Pró-Reitor de Cultura e curadora do Museu de Arte Popular tomam posse na Academia de Cordel
No último mês de junho, tomaram posse na Academia de Cordel do Vale do Paraíba (ACVPB) o pró-reitor de Cultura da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), professor José Cristóvão de Andrade e a curadora da Sala de Cordel do Museu de Arte Popular da Paraíba (MAPP), professora Joseilda Diniz. Ambos os eventos aconteceram dentro da programação do 36º Salão do Artesanato Paraibano, em Campina Grande, recebendo uma grande plateia.
Quando da posse do professor Andrade, no dia 27 de junho, várias apresentações artísticas ocorreram, como a da quadrilha junina Arraiá do 40. Da ocasião também participaram diversos representantes da cultura na cidade, como o presidente da Associação das Quadrilhas Juninas de Campina Grande (Asquaju), Márcio Marques.
Como de costume, na oportunidade, várias obras foram lançadas e poetas declamaram seus escritos. A poetisa Anne Carolinne, por exemplo, trouxe especialmente para a posse, os versos: “Receber um professor/Com sua capacidade/É motivo de alegria/E de honra que nos invade/Seja, aqui, muito bem-vindo/Nosso professor Andrade!”. Entre os que compareceram ao evento estavam ainda Neto Ferreira e Claudinha Teixeira.
Já a posse da professora Joseilda Diniz se deu no dia 20 de junho, sendo conduzida pela vice-presidente da ACVPB, Claudete Gomes, em uma noite que trouxe o Coletivo Marias da Poesia e mais duas outras empossadas: Marineuma de Oliveira e Palloma Brito. A intenção era realizar um evento que privilegiasse especialmente a escrita feminina, segundo informou a docente.
O Coletivo é composto por Anne Karolynne, Annecy Venâncio, Joseilda Diniz, Claudete Gomes, Cristine Nobre e Juliana Soares. A ocasião contou, ainda, com a participação especial da poetisa Maria da Soledade, sendo que, na plateia da iniciativa, figuravam várias personalidades da área cultural de Campina, como a cantora e jornalista Fátima Silva e o pesquisador Xico Nóbrega.
Amor ao Cordel
Para a professora Joseilda Diniz, integrar a Academia é fundamental especialmente pelo espaço de diálogo e colaboração que proporciona. “Eu fico imensamente feliz por ser membro da ACVPB não só na qualidade de pesquisadora, mas pelo privilégio de acompanhar de perto nossos mestres. Meu desejo é contribuir de alguma forma, seja em relação à publicação das obras, seja no que se refere a assessorar os poetas para que possamos conseguir incentivo através da iniciativa pública e privada”, destacou.
A curadora do MAPP assinalou que é com muita alegria que se enxerga como um componente da cadeia produtiva do cordel, um campo ainda pouco valorizado, especialmente carente de políticas que o fortaleçam. “Eu realmente vejo como uma missão, esse é um lugar do qual eu me sinto parte. Minha esperança é por meio do meu trabalho, do desenvolvimento de projetos, oportunizar mais dignidade, divulgação e reconhecimento ao ofício dos poetas, algo que eu já venho fazendo ao longo da minha história de amor pelo cordel e pelos bardos”, pontuou.
Já o professor Andrade endossou em sua fala que o convívio com o cordel veio desde cedo, do ambiente familiar. “Minha mãe gostava de Leandro Gomes de Barros e costumava ler para mim. Outro personagem trazido por ela, para minha infância, foi o Pavão Misterioso, de José Camelo de Melo. Na escola, também tive muito contato com o gênero e fui aprendendo, assimilando outras coisas nos festivais e eventos”, explicou. Além disso, segundo assinalou, a figura de Luiz Amorim, celebrado poeta paraibano, trouxe, igualmente, várias vivências em relação ao cordel. “Também fui tipógrafo no Senai, uma época bastante marcante para mim, onde conheci muitas obras bonitas”, enfatizou.
O professor Andrade lembrou que em 1983 participou de um concurso de cordel no bairro de Santa Rosa, ficando com o 3º lugar. O tema era “Diretas Já”. Décadas depois, em 2020, já como pró-reitor de Cultura da UEPB, escreveu o cordel “Vixe, como tem Zé”, quando a Procult homenageava o centenário de Jackson do Pandeiro, promovendo uma série de atividades.
“Ingressar na ACVPB é uma honra e traz à lembrança o nome de figuras importantes demais para mim, gente que admiro, como Zé Laurentino, Manoel Monteiro, Joseilda Diniz, Josafá de Orós e tantos outros que fizeram parte da minha trajetória. Foi um dia muito especial e represento também a nossa Instituição, a UEPB, que tem o acervo de obras raras Átila Almeida. Nosso desejo é enriquecê-lo ainda mais com todo o talento dos poetas locais. Queremos, igualmente, estabelecer mais parcerias, em especial com as escolas, para que seja ampliado o acesso ao cordel e todos testemunhem esse legado maravilhoso dos nossos artistas”, finalizou.
Texto: Oziella Inocêncio
Fotos: Divulgação