Pró-Reitoria de Cultura apoia Festival de Inverno de Campina e destaca importância do evento
Um dos maiores patrimônios da Rainha da Borborema completou recentemente 48 anos. Trata-se do Festival de Inverno, evento que anualmente transforma Campina Grande em um imenso palco, sendo realizado em diversos locais da cidade, indo de fato para perto do povo. A iniciativa tem como sedes, por exemplo, a Feira Central, a Praça da Bandeira, o Cine São José e também o Centro Artístico Cultural (CAC) da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), posto que a Instituição apoia a realização do evento, por meio da Pró-reitoria de Cultura (PROCULT).
Efetuado de 18 a 27 de agosto, o Festival contempla variadas apresentações artísticas, abrangendo shows musicais, peças teatrais, exibição de filmes e espetáculos de dança. As atividades são gratuitas e esta edição homenageia os 60 anos do Teatro Municipal Severino Cabral.
Coordenador da Mostra de Teatro do evento e professor do Núcleo de Formação, Pesquisa e Experimentação Teatral do CAC, o ator Chico Oliveira destacou a importância dessa relação criada entre o evento e a UEPB. “Essa ponte existente entre o Festival, o CAC e a PROCULT é essencial para a realização da Mostra no nível que ela vem sendo feita, sempre pensando na máxima qualidade. Nas apresentações, o CAC passa por diversas mudanças e ajustes, adequando-se totalmente. Usamos, por exemplo, o jardim, as salas de aula, o auditório, na perspectiva de melhor encaixar a proposta de cada montagem”, contou.
Chico acrescentou que a partir das Mostras, o CAC também alcança mais visibilidade. “As pessoas começam a vê-lo como um lugar em que elas podem assistir peças, como um local não apenas de formação artística, mas de acontecimento artístico, o que é muito interessante para o Centro”, assinalou.
Noutra esfera relevante, conforme Chico, os alunos mais veteranos do Curso de Teatro do CAC participam ativamente como apoio do Festival. “A colaboração deles é fundamental para o sucesso do evento. Além disso, há todas as ações formativas, com cursos e oficinas oferecidos pelo Festival, sendo uma oportunidade a mais de aprendizado e diálogo”, disse.
O pró-reitor de Cultura da UEPB, professor José Cristóvão de Andrade, concordou com Chico, acrescentando o quanto a cidade é beneficiada pelo Festival. “Impressionante a força que esse evento tem e como é lindo ver as pessoas participando. Parabenizamos Eneida Maracajá, agradecemos efusivamente a essa professora, pela sua sensibilidade, pela criação desse empreendimento cultural, desse instrumento de educação inestimável, o Festival é um presente para os moradores de Campina e da Paraíba, só podemos agradecer”, afirmou.
Andrade enfatizou, igualmente, o importante papel social do “Tamanquinho das Artes” – projeto criado em 2016, com o objetivo de oferecer uma educação direcionada à arte para crianças em situação de trabalho infantil. Nas atividades, os participantes têm lições de música, dança, teatro e artesanato, entre outras, aprendendo a fazer, inclusive, brinquedos com materiais reciclados. O Tamanquinho acontece graças a uma parceria entre o Instituto Solidarium – ONG fundada por Eneida – e o Ministério Público do Trabalho e a Diocese de Campina Grande.
Teatro em declínio
Chico Oliveira pontuou, além disso, que o Teatro está em declínio em Campina desde 1990, com uma redução significativa em relação a grupos e artistas atuantes. “Então, a UEPB, através do nosso curso de formação de atores e atrizes, permite a manutenção do fazer artístico teatral na cidade, a PROCULT oportuniza isso, que hoje é uma espécie até de ativismo, quando a gente pensa que é cada vez mais escasso”, explicou.
Pare ele, a Universidade Estadual da Paraíba é realmente diferenciada, porque “nunca deixou de olhar para essa parcela da sociedade campinense, que é o aluno que tem a verve, que tem a vibe, a vocação de ser artista”. Na visão do professor, ela poderia ser apenas mais uma instituição de ensino “voltada ao conhecimento clássico das cátedras”, nas palavras dele.
Ainda sobre o Festival de Inverno, o professor apontou que o tema abordado este ano, “Arte e Humanidades”, remonta totalmente ao seu pensamento artístico como professor de Teatro. “Não adianta pensar em arte se você antes não se descobrir enquanto humano, não souber enquanto humano qual é o seu papel no mundo, na sociedade, no lugar onde você vive. E o Teatro é a arte do encontro, do encontrar-se consigo e com o outro”, enfatizou.
Texto: Oziella Inocêncio
Fotos: Divulgação