Na última terça-feira (18), a Pró-Reitoria de Cultura (Procult) da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) participou de um evento alusivo ao aniversário de 45 anos do Festival de Inverno de Campina Grande. Realizada na Casa Memorial Severino Cabral, a atividade contou com a presença de diversos artistas da cidade, além de demais interessados no segmento da arte na Rainha da Borborema.
Na oportunidade, foi aberta uma exposição abrangendo uma série de registros históricos do festival, a exemplo de documentos, cartazes, jornais, fotografias e camisetas. O material compõe uma linha do tempo, cheia de cores e recordações daqueles que acreditaram na iniciativa e colocaram um pouco de seu talento na execução da ideia, resultado da imaginação e do labor de Eneida Agra Maracajá.
Na ocasião estavam a idealizadora Eneida Maracajá; o pró-reitor de Cultura da UEPB, José Cristóvão de Andrade; o professor do Curso de Teatro Adulto do Centro Artístico Cultural (CAC) da Instituição, Chico Oliveira; o curador da Sala de Música do Museu de Arte Popular da Paraíba (MAPP-UEPB), Sandrinho Dupan; o coreógrafo Mauro Araújo; a advogada do Instituto Solidarium, Celeide Farias; Romero Azevedo e Myrna Agra Maracajá, respectivamente, coordenadores da Mostra de Cinema e da Mostra de Dança do Festival; a presidente do Rotary Club de Campina Grande, Graça Vieira; entre outros.
O pró-reitor de Cultura da UEPB destacou que o festival sempre teve a marca da excelência e da organização, envaidecendo toda a população da cidade pelo esmero em cada detalhe e o respeito com que trata a arte e os artistas. “O festival é patrimônio de Campina, tem raízes em nós e reverberou em muita gente, trouxe um enorme aprendizado, pois nesses 45 anos espalhou conhecimento para um número incalculável de pessoas. Com seu amor pela arte e a criação do festival, Eneida contagiou todas as plateias”, disse Andrade.
Conforme Eneida, ano a ano, o festival celebrou e apostou no poder das artes, reafirmando e fortalecendo o compromisso que possui com a cultura e a cidadania. “Porém, não é apenas um evento que tem um período certo para acontecer, ele preenche completamente o calendário, pois é acompanhado de vários outros projetos permanentes. Atualmente, embora envolto em tantos desgastes, o festival se mantém de pé. Nunca esqueci do que diz o poeta João Cabral de Melo Neto. Na última cena de ‘Morte e Vida Severina’, ele declara que não existe maior espetáculo do que o espetáculo da vida, mesmo que seja uma vida severina, ou seja, marcada pelas adversidades”, relatou.
Para Chico Oliveira, o Festival de Inverno foi um divisor de águas, afluindo para Campina não só a informação, mas a formação necessária a um artista. “O evento passou a ser uma ponte, trazendo para o município o que se faz de melhor em se tratando de Arte e Cultura no País e, inclusive, internacionalmente. Hoje, há a internet, possibilitando a pesquisa de qualquer tema, mas quando tudo começou não tinha como. Além disso, a minha formação no teatro começa com o Festival de Inverno e as oficinas que ele oferecia, em todos os gêneros. Agora, com 45 anos, o Festival passa por sua maturidade, atravessando uma existência inteira de Eneida Agra Maracajá. Afinal são quase cinco décadas da vida dela dedicadas a ele, sendo que Eneida começou bem antes a atuar como promotora da cultura”, asseverou.
2020 sem festival
Feito ininterruptamente por 45 anos, em 2020 o Festival não acontecerá e esse foi o assunto mais debatido no Memorial Severino Cabral. Malgrado à pandemia, a Comissão Organizadora do evento aponta que ele seria elaborado de modo virtual, caso dispusesse de condições financeiras para tal. Com vistas a mediar alternativas que possam resolver esta problemática e a edição dos 45 anos ocorra, de maneira remota, a Procult, junto a diversas entidades representativas locais, solicitou à PMCG, neste mês, uma audiência em comissão.
A parceria entre a Pró-Reitoria de Cultura da UEPB e o Instituto Solidarium, uma Organização Não Governamental (ONG) presidida por Eneida Agra Maracajá e que congrega vários projetos, tem se intensificado nos últimos anos. Eventos efetivados pela Procult, como o Bloco da Cinquentinha e o São João da Resistência, contam com o apoio irrestrito do Instituto. Por outro lado, iniciativas provindas do Instituto, a exemplo do Tamanquinho das Artes, que auxilia crianças em contexto de vulnerabilidade social, e o São João do Carneirinho, que eleva as autênticas festividades juninas, assim como o já tradicional Bloco da Saudade e o Festival de Inverno, têm a assistência e a adesão da Procult.
Texto: Oziella Inocêncio
Foto: Divulgação