Centro Artístico Cultural da UEPB receberá espetáculo “Caravanas” da Cia Bodopitá de Teatro

Centro Artístico Cultural da UEPB receberá espetáculo “Caravanas” da Cia Bodopitá de Teatro
14 de setembro de 2022

É melhor decidir juntos ou esperar que alguém decida por todos? O mote, sobremodo oportuno, tendo em vista a proximidade das eleições, poderia muito bem servir a um debate envolvendo a frágil democracia brasileira, mas é basicamente a deixa do espetáculo “Caravanas”, da Cia Bodopitá de Teatro. A peça será montada neste sábado (17), às 19h, no Centro Artístico Cultural (CAC), da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), em Campina Grande e conta com o apoio da Pró-Reitoria de Cultura (PROCULT) da Instituição.

“Caravanas” é o sexto trabalho da Cia Bodopitá, utilizando a peça “A Caravana da Ilusão”, do dramaturgo mineiro Alcione Araújo (1945-2012), como fonte de inspiração e ponto de partida. Permeado pela metalinguagem, o espetáculo traz como premissa a convivência de um grupo de teatro, partilhando uma sala de ensaio.

É o tom onírico e surrealista da narrativa de Alcione Araújo, escrita nos anos 1980, que dá o tom da trama. Nela, o texto dele é deslocado do seu aspecto teatral e aproximado dos atores, de modo também a fazer a plateia pensar a respeito de outros coletivos ou caravanas que resistem e atravessam o tempo, entrecortando na cena os anseios dos artistas e realçando os vários dilemas presentes no mundo contemporâneo.

O recorte temporal da peça é um período de pandemia. E, conforme aponta a sinopse, na sala de ensaio os atores estão tentando conversar sobre o que montar como espetáculo. A situação dá margem para todo tipo de ensejo, inclusive para que irrompam reflexões acerca da carreira artística de cada um deles, mas não apenas isso: tal condição instaura debates sociais e pessoais referentes ao lugar do artista de teatro no mundo, no país, na cidade.

Nesse sentido, à medida que desnuda a relação entre as várias pessoas que compõem um grupo teatral, o espetáculo torna possível a diluição entre os papéis de artista e espectador, realidade e ficção, ator e personagem, texto e depoimentos, cena e plateia. Com isso, a ideia é principalmente expor quão difícil (e quase heroico) é o fazer teatral, sobretudo no Brasil, onde cada vez mais escasseiam as políticas culturais, no qual frequentemente teatros são fechados e esquecidos, além de levantar outros questionamentos, a exemplo da valorização da arte e do artista como profissão; das adversidades relativas aos trabalhos feitos de forma independente; da contribuição do teatro para a sociedade e o quanto se faz essencial a existência de caravanas semelhantes, coletivos, companhias.

A temporada da peça compreende ainda os dias 18, 24 e 25 de setembro (sendo aos sábados às 19h, e aos domingos às 18h). Os ingressos são limitados e vendidos apenas pelo Sympla, clicando aqui.

Em “Caravanas”, a direção e dramaturgia é de André Sátiro e o elenco, bem como a colaboração dramatúrgica, são compostos por Anderson de Sá, Chico Oliveira, Elio Penteado, Emilia France, Joana Marques e Oscar Borges. A confecção de cenografia é de Haroldo Vidal e o figurino de Jefferson de Souza, com fotografia de Danilo Guimarães. A identidade visual ficou a cargo de André Sátiro, sendo a produção e realização da Cia Bodopitá de Teatro.

Mais sobre a Cia Bodopitá de Teatro

A Cia Bodopitá foi fundada em 2004, com o nome Cia. do Rosário, através de dois artistas, Chico Oliveira e Andrea Macera. Desse encontro, resultou o primeiro espetáculo da Companhia, chamado “Incelença”. Em 2021, o grupo passou por uma reestruturação, decidiu mudar sua identidade e esse processo fez com que se tornasse a Cia Bodopitá.

Atualmente, com sede em Campina Grande, a Cia desenvolve sua pesquisa dentro de três núcleos de atuação: o teatro, o teatro playback e a palhaçaria. Tem em seu repertório cênico, espetáculos como “Concerto Sem Conserto” e “O Príncipe Feliz”, entre outros, além de parcerias com o Grupo Renascer, na peça “A Última Estação”, e “Ah-Mar”, com o Pinel – Núcleo de Pesquisa e Experimentação Teatral.

 

Texto: Oziella Inocêncio

Fotos: Danilo Guimarães