Professora da UEPB tem obras selecionadas para exposição no Festival Internacional de Arte Naif

18 de maio de 2018

Instituída como pintura no século XIX, a arte naif tem como características a expressão artística que demonstra criatividade, espontaneidade e uso de cores em telas que registram emoções e traços de personalidades sem apego às regras das pinturas clássicas. E representando a Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) no Festival Internacional de Arte Naif (FIAN) estarão duas obras da professora e também pintora Val Margarida, que ficarão expostas junto com outras 154 telas durante os dias 23 de maio e 23 de junho, no Centro de Documentação Cel. João Pimentel Filho, em Guarabira.
Docente do Centro de Educação (CEDUC) da UEPB, Val não esconde a felicidade de ter sido uma das 103 artistas selecionadas para este festival, uma vez que sua relação com a pintura foi crescendo ao longo dos últimos anos sem quaisquer aspirações. “Comecei a pintar em 2001 e, ao longo desse tempo, fui presenteando parentes e amigos com meus trabalhos. Eu só queria expressar minha arte através dos desenhos. Me aproximei pela arte naif por ser uma expressão artística que não precisa ter uma formação acadêmica para desenvolvê-la”, disse Val.
As obras selecionadas para a exposição foram “Santa Ceia” e “Cenas da África III”. Em ambas, a professora faz uma leitura própria a partir das características de cada momento, seja na que foi inspirada no quadro de Leonardo da Vinci, ou na outra que surgiu de sua sensibilidade artística. “Na ‘Santa Ceia’ eu quis introduzir naquela cena seres, que podem ser homens ou mulheres, negros, e que estão na companhia de Jesus. Já na outra a intenção foi trazer elementos da cultura africana, misturados a outros contextos”, explicou a professora e artista.
O Festival Internacional de Arte Naif (FIAN) é uma iniciativa do Ateliê Adriano Dias, em uma parceria com a Prefeitura Municipal de Guarabira (PMG). A curadoria do FIAN é composta pelos artistas Adriano Dias, Augusto Luitgards, Mairone Barbosa, e Robson Xavier, que foram responsáveis pela seleção dos 103 artistas com 156 obras dos diversos estados do Brasil e de outros países. Também foram selecionadas telas de outros grandes pintores de arte naif, como Waldomiro de Deus e Américo Poteiro (Goiás), Fátima Camargo e Waldecy de Deus (São Paulo), Willi de Carvalho (Minas Gerais), Tereza Martorano (Santa Catarina), Adriano Dias e Tito Lobo (Paraíba), Maria Tereza Braz (Portugal) e Rafael Leon (Alemanha).
A pintura como instrumento de combate contra as adversidades
Retratar cenas do cotidiano, valorizar personagens culturais, materializar sentimentos e retratar as diversas relações entre as pessoas através da pintura pode ser um poderoso recurso para combater os males da sociedade contemporânea. E se essa luta acontece com o trunfo de um pincel, uma tela branca exposta à frente e alguns potes de tinta, a professora Val Margarida acredita que este é o instrumento perfeito para que dias mais vibrantes se tornem cada vez mais presentes.
“Quando eu pinto, sinto uma paz. Eu relaxo. É como se os problemas da vida, que são cada dia mais presentes, desaparecessem. Aquele momento te leva para outro lugar. Como eu tenho muitas atividades com pesquisas e projeto de extensão na Universidade, além das responsabilidades de casa, a madrugada o momento que eu uso para pintar e isso me dá um fôlego a mais para enfrentar tudo. Vejo esses quadros também como uma forma de me eternizar. Cada pessoa que eu presenteei, cada pessoa que comprou uma tela vai ficar com um pouquinho de mim para sempre”, acrescentou.
Filha de um dos principais artistas populares da cidade de Bezerros (PE), Zé do Pife, professora Val não coloca seu trabalho artístico com a arte naif como prioridade de sua carreira. Ela, que desde cedo vivenciou atividades culturais e já expôs suas obras na UEPB, enxerga a participação no Festival Internacional de Arte Naif como um momento de celebração por todos os obstáculos que enfrentou e a capacidade de transportar para a tela seus sentimentos.
“Quero apenas curtir esse momento. Quando eu pinto, é como se eu estivesse valorizando a minha dor e lidando com o sofrimento, mas transformando isso em arte. Eu posso externar tudo o que eu estou sentindo e transportar para um espaço colorido. Toda essa relação que fui vivenciando ao longo desse tempo foi essencial para que, hoje, eu possa reconhecer o meu papel como artista plástica”, finalizou Val Margarida.
Texto e fotos: Givaldo Cavalcanti