Pró-Reitoria de Cultura da UEPB apoia realização do 6º Seminário Agosto para a Igualdade Racial

27 de julho de 2017

Palestras, curso e apresentações culturais integram o evento. “As atividades buscam instaurar uma cultura de paz, de modo a alertar a sociedade para acabar com esse genocídio vergonhoso”, explicou o historiador e coordenador do evento, Jair Nguni. Para Jair, “não podemos conviver com uma sociedade em que a cada 23 minutos um jovem negro é brutalmente assassinado, sob os olhos de omissão dos governantes brasileiros”. Ele acrescentou que “é imperativo romper com o silêncio em torno da violência racial e do genocídio do povo negro, dizendo para o poder público, em todas as suas instâncias, da necessidade de sair da inércia e construir políticas públicas direcionadas à juventude negra”. É preciso mais oportunidade de emprego, educação de qualidade, acesso ao lazer, esporte, arte e cultura, para que possamos viver numa sociedade livre das desigualdades raciais”, enfatizou.
Pode-se destacar, na extensa programação do Seminário, as palestras “Campina Grande: vigésimo sexto município onde se mata mais jovens negros no Brasil”, por Williams Lima Cabral, historiador, capoeirista da Escola de Capoeira Afro Nagô, percussionista do Grupo Maracagrande e fundador da Biblioteca Municipal do Tambor; “A relevância das cotas raciais como ferramenta de transformação social da realidade da população negra”, por Gracielle da Costa Silva, mestra em Antropologia Política (Universidade Federal de Pernambuco – UFPE) e graduada em Ciências Sociais (UFCG); “Racismo e Intolerância Religiosa no Brasil”, por José Luciano de Queiroz Aires, doutor em História (UFPE) e professor da UFCG. O pró-reitor de Cultura da UEPB, que é mestre em Sociologia, José Cristóvão de Andrade, também participará do evento, com a palestra “Empoderando a juventude negra através da Arte e da Cultura”.
O Seminário Agosto Para a Igualdade Racial foi criado pelo Movimento Negro de Campina Grande, no ano de 2012, para lutar contra o genocídio da juventude negra e pela efetivação da Lei 10.639\03, que torna obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileira e africana em todas as escolas, públicas e particulares, do ensino fundamental até o ensino médio. Este ano, os parceiros do evento são a UEPB, a UFCG, a Palmares Fundação Cultural, o Projeto Social Crianças do Gueto – Professor Assis Capoeira, a Associação Cultural de Capoeira Badauê – Mestre Sabiá, o Sindecpetro/Força Sindical, a Adufcg, o Sintenp, a Aduepb, o Colégio Autêntico, o Colégio Alice Coutinho e o Petrônio Colégio e Curso.
Agosto Negro na UFCG
Um dos pontos altos do Seminário será a presença da assistente social, feminista e doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Estudos Interdisciplinares Sobre Mulheres, Gênero e Feminismo da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Carla Akotirene Santos. A pesquisadora proferirá palestra no dia 16 de agosto, no auditório do Centro de Extensão José Farias Nóbrega da UFCG, a partir das 19h. A atividade terá como cerne o racismo institucional e genocídio da juventude negra. Além da palestra, haverá o curso “História da Ciência, Tecnologia e Inovação Africana e Afrodescendente”, que será ministrado pelo escritor e mestre em História Social pela Universidade de São Paulo (USP), Carlos Eduardo Dias Machado.
As atividades desse curso ocorrerão no auditório do Centro de Humanidades da UFCG, entre os dias 17, 18 e 19 de agosto, com carga horária de 9h. As inscrições estão abertas e podem ser feitas presencialmente na Secretaria da Unidade Acadêmica de História da UFCG, nos turnos da manhã e tarde. “Serão sorteados 40 livros no curso, sobre a história do povo negro em Campina e a literatura afro-brasileira, com o objetivo de incentivar os integrantes a aprenderem mais sobre estes temas”, contou Jair.
Conforme ressaltou Jair, a entrega do certificado será feita mediante a doação de 2kg de alimentos não perecíveis, para o Seminário, que servirá para ajudar a Comunidade Quilombola Matias, do município de Serra Redonda (PB). Ele acrescentou que a campanha de doação também percorrerá todas as instituições envolvidas no evento.
Pela liberdade de Rafael Braga Vieira
O Centro Artístico Cultural da UEPB receberá a culminância do Seminário, no dia 19 de agosto, a partir das 18h30, com um sarau em que participarão a Banda Luz Negra, o cantor Dido Voxon, os poetas Carlos Almeida e Chicão de Bodocongó, o cantor Jataí e grupos convidados do CAC. Durante o evento, será entregue um manifesto escrito por Jair Nguni e o pró-reitor de Cultura. Entre os temas abordados no texto, estará a prisão de Rafael Braga Vieira.
“Para nós, que lutamos pelo direito à vida para os jovens pretos, torna-se um debate crucial e mais do que oportuno. Assim sendo, conclamamos as universidades, movimentos sociais, militantes dos direitos humanos, entidades do movimento negro e educadores antirracistas para que gritem e protestem contra essa prisão imoral e injusta de Rafael Braga Vieira, único brasileiro que foi preso no contexto das manifestações de junho de 2013, simplesmente por portar produtos de limpeza, como pinho sol e água sanitária”, explicou Jair.
Ele acrescentou que para o Movimento Negro Brasileiro, doravante, será uma obrigação política e dever ético lutar de forma permanente para tirar esse jovem da prisão, “visto que Rafael Braga Vieira deve ser encarado pela sociedade como um preso político, vítima de uma sociedade violentamente racista e desse Estado genocida que vem historicamente oprimindo, matando, perseguindo e encarcerando a juventude”.
Sobre o caso, a assistente de pesquisa da Anistia Internacional Brasil, Lígia Batista, aponta que “o rapaz jovem, negro, de família pobre, catador de latinhas, que sequer participava daquele protesto, foi preso por portar duas pequenas garrafas de produtos de limpeza, considerados como potenciais aparatos explosivos pela polícia, pelo Ministério Público e pela Justiça. Mesmo com a existência de um laudo pericial que atestou a impossibilidade daqueles produtos serem utilizados como bombas, o sistema de justiça criminal preferiu seguir pelo já conhecido caminho da seletividade penal, da criminalização da pobreza e do racismo.”
A programação completa pode ser acessada clicando AQUI. Outras informações podem ser adquiridas pelos telefones (83) 98762-8177 e 98756-5065.