Museu de Arte Popular da Paraíba sedia lançamento de livros sobre obra de Jackson do Pandeiro

5 de julho de 2019

Dando prosseguimento às comemorações pelo centenário de Jackson do Pandeiro, o Museu de Arte Popular da Paraíba (MAPP) da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), em Campina Grande, lançará dois livros abordando a obra do artista. Trata-se de “O Marco do Rei do Ritmo – Um Musical em Cordel”, de autoria de Astier Basílio e “Jackson do Pandeiro na Literatura de Cordel”, escrito por Kydelmir Dantas. O evento acontece na sexta-feira (5), às 17h, com entrada franca.

“O Marco do Rei do Ritmo – Um Musical em Cordel” sai pela editora Mondrongo, sendo o escopo de um empreendimento mais amplo, o Projeto Jackson do Pandeiro, idealizado pela Affins Produções, cujo objetivo é celebrar a memória do mestre, destacando as diferentes facetas da sua produção, em vários segmentos da Arte. A capa é do cartunista Fred Ozanan, o prefácio do escritor Bráulio Tavares e a contracapa do romancista W. J. Solha. “Em 2019, além de termos os 100 anos deste ícone, também festejamos a primeira década do Festival Internacional de Música de Campina Grande (FIMUS). Por isso, já vínhamos, há alguns meses, discutindo o que fazer para louvar as duas datas, o que poderíamos apresentar neste tempo tão singular”, explicaram Carlos Alan Peres, oriundo da Afins Produções, e Vladimir Silva, diretor artístico do Festival, que assinam a apresentação do livro.
“Astier embarcou conosco nesta iniciativa abraçando a ideia desde o princípio. Por conta de sua intimidade com a tradição oral, propomos que a história fosse contada em versos, em cordel. Ele topou o desafio e assim procedeu. Nesta aventura literária e musical, ele, com propriedade, emprega diferentes formas poéticas, incluindo a sextilha, a gemedeira, o martelo agalopado, o gabinete, o moirão trocado, entre outros, para narrar aspectos relevantes da vida de Jackson. Nesta trama, na qual realidade e ficção, fatos sérios e pitorescos se misturam, passeiam muitos personagens, a exemplo de Carlos Gardel, Luiz Gonzaga e Almira Castilho”, assinalaram.

“Jackson do Pandeiro na Literatura de Cordel”, proveniente da Coleção Mossoroense, é um trabalho sintetizado, conforme ressaltou Kydelmir. “O ritmista é ‘meio esquecido’ em seu estado natal, no que se relaciona aos cordéis. Não consta nenhum publicado sobre e com ele, em vida. Apenas a partir de 1983 é que surgiram alguns poucos folhetos biográficos acerca do Rei do Ritmo. Sobretudo neste ano do centenário, os poetas começaram a escrever cordéis expondo seu legado”, disse.
O autor apontou que o livro efetua um recorte histórico, compreendendo janeiro de 1983 a janeiro de 2019, trazendo as biografias e a presença de Jackson na Literatura de Cordel – sobremodo importante para as antigas gerações e instigante para as novas, sendo na atualidade, inclusive, objeto de Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC’s), dissertações e teses na academia. “É a vida dele na visão de cada poeta. Foram catalogados mais de 30 folhetos, tanto aqueles que trazem Jackson na capa, como os em que ele está incluso. Por isso, temos dois capítulos denominados Jackson na Literatura de Cordel e Jackson em Outros Cordéis”, explanou. Kydelmir lembrou que, em 1998, escreveu “Os Três Pilares da Música Popular Nordestina”, abrangendo nomes célebres: Jackson, Luiz Gonzaga e João do Vale. “Essa foi a primeira biografia dele que saiu no país. É uma pesquisa que gosto bastante de fazer, é encantadora. O personagem é apaixonante. Muito da musicografia dele, por exemplo, apenas quem pesquisa conhece. Fiz várias viagens nesse sentido, adquiri livros”, contou.
Mais sobre Astier Basílio e Kydelmir Dantas
Atualmente morando na Rússia, onde faz mestrado, Astier Basílio é poeta, jornalista, dramaturgo, cordelista e ficcionista. Pernambucano radicado na Paraíba, é formado em Comunicação Social pela UEPB. Foi repórter e subeditor do caderno de Cultura do Jornal A União, onde editou o suplemento cultural Correio das Artes; repórter, crítico literário e teatral do Caderno de Cultura do Jornal da Paraíba, além de colunista do Caderno de Esportes e editor do Augusto; repórter, subeditor de cultura e política do jornal Correio da Paraíba. Dentre os destaques da sua carreira figuram o texto “Ariano”, montado em 2007, pela Epigenia de Teatro (RJ) e uma premiação, pela Funarte, com a peça “Maquinista”, em 2014. Tem dezenas de livros publicados, a exemplo de Alpharrábio (1998), “Funerais da Fala” (2000), “Eu Sou Mais Veneno que Paisagem” (2008) e “Servir a Quem Vence” (2015). “O Marco do Rei do Ritmo – Um Musical em Cordel” é sua primeira criação no âmbito dos musicais.
​Kydelmir Dantas é professor, agrônomo, pesquisador, escritor e poeta de Nova Floresta (PB). Estudou graduação superior em Agronomia, na Universidade Federal da Paraíba (UFPB), em Areia. De 1995 a 1997 foi professor no Colégio Agrícola Vidal de Negreiros (CAVN), em Bananeiras, cedido a esta instituição pela Secretaria de Agricultura do Estado da Paraíba, como agrônomo. Funcionário da Petróleo Brasileiro SA, trabalhou em Mossoró (RN), nas gerências de Liberação de Terras, Meio Ambiente, onde desenvolveu trabalhos, por mais de 10 anos, em recuperação de áreas degradadas.
É sócio de diversas entidades culturais, a exemplo da Fundação Vingt-un Rosado, da qual é membro da diretoria, Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço (SBEC), Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte (IHGRN), Poetas e Prosadores de Mossoró (POEMA), União Nacional de Estudos Históricos e Sociais (UNEHS) e Academia Mossoroense de Literatura de Cordel (AMLC). É grande conhecedor do cangaço nordestino e também especialista em assuntos gonzagueanos. De sua autoria, inúmeros trabalhos literários, vários deles com o selo da Coleção Mossoroense, como “Filarmônica José Batista Dantas – 30 Anos de Glória” (1995); “Cangaceiro Atrapaiado” (1995); “Mossoró e o Cangaço” (1997); “Severino Ferreira – O Assum Preto da Viola” (1997); “As Vaquinhas do Doutor” (1997) e “Síntese Cronológica do Cangaço (1997)”.