Curadora do Museu de Arte Popular da Paraíba toma posse na Academia Brasileira de Cordel

6 de agosto de 2021

No último dia 24 de julho, a curadora de Cordel do Museu de Arte Popular da Paraíba (MAPP) da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), professora Joseilda Diniz, tomou posse na Academia Brasileira de Literatura de Cordel (ABLC). A plenária se deu de forma online em decorrência da Covid-19.
Presentes à oportunidade estavam a presidenta da Academia, Paola Tôrres; o poeta e pró-reitor adjunto de Gestão de Pessoas da UEPB, Josenildo Lima (Jota Lima); o poeta e também curador de Cordel do MAPP, Alfrânio de Brito; as poetisas Anne Karolynne e Aparecida Pinto, representando o Grupo Vozes de Mulheres, integrado por Joseilda; familiares e amigos da pesquisadora, além de representantes da Academia de Cordel do Vale do Paraíba (ACVPB), entidade da qual ela faz parte, igualmente.
O currículo da professora Joseilda foi apresentado à Academia pelo pesquisador e escritor Wilson Seraine, e unanimemente aceito pela plenária. A indicação da docente foi submetida à ABLC um mês antes da posse, por Paola Tôrres.
Em seu discurso, a docente ressaltou sua gratidão por ingressar na Academia. “A minha vinda para a ABLC é um presente, uma oferta da vida para ressignificar o momento atual, o passado e o futuro, reaprendendo a caminhar na missão que abracei, de pesquisar, salvaguardar, preservar e fortalecer o saber-fazer dos nossos mestres.  Sinto que há, nessa missão, um novo compasso para novas realizações, projetos e profícuos diálogos, interações e intercambiamento de experiências”, disse.
Membro igualmente do Grupo de Estudos Paulo Freire (Gespauf) da UEPB, Joseilda apontou o “esperançar” freiriano como eixo a nortear sua trajetória na Academia. “Fazer parte dessa casa é sentir que dias melhores existem, apesar de tantas incertezas. Sim, esse tempo dos abraços, dos encontros e reencontros, esse tempo de ouvir e dizer, o tempo de construir sonhos, o tempo das possibilidades, da superação dos desafios e da certeza de aprendizados e grandes contribuições e parcerias, que esperanço efetuar junto à ABLC”, enfatizou.
Ela dedicou o discurso de posse àqueles que lhe inspiram e lhe inspiraram: pais, avós, irmãs e irmão, além do filho, João Pedro. Notadamente à sua avó, Maria da Conceição de Sousa, a professora agradeceu por havê-la iniciado – como leitora ouvinte – no universo do Cordel. “Através de sua voz melodiosa, seu ritmo fascinante animado em versos de cordel e cantoria de viola, aprendi muito sobre as nossas tradições e o respeito que devemos ter por nossas raízes, pelo lugar de onde viemos. Vó, você me deu as primeiras lições de vida e animou a minha alma de poesia e de canção. Através de suas histórias contadas e aprendidas de boca a ouvido, você fez-me sentir pertencente a um mundo diferente, fascinante e de reinvenções”, afirmou.
Aos mestres e pesquisadores
Uma boa parte da fala de Joseilda também foi dedicada aos mestres e pesquisadores da área de cordel, pessoas com quem ela conviveu e aprendeu, ao longo dessas últimas décadas: José Alves Sobrinho, Maria de Lourdes Nunes Ramalho, Manoel Monteiro, Paulo Nunes Batista, José Laurentino, Toinho da Mulatinha, Gilmar de Carvalho, Neuma Fechine Borges, Joseph Luyten, Ria Lemaire, Jô Oliveira, Alfrânio de Brito, Chico D’Assis, Marconi Araújo e os poetas da ACVPB.
Joseilda agradeceu, ainda, aos seus professores, orientadores e pesquisadores, bem como aos amigos e colegas de trabalho da Procult, do MAPP, do Gespauf e da Biblioteca de Obras Raras Átila de Almeida, da UEPB.
 
Mais sobre Joseilda Diniz
Joseilda Diniz é doutora e mestre em Estudos Românicos, por meio da Universidade de Poitiers, na França. Fez graduação em Letras pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Tem experiência na área de Letras, com ênfase em Língua Portuguesa e Literatura Brasileira, Língua e Literatura francesas.
Cooperou em diversos acordos bilaterais entre universidades franco-fônicas e luso-afro-brasileiras, consolidando as cooperações existentes e promovendo novos diálogos e intercâmbios acadêmico-científicos e culturais.
Fez parte do grupo de pesquisa sobre “Estudos comparados da memória das tradições orais e de sua relação com o escrito”, sob a direção da professora Ria Lemaire da Universidade de Poitiers, do Acervo Raymond Cantel. É, igualmente, membro estrangeiro associado ao CRLA/ARCHIVOS/FONDS Raimundo Cantel da Universidade de Poitiers.
Entre os anos 2011 e 2014 desenvolveu projetos de pesquisa, salvaguarda de acervos raros e constituição de acervos para a Biblioteca de Obras Raras Átila Almeida, enquanto professora visitante, na área de Literatura de Cordel, junto à pós-graduação, orientando projetos ligados à cultura. Também realizou pesquisas voltadas a diversos projetos museais, naquela Biblioteca, para serem executados no MAPP.
De 2015 aos dias atuais, é consultora de cultura na Pró-Reitoria de Cultura da UEPB, sendo desde a inauguração do MAPP (2012 e 2014), até o presente, a curadora corresponsável pelas pesquisas e museologia do espaço dedicado à cantoria, cordel, xilogravura, dentre outras poéticas orais. Desde 2017, por meio da Procult, atua efetivando projetos diversos para a obtenção de fomento de órgãos públicos e/ou da iniciativa privada, no que se refere à editais de incentivo à cultura para artistas populares e a Universidade.
 
Texto: Oziella Inocêncio