reitoria de Cultura (Procult), o evento aconteceu na Casa Paroquial, com apoio da Prefeitura Municipal de Itabaiana.
O Encontro contou com a participação do prefeito, Lúcio Flávio, e do coordenador local, o secretário de Cultura Herivelt Félix. Da comitiva levada pela Procult figuravam o pró-reitor de Cultura, José Cristóvão de Andrade, o pró-reitor adjunto de Cultura, José Benjamim Pereira Filho, João Calixto e Marcelo Calixto, Fredi Guimarães e Canário do Império.
E, ainda, a cantora Gitana Pimentel, o assessor cultural e o promotor de eventos da Procult, Agnaldo Barbosa e Alberto Alves, respectivamente, os músicos e professores do Centro Artístico-Cultural (CAC) da UEPB, Erivan Ferreira, Erivelton da Cunha e João Batista, e Pedro Arthur, um dos participantes da etapa efetuada em São Vicente do Seridó. A assessora de imprensa Socorro Almeida também se fez presente ao evento.
O Encontro se deu com as boas vindas pela manhã e, no período da tarde, ocorreu a aula espetáculo, desta feita, efetuada por Erivelton da Cunha. Em seguida, os sanfoneiros inscritos se apresentaram com os participantes da Procult. A iniciativa foi encerrada no início da noite com uma grande exibição musical no coreto da Praça Manoel Joaquim de Araújo.
No discurso de abertura dos participantes do evento, houve um festejado uníssono: o multi-instrumentista Sivuca [1930-2006]. Nascido em Itabaiana, o artista ganhou o Brasil e o mundo a partir, principalmente, do seu talento com a sanfona. Outro dado interessante da nona etapa do Encontro se refere à presença marcante de duas mulheres, a sanfoneira Olga Soares da Silva, de 63 anos, e a ativista cultural Joana Alves, 68.
Olga ganhou a primeira sanfona aos 15 anos, dos pais. “Eles me incentivavam muito. Esse instrumento uso até hoje e nunca precisou ser afinado”, contou. A sanfoneira diz que até hoje lida com as consequências de viver em um ambiente tipicamente masculino. “Quando comecei, o preconceito era mais forte, mas ele ainda se mantém. A mulher que se inseria nesse contexto era vista como fácil, desavergonhada. Felizmente isso não me desmotivou e tive todo o estímulo de que precisava, em casa, com meu pai e minha mãe”, explanou.
Atualmente, Olga, que também ministra oficinas, continua estudando sanfona, em um curso de Extensão da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). “São 42 alunos, apenas duas mulheres na turma. Comecei a estudar o instrumento muito cedo, já fiz vários cursos, incluindo partitura, mas não pretendo parar, pois o conhecimento não se esgota”, explanou.
Já Joana Alves é coordenadora do projeto “Forró de Raiz”, esteve presente na etapa do Encontro em João Pessoa e participou do evento também em Itabaiana. A partir do projeto de Joana se desenvolveu um fórum que busca mapear a produção cultural do Forró no Estado, com vistas a torná-lo patrimônio cultural da Paraíba. “A ideia é não deixarmos morrer as matrizes tradicionais, a exemplo do xote, do baião, do rojão e do xaxado, promovendo a sustentabilidade e a preservação delas. As matrizes fazem parte do nosso cotidiano, são ritmos conterrâneos, e precisam ser conservadas. Temos inúmeros profissionais que detêm esses saberes tradicionais e vivem disso, mas em condições frágeis de trabalho e sem o devido reconhecimento”, enfatizou.
Fotos: José Maria e Natália Gonçalves