“Palco do Choro” presta homenagem ao mestre Duduta no Museu de Arte Popular da Paraíba
Não se sabe se quando ele chegou por aqui, berço das sanfonas, o cavaquinho se fazia ouvir de uma maneira tão sonora, límpida, audível. Fato é que foi graças a ele, principalmente, que nestas paragens o Chorinho ganhou amplo espaço e tornou-se uma seara fértil em talentos, muitos impulsionados por ele. Tendo falecido no dia 25 de julho deste ano, Duduta ganha mais uma homenagem realizada pelo Museu de Arte Popular da Paraíba (MAPP) da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), desta feita em parceria com o Grupo Chorata, por meio do Palco do Choro. A iniciativa terá a participação do Regional de Duduta e ocorrerá na próxima quinta-feira (6), no MAPP, às 19h, com entrada franca.
Duduta já havia sido homenageado pela UEPB em dois outros projetos que contaram com a presença dele, o Sextas Musicais, em 2016, efetivado também no Museu, e o Programa Gente Nossa, em 2015. Para um dos coordenadores do Palco do Choro, Hermes Filho, Duduta não poderia ser lembrado de outra maneira. “Era o maior amante de rodas de choro que conheci. Há mais de cinco décadas ele abria as portas de sua casa aos domingos, estimulando os mais jovens a adentrarem e permanecerem no universo do Choro. Aquilo era uma festa para ele e também para todos os frequentadores, porque era um encontro que aliava a música ao prazer de tocar, tudo muito espontâneo. Muita gente começou a tocar ali e obteve dele o encorajamento que buscava”, disse.
Nascido em Bananeiras, brejo da Paraíba, José Ribeiro da Silva, o Duduta, veio para Campina aos cinco anos e descobriu o cavaquinho ainda criança, tendo recebido como presente de um tio. Trabalhou como mecânico de automóveis e caminhão. Em 1955 formou o grupo Duduta e Seu Regional. Fez de sua residência no Bairro da Bela Vista, em Campina Grande, uma espécie de QG do Chorinho. Lá, além de receber a nova safra de instrumentistas, curiosos do gênero e profissionais do meio, Duduta passou a consertar, a partir da década de 80, instrumentos de cordas e a fabricar de forma artesanal cavaquinho e bandolim. Sofreu um AVC por esse mesmo período, mas prosseguiu com suas atividades e o trabalho de lutheria. Com seus instrumentos, conhecidos pela excelência dos detalhes, presentou vários músicos a exemplo de Marinês e Dominguinhos.
Duduta foi casado por 64 anos com Dona Zilda, com quem teve seis filhos, entre eles Waguinho, que integra o Regional e estará no Palco do Choro. De acordo com Waguinho, o repertório da noite terá canções clássicas, admiradas por Duduta, e criadas por gênios como Jacob do Bandolim, Pixinguinha e Waldir Azevedo, mas também composições do artista junto com o Regional, que lançou dois CD’s, sendo um em 2000 e outro em 2008.
Em 2009, Duduta participou do programa Sr. Brasil, da TV Cultura, apresentado por Rolando Boldrin. Também recebeu o título de cidadão campinense e o diploma de “Mestre das Artes”, expedido pelas secretarias de Educação e Cultura do Estado. Quando completou 80 anos foi homenageado pelos Correios com um selo denominado “Duduta 80 anos de Choro”. Tocou com Paulinho da Viola, Altamiro Carrilho, Canhoto da Paraíba, Biliu de Campina, Gordurinha, Emilinha Borba e Luiz Gonzaga, entre outros, mas, foi muito além: por seu genuíno amor à música e uma generosidade sem par, transformou-se em um ícone da Rainha da Borborema, conseguiu tocar o coração de toda uma cidade.
Serviço
O quê: Palco do Choro homenageia Duduta, com participação do Regional
Quando: Quinta-feira (06/09/18)
Hora: 19h
Onde: Museu de Arte Popular da Paraíba (MAPP), às margens do Açude Velho, em Campina Grande.
Entrada: Gratuita
Outras informações: (83) 3310-9738
Texto: Oziella Inocêncio
Foto: Divulgação