No próximo domingo (22), a partir das 9h30, o Museu de Arte Popular da Paraíba (MAPP) da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), em Campina Grande, receberá o lançamento do CD “Sotaque Brejeiro”, do músico e professor do Centro Artístico Cultural (CAC) da Instituição, Luizinho Calixto. O evento tem entrada franca e acontece na parte inferior do MAPP, cumprindo as normas de distanciamento em decorrência da Covid-19.
O compacto conta 13 faixas: Até que enfim (Geovânio Zu), Dedo de Mola (Luizinho Calixto), Quebra Queixo (Luizinho Calixto), Enfeite de Saudade (Rangel Jr/Efigênio Moura), No tempo do meu avô (motivo popular, com adaptação de Luizinho Calixto), Sob Nova Direção (Ton Oliveira), Sotaque Brejeiro (Luizinho Calixto), Forró para Enok Marques (Luizinho Calixto), Não vou rotular (Thiago Calixto), Chorando Contigo (Luizinho Calixto/Severino Medeiros), Um Tom para Rangel (Luizinho Calixto), Sem Compromisso (Luizinho Calixto) e Trocando as Bolas (Luizinho Calixto).
A direção artística é de Luizinho Calixto e a mixagem e masterização de Adelson Viana, sendo que o CD foi gravado na Vila Estúdio Sonoro, com os técnicos Adelson e Lauro Viana. Na gravação, sanfona de oito baixos, acordeom, zabumba, triângulo, pandeiro, agogô e reco-reco couberam a Luizinho Calixto, o violão de sete cordas a Márcio Ramalho e o cavaquinho a Gugu. Houve, ainda, participações especiais de Geovânio Zu e Thiago Calixto, compositor, filho de Luizinho e um de seus maiores incentivadores.
O trabalho teve o apoio cultural de Renato Moreira, Flávio Roberto e Dinart Freire. A respeito das parcerias do CD, Luizinho é enfático: gosta de chamar para junto dele as pessoas que têm talento. “Você não sabe, mas aí de repente ali pode haver um Dominguinhos, um Jackson”, assinalou.
O CD foi feito de modo independente e reúne vários ritmos, a exemplo de xote, forró e choro. O artista explicou que embora hoje a gravação de compactos seja cada vez mais rara, considera importante ter um registro material da obra. Além disso, colecionadores e pessoas que acompanham a sua trajetória profissional, há tempos solicitavam algo semelhante, tanto que já foram realizadas inúmeras encomendas do CD para Aracaju (SE), Fortaleza (CE) e Salvador (BA).
O compacto será lançado durante a “Roda de Choro”, evento idealizado pelo artista, que teve duas edições no mês de outubro, naquela área do MAPP. A intenção, conforme Luizinho, é que a iniciativa alcance periodicidade, ocorrendo aos domingos, às 9h30. “Com a pandemia, muitos músicos ficaram parados, sem o exercício da profissão, então foi a maneira que encontramos para ajudar nesse contexto. Não é só para quem gosta de choro, até porque temos forró, coco, samba… É para quem canta também, para tudo ligado à música. Queremos alegrar nossa manhã e divertir o público”, disse. Dentre os artistas que já passaram por lá figuram Jucy Ventura, Filipe Santos, Breno Tavares, Sandrinho Dupan e João Calixto.
Mais sobre Luizinho Calixto
Luiz Gonzaga Tavares Calisto, artisticamente conhecido como Luizinho Calixto, nasceu em Campina, em 21 de junho de 1956. É a “raspa do tacho” de uma família de 10 filhos, da união de Maria Tavares Calixto e João de Deus Calixto, o “Seu Dideus” (1913-1989). O pai de Luizinho foi um instrumentista paraibano renomado, tocador da sanfona de oito baixos. Já os irmãos mais velhos formam uma linhagem de grandes músicos (Zé Calixto, Bastinho Calixto e João Calixto).
Desde menino, Luizinho conviveu com ícones da historiografia musical brasileira. Muitos eram amigos de sua família, a exemplo de Jackson do Pandeiro, com quem, certa feita, Luizinho dividiu o palco, e Luiz Gonzaga, que lhe presenteou com uma sanfona. O primeiro álbum veio em 1975, intitulado “Vamos dançar forró”, com o qual percorreu o Brasil em turnê.
O artista vive há pelo menos 40 anos da profissão de tocador de oito baixos. Tem 12 discos gravados entre vinis e CDs. Mostrou sua arte a milhares, em países como Portugal, Espanha, França, Itália, Alemanha, Suíça, Argentina e Angola. Luizinho também foi o criador do Encontro de Sanfoneiros e Tocadores de Fole de Oito Baixos da UEPB. Teve participação, como instrumentista, em gravações de artistas aclamados: Sivuca, Dominguinhos, Chico César, Evaldo Gouveia, Fagner. Soma-se, ao seu currículo, parcerias com Elino Julião, Genival Lacerda, Messias Holanda, Alcymar Monteiro e Beto Barbosa; integrou, igualmente, shows de Belchior, Marinês e Nara Leão.
É professor do Centro Artístico da UEPB desde 2013. Recentemente, a Assembleia Legislativa da Paraíba (ALPB) incluiu o nome de Luizinho no registro de Mestre das Artes – Canhoto da Paraíba – Rema/PB. O Rema visa reconhecer, proteger e valorizar os conhecimentos, fazeres e expressões das culturas tradicionais do Estado. Para isso, Luizinho dispôs da assessoria da professora Joseilda Diniz, uma das curadoras da Sala de Cordel do MAPP, que o auxiliou na elaboração de seu dossiê artístico e vem desempenhando esse papel dentro de suas atribuições na Pró-Reitoria de Cultura (Procult) da UEPB.
Foto: Arquivo Procult