Museu de Arte Popular da Paraíba recebe lançamento do livro “Uma biblioteca e seus leitores”

24 de agosto de 2017

Na próxima terça-feira (29), a partir das 19h, o Museu de Arte Popular da Paraíba (MAPP) da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) receberá o lançamento do livro “Uma biblioteca e seus leitores”, de autoria da professora Danielly Vieira Inô Espíndula. A obra trata da Biblioteca Municipal de Campina Grande, sendo resultado da tese de doutorado de Danielly, concluída em 2015. A entrada é franca.
O livro está dividido em duas partes. Na primeira, são abordadas as circunstâncias da fundação da Biblioteca, o contexto da época e como ela se inseriu na sociedade naquele momento, bem como nos primeiros anos de sua existência. “Foram utilizadas fontes variadas, desde documentos oficiais a notícias publicadas nos jornais de diferentes épocas, merecendo destaque ao jornal ‘A Voz da Borborema’, que, durante o ano de fundação da Biblioteca, 1938, publicou constantemente informações importantes sobre a instituição. Vale dizer que, nesta etapa, a Biblioteca Átila de Almeida, da UEPB, foi fundamental, pois dispõe de boa parte das edições desse jornal e pude coletar muitos dados essenciais para contar essa história”, explicou.
Já a segunda parte do livro destina-se a conhecer alguns dos modos de apropriação desse espaço de leitura por seus leitores. Assim, é analisada, por exemplo, a movimentação de empréstimos das obras. Além disso, seis leitores foram entrevistados para que fosse possível uma compreensão maior acerca do modo que a Biblioteca se inseria nas histórias particulares de leitura e nas suas práticas.
“Desde setembro do ano passado eu trabalho, junto com a Paco Editorial, no projeto de transformá-la em livro. É uma obra acadêmica, no sentido de que resultou de uma pesquisa que seguiu os rigores exigidos pela atividade científica, mas é também, antes de tudo, uma parte da história de Campina Grande, representada por uma instituição tão simbólica quanto poderia ser uma biblioteca pública. Tendo em vista o alcance pretendido, a linguagem empregada na escrita é muito acessível e todos os conceitos mais importantes apresentam sempre uma explicação/definição, de maneira que o leitor que não pertence ao mundo acadêmico possa usufruir das informações ali apresentadas e, quem sabe, ter uma leitura prazerosa”, contou.
Descontinuidade e Resistência
De acordo com a professora, o que ela percebeu por meio da pesquisa é que a Biblioteca de Campina Grande tem como principais características a descontinuidade e ao mesmo tempo a resistência, assim como ocorreu com muitas outras instituições dessa natureza, ao longo da história.
“De um lado, ela sofre desde a sua fundação com o fato de não ter tido um edifício que funcionasse como sede própria e oferecesse as condições ideais para uma biblioteca. Ela enfrentou várias mudanças de endereço e também períodos de fechamento para reformas. Mas, por outro lado, é uma instituição que, a despeito de todas essas dificuldades, resiste ao tempo e se mostrou importante referência para muitos dos seus usuários, afinal, várias gerações recorreram e ainda recorrem a ela para estudar ou para ler pelo prazer de ler”, acrescentou.
Conforme pontuou a autora, a última reforma demorou muito a ser concluída. “Iniciou no segundo semestre de 2012 e foi encerrada no segundo semestre de 2016. Foram quatro anos nos quais a Biblioteca esteve funcionando precariamente, instalada no prédio da Secretaria de Cultura e com boa parte de seu acervo inacessível ao público. Os empréstimos, por exemplo, não estavam sendo realizados nesse período.
O que mais me inquietava era o silêncio da população campinense em torno dessa demora na conclusão das obras. Obviamente, esse silêncio tem muitas razões, de diferentes naturezas, que não cabe aqui comentar, mas uma delas é justamente a invisibilidade com a qual essa instituição vem sofrendo ao longo do tempo. Há pessoas, inclusive, que passam diariamente em sua calçada, mas não sabem que ela existe.
Apesar dessas inquietações, foi com grande alegria que recebi a notícia de que voltaria a ser instalada no Edifício Anézio Leão, na Maciel Pinheiro. Soube, inclusive, que uma leitora idosa, entrevistada para minha pesquisa, já voltou a utilizá-la. A reforma, ainda que não tenha sido totalmente satisfatória e não tenha resolvido todos os problemas estruturais, traz novo fôlego para a Biblioteca pois, sem dúvida, há muito trabalho a ser feito”, finalizou.
Mais sobre Danielly Vieira Inô Espíndula
Danielly Vieira Inô Espíndula formou-se em Licenciatura Plena em Letras pela Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), concluiu mestrado em Letras e doutorado em Linguística nos Programas de Pós-Graduação da Universidade Federal da Paraíba (UFPB – PPGL e PROLING, respectivamente). Após experiências de ensino nos níveis fundamental, médio e superior, passou a integrar o quadro de professores efetivos dos cursos de Letras da UEPB (Campus VI, em Monteiro), no ano de 2007, permanecendo na Instituição até o momento. Danielly tem diversos capítulos de livros publicados, mas esse é o primeiro livro para chamar de seu. “Sou apaixonada pela leitura desde meus primeiros contatos com ela e essa paixão foi levada para o meu campo de atuação profissional”, finalizou.
Serviço
O quê: Lançamento do livro “Uma biblioteca e seus leitores”, de autoria de Danielly Vieira Inô Espíndula
Quando: Terça-feira (29/08/17)
Hora: 19h
Onde: Museu de Arte Popular da Paraíba (MAPP), às margens do Açude Velho, em Campina
Grande
Entrada: Gratuita
Outras informações: (83) 3310-9738
Foto: Talitta Uchôa