Exposição “Carcaças, Tempo e Memória” é aberta no Museu de Arte Popular da Paraíba
O Museu de Arte Popular da Paraíba (MAPP) da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), em Campina Grande, abriu, na noite da última sexta-feira (3), “Carcaças, Tempo e Memória” — exposição de Arnilson Montenegro, contemplada pela Lei de Incentivo Paulo Gustavo. Professores, artistas, gestores e produtores culturais, entre outros, fizeram-se presentes ao vernissage.
A solenidade foi aberta pelo diretor do MAPP e pró-reitor adjunto de Cultura, professor José Pereira da Silva. Em seguida ocorreram, em grupos, visitas guiadas. Nelas, Arnilson trouxe diversos detalhes sobre as obras e respondeu perguntas dos visitantes. A apresentação musical ficou a cargo de Pablo Rabeca.
“Ficamos sempre felizes por abrigar nova exposições, tanto aquelas de produção própria, ou seja, gestadas pelo Museu, a partir dos nossos acervos e curadorias, como as de artistas do cenário local, a exemplo de Arnilson, que conta com um trabalho primoroso e merece mais reconhecimento em Campina. Essa exposição ocupa uma função importante nesse sentido também”, disse o professor Pereira.
Para o pró-reitor de Cultura da UEPB, professor José Cristovão de Andrade, os visitantes sairão encantados com as peças e tantas informações interessantes acerca dessa arte, que é a cara do Nordeste. “A Xilogravura é um dos bastiões da Cultura Popular, ela chama muito a atenção, especialmente dos leitores de Cordel, provocando bastante curiosidade sobre como é feita. Com sua beleza, ela possibilita outras simbologias à leitura, enriquecendo a imaginação de quem lê. É uma honra para o MAPP trazer este artista que é tão dedicado ao seu ofício, um profundo conhecedor desse universo”, destacou.
Arnilson Montenegro começou sua fala afirmando estar lisonjeado por ter suas obras no MAPP. “Me sinto super grato, fui muito bem recebido por todos. Vejo essa exposição como uma oportunidade não só de mostrar meu trabalho, mas de propagar uma técnica nova na Paraíba. Temos uma tradição forte na Xilogravura, que dispõe da matriz de madeira, mas precisamos ampliar esse campo das técnicas gráficas, então aqui não será encontrada somente Xilogravura. Ela é essencial, claro, está intrinsecamente ligada às nossas raízes culturais, mas há muito mais a perceber e a descobrir. É por isso que além dela, esta apresentação exibe a Calcogravura. que se utiliza da matriz em metal. É uma técnica ainda restrita aos pequenos ateliês e pouco difundida entre nós “, acrescentou.
Entre os participantes, na plateia, figuravam a pró-reitora de Graduação da UEPB, professora Vagda Rocha; a curadora da Sala de Cordel do MAPP, professora Joseilda Diniz; a técnica administrativa Guia Matos; a diretora do Centro Artístico (CAC) da UEPB, Patrícia Lucena; e os representantes do Instituto Histórico de Campina Grande (IHCG), Ida Steinmüller e Vanderley de Brito.
Ao mestre, com carinho
Em relação à poética contida na exposição, Arnilson enfatizou que ela se entrelaça à finitude e ao efêmero, aos quais todos estamos sujeitos. “Assim, é o presente que é importante, pois é nele que vivemos. Gostaria que os visitantes, quando olhassem as imagens, notassem o diálogo ligado a isso, ao transitório e a essa passagem do tempo, que elas evocam. Deixo registrado, também, meu agradecimento ao professor Luiz Carlos Officina (in memoriam), porque foi através do conhecimento transmitido por ele que trilhei esse caminho. Ele oportunizou esse aprendizado, com ele fiz residência de ateliê e pude mergulhar nos saberes das técnicas gráficas, meio pelo qual hoje me expresso”, endossou.
Arnilson salientou, igualmente, quão essencial é a luta das pessoas pelas leis de incentivo. “Essa exposição só é possível como resultado do esforço delas. O apoio da Lei Paulo Gustavo foi fundamental”, finalizou.
Oficinas gratuitas de Xilogravura
A exposição segue no MAPP até o dia 30 de julho e fica aberta ao público de terça-feira a sexta-feira das 10 às 19h e, nos finais de semana, das 14 às 19h. Ela contempla, além disso, oficinas gratuitas de Xilogravura e as inscrições podem ser realizadas AQUI.
“Carcaças, Tempo e Memória” é composta por aproximadamente 60 peças. Entre os trabalhos que podem ser conferidos estão “Rio” (água forte), “Sorridentes” (buril e berceaux), “Olhando Tu” (ponta seca e água forte), “Sabedoria” (buril e ponta seca) e “Matadouro III” (buril, água forte e água tinta). Vale destacar que são expostas algumas obras que, nas palavras de Arnilson, “deram errado”, ficaram no “campo das tentativas”, mas que merecem ser apreciadas, pois embora retratem o equívoco e a imprecisão, também comunicam uma mensagem.
Texto: Oziella Inocêncio
Fotos: Filipe Chaves