Bloco da Cinquentinha da Universidade Estadual da Paraíba reúne foliões no Centro de Campina Grande

1 de março de 2019


No final da tarde da última quinta-feira (29), o Bloco da Cinquentinha, da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), desfilou pelas ruas do Centro de Campina Grande. Iniciativa da Instituição, através da Pró-Reitoria de Cultura (Procult), o Bloco reuniu foliões que coloriram o Centro Artístico Cultural (CAC), onde houve a concentração, ao som de muito frevo. A comunidade acadêmica da UEPB aderiu fortemente a ideia do Bloco, dado que nele estiveram técnicos administrativos, professores e alunos, além de toda a população campinense, notadamente os artistas da Rainha da Borborema. Muitos optaram pela fantasia, compondo um momento irreverente e divertido.
Dentre os participantes da ocasião estavam o reitor da UEPB, Rangel Junior; o pró-reitor de Cultura, professor José Cristóvão de Andrade; a diretora do CAC, Patrícia Lucena; uma das curadoras da sala de Cordel do Museu de Arte Popular da Paraíba (MAPP), Joseilda Diniz; o coordenador do grupo de Tradições Populares Acauã da Serra, Agnaldo Barbosa; a presidente do Instituto Solidarium, idealizadora do Festival de Inverno e do Bloco da Saudade, Eneida Agra Maracajá; e o idealizador do Bloco Jacaré do Açude Velho, o escultor Flávio Cândido Freire. A Universidade Aberta à Maturidade (UAMA), como de costume, foi uma atração à parte dentro do desfile, dando um espetáculo de alegria e descontração, configurando-se, sem dúvida, como um dos ápices do Bloco.
Para o reitor, o Cinquentinha resulta de uma escolha da Universidade, que busca estar presente ao que de mais próximo corresponde aos movimentos populares, apoiando esse diálogo das expressões culturais. “Temos aqui frevo, samba, forró, uma variedade de ritmos. A UEPB procura estar inserida na comunidade e acompanhar as manifestações que dela emanam”, endossou. Já o pró-reitor de Cultura apontou a retomada dos antigos festejos de Momo, em Campina, como um marco, para o qual a UEPB mais uma vez dá uma colaboração efetiva. “O Carnaval se reinventa, se ressignifica, e a Universidade está atenta a isso. E o nosso tema, Somos Resistência, é muito apropriado, de fato todos aqui são resistência e precisam ser, especialmente diante do negativo contexto político do país”, observou.
O Cinquentinha saiu pelas ruas e vielas do Centro de Campina, ganhando mais corpo durante o desfile, dado que muitas pessoas se juntaram à agremiação no caminho proposto, seguindo o trio. Um dos destaques do Bloco foi o esmerado estandarte feito pelo artista Sérgio Nascimento. O Bloco da Saudade também cedeu seu estandarte, criado também por Sérgio, e que homenageava Jackson do Pandeiro, laureado, igualmente, pelo Cinquentinha.
A parte musical ficou a cargo de Anildo Samba Show, Carlos Perê e da Orquestra de Frevo Jovens da Borborema, contando, ainda, com os professores do CAC e com declamações de poesia, entre outras exibições, compondo um mosaico que atendia a diversos gostos. A Cia Livre de Dança, a Companhia de Projeções Folclóricas Raízes, o Acauã da Serra, o Ballet da UEPB, entre outros grupos, e vários alunos do Centro Artístico Cultural, eram ao mesmo tempo as estrelas da festa e a plateia.
Uma universidade diferente
Para a professora da rede particular de ensino, Anastácia de Souza Cavalcante, de 38 anos, moradora do bairro de Santa Rosa, que saiu no Cinquentinha pela primeira vez, a UEPB é uma universidade diferente. “Gosto muito do trabalho que a Universidade faz e desse envolvimento que ela tem na vida cultural da cidade. Mostra interesse, compromisso e desejo de ajudar. Sabemos que as instituições de ensino superior ainda têm essa coisa do elitismo da academia, da distância da população em geral e, pelas suas ações, eu não considero a UEPB assim”, explicou.
Para o estudante Dominique Gomes Oliveira, residente no bairro do Catolé, que estuda em um colégio próximo, ouviu a música provinda do Centro Artístico e foi conferir com os colegas, o Carnaval é uma forma de liberdade de expressão. Ao ver o abanador feito com a imagem do Bloco da Cinquentinha em 2019 – uma mulher negra com roupas coloridas e uma sombrinha de frevo – ele disse ter lembrado da vereadora Marielle Franco, assassinada em março de 2018. “Eu acho que o Carnaval também é um jeito das pessoas colocarem para fora o que incomoda, protestarem. A gente se mostra feliz, afinal é Carnaval, mas também quer um Brasil melhor. Gostei muito do bloco e do tema escolhido, esse é o segundo ano que venho ver”, afirmou.
Em 2016, a Universidade Estadual da Paraíba completava cinco décadas de fundação e o pró-reitor adjunto de Cultura, José Benjamim Pereira Filho, sempre atuante na Instituição, imaginava como comemorar a data de modo que agregasse toda a comunidade ao redor da efeméride. Assim surgiu o Bloco da Cinquentinha e não podia ser de outra forma, nem em outra época, posto que uniu todo o contentamento trazido pelo aniversário de 50 anos da UEPB ao contínuo aflorar do Carnaval em Campina. Em 2019, o tema abordado foi “Somos Resistência”, com uma marchinha composta por Alberto Alves e Carlos Perê. O apoio foi concedido pela Creduni e o Bilhetão.
 
Fotos: Paizinha Lemos e Lisiane Almeida