Projeto desenvolvido pelo MAPP e PROCULT incentiva criação artística

Projeto desenvolvido pelo MAPP e PROCULT incentiva criação artística
12 de novembro de 2024

Em curso desde o mês de agosto, o projeto intitulado “O Museu Vai à Escola, a Escola Vem ao Museu: possibilitando experiências de criação artística e de socialização através da arte”, tem aproximado do mundo da criatividade os estudantes de duas escolas estaduais de Campina Grande — tudo para promover momentos de convívio centrados em mais bem-estar emocional e favorecer a autoestima dos adolescentes. A ação acontece em parceria com o Museu de Arte Popular da Paraíba (MAPP), apoiada pela Pró-reitoria de Cultura (PROCULT) da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), sendo que as práticas ocorrem via financiamento da Lei Paulo Gustavo, sob a operacionalização da Secretaria de Cultura (Secult) do Governo da Paraíba.

Coordenado pelo professor e pró-reitor adjunto de Cultura, José Pereira da Silva, também diretor do MAPP, o projeto conta com uma equipe pedagógica para a condução do trabalho. As atividades são focadas no 9º ano e sediadas nas escolas estaduais de ensino fundamental e médio Nenzinha Cunha Lima e Félix Araújo, respectivamente localizadas nos bairros de José Pinheiro e Liberdade.

Algumas etapas compõem a iniciativa e uma delas é a socialização do acervo do MAPP, em formato digital. As obras são apresentadas a partir de um datashow; na sequência, um arte-educador realiza um debate com os estudantes e professores, detalhando o que é um museu, sua função e importância social.

A segunda etapa compreende rodas de contação de história. Nelas, por meio de metodologias ativas, são destacados aspectos acerca do surgimento do MAPP em Campina, os objetivos dele enquanto equipamento cultural, a relevância da arte popular e suas expressões na região Nordeste. Na ocasião, os envolvidos na atividade são convidados a atuar como protagonistas do projeto, narrando um pouco da sua realidade, o que propicia um maior vínculo entre os participantes.

“E, em uma terceira fase, que está justamente acontecendo agora, se dão as oficinas de artes plásticas, utilizando técnicas de pintura acessíveis aos jovens. Durante esta ação, incentivamos os alunos para que mostrem suas habilidades. A última etapa do projeto é que essas obras feitas por eles sejam exibidas no MAPP, dispondo de todas as condições de uma exposição convencional”, explicou o professor Pereira.

Para isso, a produção dos estudantes receberá um tratamento de finalização e molduras, perfazendo a exposição “A Arte da Escola: visões sobre a Arte Popular da Paraíba”, que estará em cartaz por um mês, no MAPP. Além disso, a comunidade escolar participante das atividades será levada, em um ônibus locado pelo projeto, para visitá-la. Vale ressaltar que as ações dispõem da presença de um intérprete de libras e audiodescrição.

As primeiras tratativas com as escolas escolhidas pelo projeto se deram em agosto. Nesse ínterim, houve um treinamento com os arte-educadores e demais profissionais que integram a equipe. A expectativa é que sejam criadas 50 pinturas (de 60 x 90 cm) e que 200 estudantes possam ser beneficiados.

A terapêutica da Arte
A juventude se depara com uma série de desafios relacionados ao equilíbrio psicológico, posto que sobretudo essa fase da vida é permeada por pressões externas, sentimentos de inadequação e até isolamento. A arte, então, é um auxílio para que possam lidar com diversas questões, a exemplo de ansiedade, estresse e outros problemas, de acordo com o professor Pereira. Noutra perspectiva, momentos de socialização e descontração proporcionados pelo projeto podem ser de grande valia, segundo endossou, pois os estudantes se envolvem em um processo colaborativo com os colegas.

Não por coincidência, um dos aportes teóricos a fundamentar a iniciativa é a obra da psiquiatra Nise da Silveira [1905-1999], para quem a arte configura-se como instrumento terapêutico — um elemento essencial para o bem-estar emocional de qualquer pessoa. Também docente do Departamento de Psicologia da UEPB, o diretor do MAPP acrescentou que o legado deixado por Nise enfatiza especialmente o fato da criatividade não ser uma característica exclusiva de artistas profissionais, mas uma capacidade humana que todos podem explorar, inclusive no que se refere à restauração e cura, pois oportuniza a cada um a conexão com seu mundo interior, facilitando a assimilação e o enfrentamento das dificuldades.

Outro aspecto abordado pela iniciativa, é que ao levar o Museu até a escola e trazer os estudantes para o Museu, o projeto possibilita aos adolescentes se reconhecerem nas experiências oferecidas pelos espaços culturais. Desse modo, conforme o professor Pereira, é estabelecido um elo entre o mundo artístico e o universo cotidiano dos jovens, colaborando para que não vejam a arte como algo distante e inacessível. “Iniciativas como esta contribuem, igualmente, para a formação de público. A ideia é que no futuro eles se sintam confortáveis e motivados a frequentar museus de maneira independente, seja para estudar, seja para desfrutar de suas coleções. Assim, há a percepção de tais locais como ambientes de fruição, convivência e reflexão”, pontuou Pereira.

Para ele, principalmente a exibição das obras será impactante, à medida em que permite aos jovens se sentirem mais valorizados, tanto em seus talentos individuais quanto em seu papel dentro do grupo, além de fortalecer o vínculo entre o aluno e o espaço museal. “Os estudantes não só conhecem e discutem o acervo, mas se tornam parte dele, enxergando-se como agentes do processo cultural. Com a oportunidade de presenciar seu trabalho exposto ao público, o projeto almeja, assim, reafirmar sentimentos de pertencimento e autoestima nos participantes. Esperamos que o resultado seja muito significativo, para a gente que está realizando e para os alunos e professores”, disse.

Texto: Oziella Inocêncio
Fotos: Divulgação