Museu de Arte Popular da Paraíba abre exposição sobre os 100 anos de Jackson do Pandeiro
Colorida, alegre, antiga e moderna, sensorial e lúdica, como só era o paraibano de Alagoa Grande, Jackson do Pandeiro. O Museu de Arte Popular da Paraíba (MAPP) da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), em Campina Grande, está com novas mostras em suas três salas, perfazendo a exposição “Jackson é Pop”. Agora, todos os espaços têm como norte a vida e a obra do Rei do Ritmo, alinhando-se à proposta do Conselho Universitário (Consuni), que instituiu 2019 como o Ano Cultural do artista. Em cartaz, inúmeras peças de propriedade dele ou que remetem à sua história pessoal e trajetória musical.
Na Sala 1, que abriga a seção de Artesanato e tem curadoria de Angelo Rafael, veem-se representações as mais variadas da criação jacksoniana. Mulheres em pano, cerâmica, madeira: são as “sebastianas”, as comadres que tanto marcaram as músicas do artista. O Açude de Bodocongó cantado por Zé Jack, também está lá, em uma foto datada de 1950 e noutra, atual. Além disso, há barcos, santos, tijolos [o pai de Jackson era oleiro], artigos juninos. Cada item disposto realça o quanto é amplo em referências e símbolos o universo perpassado por ele.
Audição das canções, documentos, correspondências, manuscritos, letras inéditas, o emblemático chapéu de couro, bem como a maior das insígnias, o pandeiro – que pertence ao acervo do MAPP – são alguns dos elementos da Sala 2, reservada à Música. A curadoria é do jornalista Fernando Moura.
Na parte de Cordel, uma grande linha do tempo traça os marcos da existência do artista, de 1919, quando nasceu, até sua morte em 1982. Períodos como o ano de 1953, em que ficou conhecido pelo sucesso “Sebastiana” e lançou seu primeiro disco, 1959, que concerne à gravação da lendária “Chiclete com Banana”, e 1963, quando revive suas memórias de Campina, com a gravação de “Forró de Zé Lagoa”, são destacados. “Jackson do Pandeiro na Literatura de Cordel”, de Kydelmir Dantas, “100 Anos de Jackson”, de Ivaldo Batista e “Jackson do Pandeiro Centenário”, de El Górrion, figuram entre as publicações que podem ser encontradas na Sala 3, com a curadoria da professora Joseilda Diniz. No mesmo local também há um painel com uma cena do filme “Cala a boca, Etelvina”, produzido em 1959 e dirigido por Eurípedes Ramos, no qual aparecem Jackson e Almira Castilho, à época no auge da fama.
Exposição mutante
O centenário de Jackson se dá em agosto e o MAPP terá um evento dedicado à efeméride, mas a exposição começou este mês tendo em vista as comemorações juninas. Desde o início do ano, contudo, em toda a UEPB e igualmente por meio da Pró-Reitoria de Cultura (Procult), estão sendo realizadas iniciativas que celebram o talento do Rei do Ritmo.
De acordo com Fernando Moura, a ideia é que “Jackson é Pop” fique em cartaz até 2020, sendo que ganhará outras peças. “Ela será constantemente atualizada e aprimorada, dado que estamos tratando de uma obra de magnitude, cheia de detalhes”, explicou. Fernando acrescentou que o título da exposição, “Jackson é Pop”, vem tirar o artista do “gueto do Forró” e fazer jus a uma genialidade que significa o ápice da MPB. “Ele não cabe em um rótulo, em nenhuma limitação. Ele é o rei dos ritmos do nosso país. Jackson tem baião, xote, lapinha, maracatu, rancheiras, frevos, baiões, marchinhas, até rock e twist”, assinalou.
O pró-reitor adjunto da Procult, Chico Pereira, explanou que, para além dos diversos sons que dominava, Jackson foi um artista do povo, que gostava das pessoas e de ambientes cheios, como feiras, salões e quaisquer lugares onde tivesse contato com os fãs e com aqueles que o inspiravam. “Na exposição trabalhamos o contexto histórico vivido por ele e, igualmente, aspectos relacionados a sua vida mais particular. Nosso intento é alcançar e exibir o quão extraordinário e preciso foi Jackson, em sua tradução de todas as geografias musicais brasileiras”, apontou.
Texto: Oziella Inocêncio
Fotos: Hugo Tabosa