Procult da UEPB apoia “Arraiá das Carolinas” que será realizado neste sábado (22) no Centro Artístico Cultural
Já imaginou sair na rua e as pessoas te destratarem e te humilharem somente pela roupa que você usa ou pelo modo como você se expressa? Pois bem, não é fácil ser transgênero e, no Brasil, as estatísticas apontam que a situação é ainda pior: há 10 anos o país lidera os rankings de violência contra trans, segundo levantamento da ONG Transgender Europe (TGEU). Para se ter uma ideia, a expectativa de vida deles por aqui é de 35 anos, menos da metade da média nacional, 75. Por solidariedade à causa e desejo de contribuir para a inclusão, a Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), através da Pró-Reitoria de Cultura (Procult), está apoiando o “Arraiá das Carolinas”, evento que ocorrerá neste sábado (22), a partir das 10h, no Centro Artístico Cultural (CAC) da Instituição, em Campina Grande.
Quem é trans também necessita encarar mais obstáculos no que trata do acesso educacional, além de um mercado de trabalho com quase que total indisponibilidade de vagas. Assim, o “Arraiá das Carolinas” tem esse veio de estimular o empreendedorismo de mulheres cis e trans em feiras multiculturais, bem como incentivar a inserção geral de mulheres trans e travestis, criando, ainda, redes de ajuda mútua.
Na programação da atividade constam comidas típicas, artesanato, brechós, trios de forró e performances juninas. O Grupo de Xaxado Cabroar e a eleita Rainha Junina, a drag queen Alexia, igualmente integrarão o Arraiá. Dentre os expositores figuram Jefferson Thomaz – Moda e Corpo, Las Delícias, Acraft, Mila Modas, Fabiana Miná Artesanato, Super Bazar São Carlos, Par de Jarro – Comidas e Bebidas, Fada da Montanha, Balaio das Artes, Lucas Breezer – Pintura à Mão, Espetinho da Cremosa, Bella Arte, Etno, Biohazard Tatoo, Recriartes Ateliê, Edilza Laços Personalizados, Delícias da Bru Bru e Terapias de Reiki Margarida Guida Paiva.
A iniciativa é realizada por uma trans, a coordenadora da Representação da Aliança Nacional LGBTI+, em Campina, Carolina Almeida. Militante e ativista na área desde 2012, ela articulou a primeira marcha LGBT da cidade, naquele ano. Em 2013, efetivou a Parada da Diversidade Humana LGBT. Foi participante, além disso, do Comitê da Saúde Integral para essa população e membro da Comissão da Diversidade Sexual e Gênero, no município. Também foi a primeira mulher trans da cidade a obter a retificação do prenome e gênero. Outras informações acerca do evento podem ser adquiridas por meio do telefone (83) 99972-9964.
Saiba mais sobre gênero, identidade e orientação
A ideia de que o gênero é uma construção social e cultural ligada às características do órgão sexual biológico de uma pessoa (aquele que recebeu ao nascer), não é nova, mas ganhou força nos últimos anos, com a ascensão do pensamento da filósofa estadunidense Judith Butler. A identidade de gênero, seria, então, o gênero com o qual a pessoa se identifica, ou seja, não está relacionado ao outro, mas a como o indivíduo se reconhece – e isso independente do órgão sexual biológico.
O transexual/transgênero é aquele que não se identifica com o gênero que lhe foi atribuído quando de seu nascimento. Mulheres trans são aquelas que foram designadas como homens, mas se veem como mulheres. Já homens trans foram determinados mulheres ao nascer, mas se reconhecem como homens. O cisgênero, por sua vez, identifica-se com o gênero que lhe foi atribuído ao nascer. Por exemplo, uma mulher cis é aquela pessoa designada mulher e que se reconhece como uma. Já a orientação sexual diz respeito ao sexo pelo qual a pessoa sente atração, estando diretamente vinculada à preferência em relação ao outro.