Feira de Discos atrai grande público ao Centro Artístico Cultural da UEPB

Feira de Discos atrai grande público ao Centro Artístico Cultural da UEPB
1 de setembro de 2025

Seguindo sua vocação de incentivar os mais diversos eventos voltados à arte na Rainha da Borborema, o Centro Artístico Cultural (CAC) da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) sediou, no último sábado (30), a 1ª Feira de Discos de Campina Grande. A organização da iniciativa calculou um público de aproximadamente 350 pessoas.

Veterano quando se fala em feiras semelhantes, Sérgio Pacheco, expositor da Taioba Discos (JP), destacou que se surpreendeu com a comercialização registrada.  “Trouxe 350 discos para vender e foi bastante positivo. Participei da organização de seis edições de uma feira em João Pessoa e posso dizer que vendi em Campina tão bem quanto lá. Isso mostra a grande demanda que há na cidade, não só pelo vinil, mas por eventos culturais nesse nicho, relacionado à nostalgia, ao analógico, ao ‘vintage’.  Além disso, a estrutura do Centro Artístico é excelente, acomodou perfeitamente a iniciativa”, apontou.

Moradora do bairro do Cruzeiro, a estudante Anne Sousa Ferreira, de 27 anos, afirmou que o plano era comprar três discos. “Os valores são acessíveis, espero encontrar algumas raridades, principalmente coisas mais antigas da música popular brasileira, mas já vi que os estilos disponíveis são bem variados, isso é ótimo, vou dar uma garimpada”, explicou.

Para Anne, que compra discos há pelo menos três anos, eles só têm vantagens. “Um vinil bem cuidado pode atravessar gerações. Tenho vários que eram do meu tio e ele me deu de presente, por exemplo. O que mais gosto é o conceito que cada álbum traz. É um produto feito para ser ‘degustado’, desde as capas, e algumas são verdadeiras obras de arte. Esse conjunto, de ver os detalhes, tocar, é algo que se perde totalmente no digital. Noutra perspectiva, iniciativas assim proporcionam bate-papo com outros colecionadores, o que é interessante para quem está sempre buscando saber mais acerca desse universo”, revelou.

Junto com a Taioba, o evento dispôs de seis expositores: Discos Baratos, Fernando Vinil, Óliver Discos, The Vintage, Toca dos Discos e Vinil_CG, sendo oriundos de Campina, João Pessoa e Recife. A programação incluiu discotecagem com Jefferson Fagundes, DJ e coordenador da Feira, além dos DJ’s Jana e Serginho Taioba. As bandas “Korvak” e “Zeppelin e o Sopro do Cão” também expuseram seus produtos.

Lazer, geração de renda e conhecimento

Pró-reitor de Cultura da UEPB, o professor José Cristóvão de Andrade avaliou a Feira como um sucesso. “Ficamos contentes por essa parceria, a Procult se engajou e foi grande o número de participantes. Iniciativas assim reúnem principalmente a juventude, ensejam uma oportunidade de lazer, conhecimento, diálogo sobre arte. Muitos estudantes da UEPB e de outras instituições de ensino passaram pela Feira. Além disso, há alunos que moram aqui pelo Centro da cidade, a localização do CAC também favoreceu nesse aspecto”, assinalou.

De acordo com a diretora do CAC, Patrícia Lucena, o caráter inédito da Feira certamente alavancou a adesão do público. “É uma ação pioneira, porque em Campina temos locais que vendem vinil, mas acredito que a cidade estava carente de um evento assim, que reunisse as pessoas e vendedores em um mesmo lugar. O CAC valoriza a música, a cultura, foi uma alegria sediar este grande encontro de gerações, pois recebemos todas as faixas etárias”, disse.

Produtor cultural e servidor da UEPB/Procult, Igor Carvalho integrou a coordenação da Feira, e destacou como eventos similares geram renda, posto que impulsionam toda uma cadeia produtiva.  “A cultura tem várias facetas e às vezes as pessoas se concentram mais no simbólico e no subjetivo, ignorando esta dimensão financeira, que é bem relevante. A esfera do consumo atrelada à música não pode ser subestimada e uma Feira revela isso, nesse tema também de beneficiar as pessoas que vivem dela, além do entorno, que é igualmente favorecido. Sabemos que o começo de uma atividade costuma ser difícil, normalmente o resultado vem aos poucos, mas tivemos uma surpresa positiva, superou as expectativas”, afirmou.

Jefferson Fagundes endossou que o público foi variado e intergeracional: famílias, jovens, casais, crianças, pessoas da terceira idade… “Nossos expositores garantiram um repertório para os mais diversos gostos musicais e idades. O vinil conseguiu sobreviver ao surgimento de outras mídias, a exemplo do CD e do DVD. O CD ficou para trás, o DVD ficou para trás e o vinil não só voltou, como seguiu com tudo. Agradecemos aos que colaboraram com a Feira e ao CAC. O Centro Artístico dispõe de um ótimo espaço, conta com uma área aberta, é bem cuidado, não foi necessário fazer nada especial, uma decoração simples foi pensada e o local ganhou muitos elogios. Há bastante gente perguntando quando teremos a próxima edição”, apontou.

Para o coordenador, que possui cerca de 3 mil discos de vinil, foi especialmente gratificante ver o evento acontecer. “Parte da minha coleção, herdei do meu pai. Minhas primeiras lembranças musicais se referem a ele escutando vinil na nossa casa, então fui dando continuidade e adquirindo mais. Há três discos que lembro de maneira vívida, tocando e meu pai ouvindo, um era de Roberto Ribeiro, o outro era de Antônio Carlos e Jocáfi, além de Benito di Paula. Trabalho com música desde os 13 anos, já toquei cavaquinho em inúmeros shows, acompanhei Alcione, Dominguinhos, e praticamente todos os artistas de Campina. Hoje até desconsidero um pouco essa minha experiência musical, pois costumo dizer que sou um melhor ouvinte do que instrumentista”, afirmou. A propósito, como DJ, pelo amor que tem pelo “bolachão”, é claro que Jefferson faz discotecagem usando exclusivamente discos de vinil.

 

Texto: Oziella Inocêncio
Fotos: Yan Albuquerque