Grupo de Estudos da Universidade Estadual e Projeto Ayan realizam 1º Coco do Abayomi – Feira Cultural

27 de setembro de 2018

Na próxima quarta-feira (3), das 9 às 22h, em Campina Grande, ocorrerá o evento “1º Coco do Abayomi – Feira Cultural”. A iniciativa, que busca celebrar a diversidade étnica e a força criativa presente nela, terá sede defronte ao Diretório Central dos Estudantes (DCE), no Câmpus I da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB). A realização é do Grupo de Estudos Abayomi e do Projeto Ayan, com o apoio da Pró-Reitoria de Cultura (Procult) da Instituição.
Uma grande programação foi planejada para o dia, percorrendo apresentações artísticas, comidas caseiras, oficinas de cavalo-marinho, de percussão e de teatro, além de arte de rua e contação de histórias. As exibições musicais ficarão por conta do Boi da Borborema, Coqueiro Alto e dos Guerreiros do Forró (trio musical do Instituto dos Cegos de Campina Grande – ICCG).
De acordo com uma das organizadoras, a professora Ofélia Barros, o evento surgiu da necessidade de criar espaços na Universidade para a comercialização e troca de serviços, visto que diante do atual cenário nacional só aumenta o número de pessoas tentando obter alguma renda, seja com a venda de comida, bombons, lanches e salgadinhos, seja com a fabricação de artesanato, brechós, entre outros.
“Os alunos, que são a maioria desse segmento, não têm esse ensejo e nem podem concorrer com os comerciantes já estabelecidos no entorno da UEPB. A partir da percepção da demanda, nasceu a ideia de proporcionar esse ambiente como alternativa. Sem perder de vista o caráter acadêmico, reuniremos no evento atividades variadas, com destaque para os temas da diversidade étnica e cultural, arte popular, sustentabilidade e produção artesanal”, explanou.
O Grupo de Estudos Abayomi existe há de dois anos, sendo um desdobramento do Projeto de Extensão denominado “Cinema, Cocada e Tapioca: as narrativas audiovisuais para o debate das questões indígenas e quilombolas”, conforme acrescentou Ofélia. “Como o Grupo, agregamos um numero maior de pessoas no que se refere aos tópicos em que nos concentramos. Dele participam professores da rede pública, ex-estudantes da UEPB, pessoas das comunidades de terreiro, funcionários da Universidade e simpatizantes da temática. Através do Grupo, que conta atualmente com cerca de 15 integrantes, efetuamos debates e promovemos práticas culturais, na Instituição e fora dela”, ressaltou.
Também à frente da organização da iniciativa, o músico e servidor da UEPB, Zé Luan Medeiros, fez um chamamento para que todos participem, desde aqueles que desejam colaborar com as exibições culturais até os interessados em conhecer um pouco mais do trabalho dos expositores. O Projeto Ayan, coordenado por Luan junto com Nayanna Medeiros, começou suas atividades este ano. É voltado à cultura afro-brasileira e indígena e suas influências na música brasileira, com ênfase na percussão. Nesse sentido, duas oficinas já foram efetivadas gratuitamente pelo Projeto, que traz ritmos como o Maracatu de Baque Virado, Coco de Roda, Ijexá, Ciranda, Perré e Guerra, e mostra a parte histórica e prática dos instrumentos percussivos.
Ainda estarão no “I Coco do Abayomi – Feira Cultural”, o Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (Neabí-UEPB), o Grupo de Estudos Boi da Borborema, Caju Ateliê, Flor em Cor Produtos Artesanais, Telu Bordados e Vegan Picnic, entre outros.
Encontro Precioso
“Abayomi” significa “encontro precioso” em yorubá, e diz respeito a um poderoso símbolo de resistência no que trata da construção da identidade afro-brasileira: a boneca abayomi. A bordo dos tumbeiros, navios de pequeno porte que faziam a condução de escravos entre África e Brasil, as mães buscavam algo que apaziguasse os filhos, naquelas péssimas condições, e assim confeccionavam bonecas, que eram feitas a partir de suas próprias vestimentas.
As bonecas não dispunham de fisionomias; as mães rasgavam os retalhos das roupas e faziam nós e tranças que serviam de adorno. Muito mais do que um brinquedo, a boneca abayomi transformou-se numa insígnia do orgulho e da consciência negra, bem como da obstinação do afeto em meio às adversidades.