Museu de Arte Popular da Paraíba sedia lançamento do livro “Glitter”, nesta quarta-feira (5)

4 de setembro de 2018

O Museu de Arte Popular da Paraíba (MAPP) da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) receberá na próxima quarta-feira (5), a partir das 19h, o lançamento do livro “Glitter”, romance de autoria do mineiro radicado em Campina Grande, Bruno Ribeiro. A entrada é franca. A obra também será lançada em João Pessoa, no Cabaré Brasil, no mesmo horário, no sábado (8).
Saído pela Editora Moinhos, “Glitter”, de acordo com Bruno, critica a indústria da moda e conta a história de um excêntrico estilista e de 20 modelos problemáticas, que desfilam em um evento transgressor e horripilante. O livro foi finalista da primeira edição do Prêmio Kindle de Literatura e ficou entre os pré-selecionados do Prêmio Sesc de Literatura 2016.
Dentre os temas tratados na obra figuram ainda a liquidez do século XXI e o enorme poder que a beleza dispõe na sociedade e na cultura. “A indústria da moda surgiu como ponto de partida, para a ideia do livro, por ser uma metonímia do que somos, fora que é um assunto extremamente superficial e complexo ao mesmo tempo. Este paradoxo me interessa bastante e me levou a pesquisar mais. Outro ponto que me chamou a atenção é que a moda vive de ditar regras, como o que é ou não belo. Obviamente que o conceito de belo é maleável e mudou muito no decorrer dos séculos, mas a força que há nos padrões impostos continua surpreendente e tóxica”, explicou.
O romance é ambientado dentro de um shopping, onde ocorre uma espécie brutal de reality show ao vivo: as modelos desfilam e se matam na frente de uma plateia, enquanto o idealizador do evento, Guilherme de Boaventura, lê os poemas que elas escreveram para se despedir dos seus entes queridos. Segundo acrescentou Bruno, três personagens narram a história: Eva, uma übermodel famosa e polêmica, a humilde modelo Lana Almeida, que traz um passado recente de abusos perpetrados pelo ex-marido, e Viddi Santiago, braço direito de Guilherme de Boaventura, um cão de guarda inescrupuloso e terrível.
“A única forma que vi de dar vida a uma trama dessas, através da literatura, foi trabalhando com uma linguagem feroz e frenética. Apesar disso, acredito muito nessa frase de Baudelaire: ‘Seja poeta, mesmo na prosa’; então nunca abandono o lirismo e as figuras de linguagem na hora de escrever, por mais crua que a coisa seja. Entre a narrativa desses personagens estão os poemas das 20 modelos, de modo que é um livro seco, mas poético”, detalhou.
Quando o cérebro frita
Assim, “Glitter” é uma granada brilhante de fashionismo, morte e perversão, nas palavras do autor. “Eu queria revirar as entranhas da indústria da moda e ficcionalizar toda a insanidade de lá, e, em seguida, fazer um paralelo deste universo com a sociedade em que vivemos. A estetização no livro entra como crítica, pois mostro uma faceta cruel do mundo. E não falo só do mundo da moda, mas do nosso mesmo. As mortes no livro se tornam vídeos para o YouTube, o desfile acaba se transformando em referência no futuro e o que deveria ser visto com horror, pelos olhos alheios, termina sendo enxergado como tendência. A ironia está em mostrar como esse caos se transmuta em fetiche, produto, publicidade. A capacidade do humano de se adaptar a qualquer tragédia é incrível e, igualmente, assombrosa. Não há limites para o obsceno e “Glitter” mostra isso para os leitores”, afirmou.
Para Bruno, a anestesia é a tônica do nosso tempo. “O mundo hoje é uma bomba de distração, brilhos e entretenimento. As pessoas não conseguem mais se entediar, somos uma geração inquieta, pois estamos sempre fazendo algo, seja assistindo Netflix ou fritando o cérebro nas timelines infinitas do Instagram. Em “Glitter” eu retrato um pouco dessa época esquizofrênica, na qual tudo é dislexia, tudo vira mercadoria e pode ser filmado e transmitido nas redes sociais, onde nos tornamos produtores de conteúdo alucinados e tarados em mostrar o que comemos no almoço… Mas, apesar desse apocalipse todo, ainda me considero um integrado. Acredito que, embora haja essa loucura da contemporaneidade, conquistamos uma maior democratização de espaços e vozes. E isso é bom”, enfatizou.
Mais sobre o autor
Escritor, tradutor e roteirista, Bruno Ribeiro, 29, fez Publicidade e Propaganda na Cesrei e se mudou para Buenos Aires, estudando na escola de criatividade Underground. É mestre em Escrita Criativa na Universidad Nacional de Tres de Febrero (Untref). Atualmente vive em Campina Grande. Ribeiro publicou também o livro de contos “Arranhando Paredes” (Bartlebee, 2014), traduzido para o espanhol pela editora argentina Outsider, e “Febre de Enxofre” (Penalux, 2016).
Em 2015, foi um dos vencedores do prêmio Brasil em Prosa, idealizado pela Amazon e O Globo com apoio da Samsung. Denominado “A arte de morrer ou Marta Díptero Braquícero”, o conto de Bruno ficou em terceiro lugar. Clique aqui para ler o conto.
Serviço
O quê: Lançamento do livro “Glitter”, de Bruno Ribeiro
Quando: Quarta-feira (05/09/18)
Hora: 19h
Onde: Museu de Arte Popular da Paraíba (MAPP), às margens do Açude Velho, em Campina
Grande.
Entrada: Gratuita
Outras informações: (83) 3310-9738