“Visões sobre a Arte Popular” é aberta no MAPP com participação dos estudantes
O Museu de Arte Popular da Paraíba (MAPP), em Campina Grande, recebeu na manhã da última sexta-feira (6), a abertura da exposição “A Arte da Escola: Visões sobre a Arte Popular da Paraíba”, com as obras de estudantes do 9º ano, de duas escolas estaduais do município. A atividade é o ponto culminante do projeto “O Museu Vai à Escola, a Escola Vem ao Museu: possibilitando experiências de criação artística e de socialização através da arte” e, como previsto na iniciativa, os criadores das 80 telas foram conferir a exibição de seus trabalhos. As ações acontecem por meio da Lei Paulo Gustavo, via Secretaria de Cultura (Secult) do Governo da Paraíba.
Planejou-se toda uma programação voltada aos discentes, abrangendo transporte ao MAPP e lanches. A movimentação intensa na parte inferior do Museu, onde foram dispostas as obras dos alunos, chamou a atenção de quem passava pela sinuosa estrutura de vidro e concreto que já é referência de cultura no Açude Velho.
As práticas envolveram as escolas estaduais de ensino fundamental e médio Nenzinha Cunha Lima e Félix Araújo, com coordenação do professor e pró-reitor adjunto de Cultura, José Pereira da Silva, igualmente diretor do MAPP, contando com uma equipe pedagógica para a execução dos trabalhos.
Mostrando sua pintura, a estudante Maria Fernanda dos Santos, 17 anos, moradora do bairro de José Pinheiro, explicou que teve um sonho vívido e essa foi a motivação para começar a misturar as tintas. “Eu queria um azul celestial, pois sonhei com uma lua muito nítida, em uma noite bem clara. Desde criança, amo desenhar, mas não sabia que podia ficar tão bonito assim”, enfatizou.
A professora de Arte Emily Batista Jucharck, da Escola Nenzinha Cunha Lima, explanou que a equipe preferiu distribuir as obras dos estudantes em grandes folhas de MDF, ao invés de seguir a escolha inicial que era emoldurá-las. “Compreendemos que este é o resultado de um esforço conjunto, e um dos maiores objetivos do projeto residia em estabelecer uma maior proximidade entre os alunos, então fazia mais sentido agrupar as pinturas, já que a exposição derivou dessa união”, acrescentou.
Para o diretor do MAPP, a abertura da exposição significou celebrar os estudantes no Museu, em uma vivência que poderá permanecer na memória deles como um dia especial, ao aliar alegria, autoestima e arte. “Com muita satisfação, chegamos à etapa final do projeto. Reunir aqui os alunos para que contemplem o trabalho que fizeram por dois meses nas escolas, é gratificante. Comemoramos a presença deles no MAPP e a descoberta de talentos. Esperamos que, com isso, tenham socializado mais, se humanizado mais, percebendo a arte como meio de expressão e opção profissional no futuro”, apontou. O professor Pereira destacou, além disso, a importância das leis de incentivo à cultura, posto que nada seria possível sem o financiamento da Lei Paulo Gustavo do Governo do Estado, permitindo as condições necessárias.
Um píer, uma ponte e uma lua
O estudante Manoel Lucas dos Santos Lima, 14, morador do bairro de José Pinheiro, agradeceu a dedicação e paciência da equipe. “Quando se fala em pintura, o que mais gosto é paisagem. Eu queria pintar um píer, uma ponte e uma lua, mas não tinha nenhuma noção de profundidade e perspectiva. As professoras ajudaram bastante”, revelou.
Ainda sobre a experiência com os discentes, a professora Emily detalhou que um deles fez a pintura e não gostou. “Ele disse que estava feia, mas ver a pintura exposta mudou totalmente a maneira como enxergou o trabalho, observando também a reação calorosa dos outros. Às vezes, somos cruéis nos julgamentos que fazemos a respeito de nós mesmos e os adolescentes costumam manifestar isso de um modo mais intenso”, endossou.
Professor de Arte há cinco anos, na Escola Félix Araújo, conhecida como Estadual da Liberdade, José Lucas de Souza concordou com Emily, acrescentando que as atividades melhoraram o humor dos jovens. “Não só se expressar, mas participar de práticas lúdicas como a pintura, funcionou como um auxílio para trazer leveza ao cotidiano deles. Por outro lado, minha formação é musical, não sou especialista em artes visuais, embora a gente percorra esse conteúdo. Quando o MAPP leva pessoas que têm essa expertise, ele ajuda a escola, colabora para a ampliação do conhecimento dos alunos, então existe um desenvolvimento a mais nas habilidades deles. Essa visualização do trabalho dos estudantes no Museu também é muito interessante, sem dúvida é um dia feliz para eles e consequentemente para nós”, afirmou.
O projeto “O Museu Vai à Escola, a Escola Vem ao Museu: possibilitando experiências de criação artística e de socialização através da arte” começou a ser realizado em agosto deste ano. Dispunha como uma de suas premissas aproximar os estudantes do universo da criatividade, fortalecendo, ainda, o vínculo deles com os colegas e favorecendo o bem-estar e a saúde mental, nesse processo colaborativo de produção das obras. A exposição segue no MAPP até o dia 31 de dezembro.
Texto: Oziella Inocêncio
Fotos: Divulgação