Reunindo um grupo de 16 fotografias capturadas com um smartphone, Hipólito dialoga com paisagens de cidades da Itália, além de retratar o Museu Digital de Campina Grande, interferindo nas imagens propositalmente para criar uma nova perspectiva a partir do registro delas. O que antes era uma fotografia comum de uma paisagem, transforma-se em uma registro que agora se diz transgênico, fundindo uma ideia que gravita entre sonhos utópicos e pesadelos cósmicos.
“Fui desenvolvendo esse conceito ‘transgênico’ a partir de minhas reflexões de como seria interessante modificar propositalmente determinados espaços. Fui experimentando filtros digitais que acabaram me levando a uma transformação como se as fotos fossem deixando de ser o que são e se remetessem às telas de pinturas. É como se o processo de evolução do registro das paisagens tivesse sofrendo uma transformação inversa, onde as luzes e os detalhes das cores agora funcionassem como pinceladas de tintas nas fotos digitais”, explicou Hipólito.
As fotos expostas retratam cidades italianas como Siena, Florença, Lecce, Pecara e Roma, e foram tiradas no ano de 2015 durante uma viagem à Europa. Lá, o jornalista e professor decidiu ressignificar as imagens que retratam prédios monumentais do Renascimento Cultural, um dos mais importantes movimentos da história. “Os visitantes serão provocadas por uma nova reflexão em torno da fotografia, explorando os fenômenos astrológicos e cósmicos, como por exemplo a Aurora Boreal, que ganham forma e cores em um campo abstrato imaginário. As cores embelezam as fotos e as transformam em obras de arte”, acrescentou o autor.
O músico Jorge Ribas foi um dos visitantes que compareceram à abertura da exposição e se disse surpreso com o resultado do trabalho. A proposta de modificação das fotos, segundo ele, provoca uma reflexão sobre a possibilidade de se reconstruir imagens com conceitos diferentes, mas sem perder a beleza do espaço. “Foi surpreendente ver essas fotografias pela possibilidade de você entender o espaço onde ela foi tirada, mas, ao mesmo tempo, desconstruir a ideia estática do enquadramento da foto”, disse. Já o professor e jornalista Luís Adriano Costa valorizou o ineditismo da proposta, destacando a ousadia do autor em buscar novos conceitos dentro da arte de fotografar. “O pioneirismo desta proposta reforça a qualidade técnica do trabalho por nos mostrar uma nova possibilidade de enxergar os lugares”, afirmou.
A exposição “Fotografia Transgênica – Série Azul” fica aberta ao público até o próximo dia 31 de março, e pode ser visitada durante os turnos da manhã, tarde e noite.
Exposição de jornalista da Universidade Estadual da Paraíba apresenta novo conceito de abordagem fotográfica
Texto e fotos: Givaldo Cavalcanti