Museu de Arte Popular da Paraíba abre exposição “Quem não é visto, não é lembrado”

Na noite da quarta-feira (6), o Museu de Arte Popular da Paraíba (MAPP), da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), em Campina Grande, abriu uma nova exposição. “Quem não é visto, não é lembrado” joga luz sobre as memórias da Rainha da Borborema, através dos mais variados personagens marcantes que por ela andaram. Os trabalhos são de Bruna Sindel, Dilson Rocha e Italo Corage.
A ocasião teve como cerimonialista Aphrodite LaBlue. O evento foi aberto pelos artistas, junto com o diretor do MAPP, professor José Pereira da Silva e a curadora Rebeca Souza. Os retratados pela exposição são Pedro Cancha, Jorge Mahal, José Pinheiro, Biu do Violão, Major Palito, Rainha Joana, Dona Lenira e José Cassimiro Barbosa. A partir deles, a atriz Armênia Amorim, por meio de sua personagem “Doidivana”, abordou detalhes como os trejeitos, a linguagem e as roupas de cada um dos homenageados, em uma performance feita especialmente para a exposição.
Bruna Sindel, idealizadora da iniciativa, contou que mesmo não sendo natural de Campina — ela é de Aracaju — ficava intrigada ao escutar relatos relacionados àqueles que compõem a exposição, a exemplo de Major Palito. “Era curiosidade, mas encantamento também e foi assim que comecei um trabalho de pesquisa, levantando essas biografias. A gente sabe que a história costuma registrar nomes de pessoas que acumularam fortuna, memórias de quem vem, por exemplo, de famílias tradicionais ou mesmo daquelas que ascenderam politicamente. Mas, imagine, há maior riqueza do que esse desprendimento que tinha o Major Palito, para quem a remuneração não importava? Ele se apresentava por amor ao que fazia e deixou esse legado à família dele e a todos nós, de que o mais importante é essa generosidade ao encararmos o nosso ofício. Cada pessoa aqui trouxe para Campina seu brilho próprio, uma energia, um entusiasmo que se enraizou fortemente na cidade”, explicou.
Em sua fala, Bruna agradeceu sobretudo aos artistas Italo Corage e Dilson Rocha. “Uma vez realizada a pesquisa, nos reunimos e conseguimos alinhar perfeitamente as ideias que foram surgindo. O resultado nos agradou bastante e esperamos que os visitantes gostem, prestigiem e possam igualmente se inspirar”, apontou.
O diretor do MAPP ressaltou a relevância da exposição para a cidade e seus moradores, especialmente porque os homenageados representaram beleza e alegria para o município, sendo a vida deles um jeito artístico de estar no mundo. “Tudo dialoga, o Museu é patrimônio de Campina, assim como a história dessas pessoas é. É uma grande satisfação para o MAPP receber esses trabalhos e convidamos toda a população a conferi-la. Encerramos recentemente a exposição ‘Os Sertões que nos Atravessam’ de Rebeca Kianny, Amanda Cosme e Juliana Gomes, que alcançou muito sucesso. Agora, com Bruna, Dilson e Italo, seguimos ampliando as novidades e enaltecendo a produção artística atual”, enfatizou.
Rebeca Souza agradeceu o convite de Bruna Sindel para colaborar com a exposição. “Essas pessoas têm seu nome gravado no coração da cidade. Eu ainda tive a oportunidade de assistir a um show de Mahal na Pirâmide do Parque do Povo. Fico feliz por também dar minha contribuição, porque é um agradecimento à trajetória deles, do muito de si que deixaram aqui”, disse.
Presentes ao vernissage estavam o coordenador de Comunicação da UEPB, Hipólito Lucena, o fotógrafo César di Cesário, o artista plástico Arnilson Montenegro, e a atriz Joana Marques, entre outros. “Quem não é visto, não é lembrado” acontece graças ao incentivo fornecido pelo Edital Biliu de Campina, via Prefeitura Municipal de Campina Grande (PMCG).
Engajamento com a cidade
Edna Angela Gomes Oliveira, filha de Lenira, contou da emoção por ver sua mãe retratada na iniciativa. “Ela amava os trabalhos que desenvolvia com as quadrilhas. Era uma pessoa engajada no cotidiano da cidade, muito disposta, foi diretora da Banda Filarmônica, tinha um perfil executivo e gostava de se envolver em tudo. Saber que se lembraram dela e em um museu tão importante, deixa a gente alegre demais. As peças criadas, a luz, o colorido escolhido, têm muito a ver com a personalidade dela”, explicou.
Para Maria de Lourdes Cabral, filha de Major Palito, o pai dela integrar a exposição mostra que o legado dele é realmente valorizado. “Nossa família se sente honrada. Ele sempre vinha aqui para o Açude Velho se apresentar, em especial em datas como o Sete de Setembro, então é simbólico que sua história esteja aqui no MAPP, este espaço bonito justamente nesta localização”, revelou.
Texto: Oziella Inocêncio
Fotos: Ana Martins e Tamaki PB