Museu de Arte Popular da Paraíba recebe lançamento de cordel sobre violência contra a mulher

16 de março de 2018


Na próxima quarta-feira (21), às 19h, o Museu de Arte Popular da Paraíba (MAPP) da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), em Campina Grande, receberá o lançamento do cordel “Viver sem violência é um direito: Conquistá-lo foi um grande feito”, de autoria de Anne Ferreira. Também haverá uma exposição de peças em miniatura e desenhos alusivos ao tema, feitos pela artista. A entrada é franca.
A programação da noite contemplará uma mesa de debate, referente ao título do cordel, com a delegada de Polícia Civil e atuante no Núcleo de Atendimento à Mulher (NAM), localizado em Queimadas (PB), Juliana Brasil, a bombeira civil e psicóloga Fabíola Freitas, além da integrante da Secretaria Estadual da Mulher e da Diversidade Humana/Gerência de Gênero e Proteção à Mulher de Queimadas, Isânia Monteiro. Metade da venda do cordel será revertida à Casa Abrigo Aryane Thais, localizada em João Pessoa e que atende mulheres em situação de risco de todo o estado da Paraíba. Haverá, ainda, a apresentação da música “Menininha, em mulher não se bate nem com uma flor”, tendo Iedja Agra (voz) e Anne Ferreira (violão).
As peças expostas utilizam os mais variados materiais, a exemplo de latas de refrigerante, caixas de papel, cascas de ovo e encordoamento, bem como palitos de picolé e de fósforo. Algumas delas se referem a mulheres que de algum modo foram ícones em seu tempo e em sua comunidade, como Celina Guimarães, primeira mulher a votar no Brasil, antes mesmo da lei ser aprovada; Dona Lia, vó, mãe de sete filhos e 15 netos, e uma das parteiras mais conhecidas, em sua época, no agreste paraibano; Dulce Barbosa, primeira mulher prefeita na Paraíba e Luiza Bairros, professora, ativista e ex-ministra da Secretaria de Políticas de Promoção à Igualdade Racial.
Anne contou que ingressou na Literatura há cinco anos e que sempre fez poesia livre e versos de cordel, porém nunca chegou a publicar, de modo que essa é sua estreia. Sobre o tópico escolhido ela apontou várias motivações. “Primeiro porque é um tema delicado e vivo em Queimadas, cidade que ganhou destaque pela barbárie do estupro coletivo, além de outros crimes que infelizmente aconteceram. Segundo, tenho o costume de ligar a TV todos os dias pela manhã para ouvir os jornais enquanto me preparo para ir trabalhar. Quase todas as vezes escuto sobre inúmeros crimes contra mulheres. São mães, donas de casa, executivas, crianças, jovens, artistas, militantes…Enfim, é um tema que é tão real, tão sequencial que a sociedade acaba não se surpreendendo mais. Isso é ruim, não podemos tratar o que acontece todos os dias como uma mera rotina. Temos que bater na mesma tecla sim, temos que gritar, temos que reagir, não importa a forma. Muitas pessoas vão para a rua, outras denunciam ao 180, algumas pintam uma faixa, ou usam da oratória, escrevem uma música, gritam, cada qual usa seu dom, suas habilidades para a lutar. Eu escrevo, faço arte. Foi minha forma de contribuir nessa luta”, informou.
A respeito do trabalho de artesã, Anne revelou que costuma usar materiais recicláveis e uma das coisas mais inusitadas foi um fio de cabelo para fazer as cordas de um violino que media 1,3 cm. “Tudo começou com uma bateria que fiz de papel, depois violão e assim por diante. Hoje também faço grafia na casca de ovo de galinha, escultura no palito de fósforo e no grafite do lápis comum. Meu pai era marceneiro e quando tinha tempo fazia miniaturas de móveis, acredito que herdei um pouco dele também. Ele me inspirou, minha mãe sempre me incentivou e eu acreditei que podia. Mas também tenho como inspiração artistas como Gaudí, Frida Kahlo e Salvador Dalí, os quais têm um estilo único e individual. Gosto do novo, da mudança, migro e passeio por várias artes”, disse.
Mais sobre Anne Ferreira
Anne Ferreira Costa tem 25 anos, é natural de Campina Grande, mas sempre residiu em Queimadas, onde mora, atualmente, na zona rural. É graduada no Curso de Letras/Espanhol pela Universidade Estadual da Paraíba (2015). Titular do Projeto Monitoria Virtual nesta Instituição, foi monitora da Disciplina de Língua Espanhola I (2013) e é membro do Grupo de Pesquisa Formação Docente em Línguas Estrangeiras (LE), cadastrado junto ao Diretório de Grupos do CNPq – UEPB (estudante). Toca violão, guitarra, teclado e violino. É artesã miniaturista autodidata desde novembro de 2013.
Em 2014, pelo Clube de Autores, publicou o livro “Alzheimer é como ser mãe, não vem com manual: eu, minha mãe e o nascimento de Baby”, nas versões impressa e e-book. Sua última obra foi uma piscina sobreposta, em forma de piano de cauda, feita em tijolo, concreto e cerâmica, medindo 4m x 5m e 1m de altura. Obra esta, que a fez representar a Paraíba em nível nacional através da maior TV aberta do país. Recentemente fez exposição de suas miniaturas no Cine Teatro São José, durante o curso de verão em Campina Grande.
Serviço
O quê: Lançamento do cordel “Viver sem violência é um direito: Conquistá-lo foi um grande feito”, de Anne Ferreira
Quando: Quarta-feira (21/03/18)
Hora: 19h
Onde: Museu de Arte Popular da Paraíba (MAPP), às margens do Açude Velho, em Campina
Grande.
Entrada: Gratuita
Outras informações: (83) 3310-9738
Fotos: Talitta Uchôa