Curadora do Museu de Arte Popular participa de mesas da Festa Literária de Paraty

Curadora do Museu de Arte Popular participa de mesas da Festa Literária de Paraty
23 de novembro de 2023

Curadora da sala de Cordel do Museu de Arte Popular da Paraíba (MAPP) e consultora da Pró-reitoria de Cultura (PROCULT) da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), a professora Joseilda Diniz é uma das convidadas, na qualidade de mediadora, de duas mesas que compõem a programação da 21ª Festa Literária Internacional de Paraty (FLIP).

A primeira mesa será “Pavão Misterioso e a Poesia Feminina: Uma Viagem em Cordel”. Na oportunidade, também será lançado o livro “A verdadeira história do pavão misterioso”. Saído pela Editora Sei e escrito por Julie Oliveira e Paola Tôrres, com ilustrações de Maria Xilo, a publicação tem o prefácio assinado por Joseilda. A segunda mesa é intitulada “Pagu, do Punho a Pena – Escritos de Liberdade”, contando com discussões acerca da escritora homenageada da FLIP, Patrícia Galvão Rehder [1910-1962].

Os encontros ocorrerão na Casa do Cordel – situada no escritório do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) – local que insere a cultura popular em um dos eventos literários mais importantes do país. Além da compra de cordéis, o espaço oferece declamações, apresentações musicais e rodas de conversa, que difundem a Literatura de Cordel a partir da voz de seus próprios detentores e detentoras.

O convite feito à curadora se deu através do projeto de Extensão “POEMI – Caravana Conselheiro do SUS no Sertão”, oriundo da Universidade Federal do Ceará (UFC), coordenado por Paola Tôrres. “A reconhecida expertise de Joseilda como curadora e guardiã da cultura popular, torna sua participação fundamental para enriquecer essas discussões”, pontuou Paola, que foi a primeira mulher a ocupar o posto de presidente da Academia Brasileira de Literatura de Cordel (ABLC), em 32 anos de história da Academia. Além de cordelista, ela é professora de medicina da Universidade de Fortaleza (UNIFOR) e da UFC.

A professora Joseilda, que integra a Academia de Cordel do Vale do Paraíba (ACVPB), coordena na atualidade o projeto editorial dos 100 anos do Pavão Misterioso, efetuado pela Editora da Universidade Estadual da Paraíba (EDUEPB) e também faz parte da ABLC, contou da sua satisfação por integrar a FLIP, por meio da Universidade Federal do Ceará. “Estar aqui, falando de Pagu, essa jovem que revolucionou o Brasil com seus escritos e continua inspirando tantas mulheres contemporâneas, com o seu brilhante legado, é uma honra para mim, agradeço efusivamente pelo convite”, disse.

Por outro lado, segundo acrescentou Joseilda, destacar o Pavão Misterioso e a Poesia Feminina é falar de liberdade, de mulheres invisibilizadas que ganharam, doravante, espaço de voz e sobretudo reconhecimento pelo talento literário. “A narrativa, por exemplo, das autoras Julie Oliveira e Paola Tôrres, no livro que será lançado, põe justamente em relevo o protagonismo dessas mulheres, e o quanto esse protagonismo impacta na vida dos personagens masculinos. O que é muito legítimo, criativo e esperançado por nós, mulheres, que acreditamos em uma sociedade de paz, amor, respeito, união e diversidade cultural, enfim, de respeito profundo às diferenças e ao outro, independentemente do sexo desse indivíduo”, afirmou.

Estar na FLIP, para Joseilda, significa, ainda, uma oportunidade de construir parcerias e divulgar todo o trabalho realizado através da Pró-reitoria de Cultura da UEPB, junto aos cordelistas e aos mestres e mestras desse fazer artístico, a exemplo do “Cordel no Museu” – iniciativa que mensalmente reúne poetas, editores, estudiosos, xilógrafos e admiradores do gênero, não apenas no MAPP, mas em outros pontos de Campina. “Além disso, por meio da consultoria que exercemos no Museu, temos a chance de mostrar nossas pesquisas museológicas, feitas para o espaço dedicado à cantoria, cordel e xilogravura, na sala 3 do MAPP”, assinalou. Noutra perspectiva interessante de compor a FLIP, Joseilda enfatizou a possibilidade de propagar quão rica é a UEPB, já que detém a maior coleção de cordel da América Latina, a Biblioteca de Obras Raras Átila Almeida.

A FLIP segue até este domingo (26), em Paraty (RJ). A iniciativa é um marco no calendário cultural brasileiro desde a primeira vez que aconteceu, em 2003. A Feira se destaca, em especial, por apresentar novas possibilidades de ocupação dos espaços públicos, celebrando a literatura e proporcionando o encontro entre escritores, artistas e admiradores dessa expressão artística.

 

Texto: Oziella Inocêncio
Foto: Arquivo Pessoal