Museu de Arte Popular realiza últimos preparativos para receber Mostra Movimento Armorial 50
Vários ajustes e adaptações começaram a ser realizados, há cerca de 15 dias, no Museu de Arte Popular da Paraíba (MAPP) da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), em Campina Grande – tudo para receber da melhor maneira possível a “Mostra Movimento Armorial 50”, que fica em cartaz de 18 de maio a 20 de agosto no local. Agora, faltam poucos detalhes para que o espaço esteja totalmente apto a receber o evento, que é gratuito e congrega exposição, encontros musicais e rodas de conversa, com patrocínio do Ministério da Cultura e da Petrobras.
Anteriormente, as três salas do MAPP – Música, Cordel e Artesanato – abrigavam a exposição “A Feira de Campina Grande: poéticas e imaginários”. Uma vez retiradas as peças, procedeu-se com algumas modificações no espaço, notadamente na iluminação, com a instalação de mais de 100 refletores com lâmpadas PAR (Parabolic Aluminized Reflector) em LED e trilhos eletrificados, por exemplo. Painéis, tablados acarpetados, paredes soltas em MDF, emassadas, seladas e pintadas, dividindo as áreas internas, foram outras alterações inseridas, bem como efetuaram-se melhorias relacionadas ao sistema de ar-condicionado e à limpeza externa das estruturas cilíndricas de concreto e vidro.
O diretor do MAPP, professor José Pereira da Silva, explicou que as tratativas para que exposição viesse para o Museu iniciaram em novembro de 2022, quando a produtora e idealizadora da Mostra, Regina Regina Rosa de Godoy, sondava algumas cidades para sediar o evento. “Fomos escolhidos em razão das nossas condições, mas era preciso rever algumas questões de ordem técnica. Enfatizamos o apoio que recebemos da reitora, professora Célia Regina Diniz, facilitando esse processo”, afirmou.
Pereira acrescentou que com essas pequenas, mas importantes reformas, o MAPP ganhou uma nova roupagem, permitindo que possa melhor receber outras grandes exposições no futuro. “Tudo que foi colocado, decorrente dessa iniciativa, permanecerá no Museu. É um ganho cultural enorme para a gente, porque são adequações necessárias para elevar o nosso espaço a outro nível”, assinalou. Ao menos 40 pessoas estiveram envolvidas nesse contexto, compreendendo tanto o staff da Mostra como do MAPP.
O diretor ressaltou, ainda, que especificamente para atender os visitantes nesse período, o Museu abriu um edital para seleção de estudantes cotistas. Eles atuarão como monitores e já estão participando de treinamento com a curadoria da “Mostra Movimento Armorial 50”.
Para Pereira, a expectativa para os próximos dias é a mais positiva possível. “Campina Grande será a primeira cidade do Nordeste a dispor desse evento. Para nós, é um marco do ponto de vista museal, configurando-se também como uma oportunidade fundamental, no que se refere à divulgação e ao fortalecimento desse patrimônio artístico, que é o Movimento. Teremos peças raras, como o figurino de Nossa Senhora, desenhado por Francisco Brennand, para a primeira versão cinematográfica de O Auto da Compadecida, feita em 1969. Há um forte significado, um grande simbolismo para a cultura popular, em tudo que vamos expor aqui. O armorial está cada vez mais vivo e na Rainha da Borborema ele ganha ainda mais expressão”, disse.
O jeito Ariano de ser
A “Mostra Movimento Armorial 50” é basicamente uma viagem ao jeito Ariano Suassuna de ser, de criar e de inspirar, revelando de que modo ele existiu e vem existindo artisticamente, com os seus, no mundo. Com patrocínio do Ministério da Cultura e Petrobras, idealização e coordenação da produtora Regina Rosa de Godoy, curadoria de Denise Mattar, consultoria de Manuel Dantas Suassuna e Carlos Newton Júnior, a exposição que abre o ciclo de eventos da iniciativa conduzirá o público por um universo fantástico e cheio de imaginação, divido em três galerias, no MAPP.
O visitante poderá conferir 140 trabalhos de artistas essenciais para a arte Armorial, como os do próprio Ariano, Miguel dos Santos, Francisco Brennand, Gilvan Samico, Aluísio Braga, Zélia Suassuna, Fernando Barbosa e Lourdes Magalhães. A maior parte das obras exibidas pertence a colecionadores particulares e a instituições – a exemplo da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), do Museu da Arte Moderna Aluísio Magalhães e da Oficina Brennand – e nunca havia saído do Recife. Para a etapa Campina Grande, a exposição conta também com cordéis do acervo do MAPP e da Biblioteca de Obras Raras Átila Almeida (BORAA), com curadoria da professora Joseilda Diniz e do poeta Alfrânio de Brito.
Entre os destaques da Mostra, que tem cenografia multicolorida assinada por Guilherme Isnard e identidade visual elaborada por Ricardo Gouveia de Melo, pode-se ressaltar a cronologia completa de Ariano Suassuna, com fotos raras, passando por poemas, livros, manuscritos e vídeos com as suas famosas aulas-espetáculo; uma parte especial dedicada ao artista plástico Gilvan Samico (1928-2013), trazendo xilogravuras e pinturas que jamais foram expostas em mostras de âmbito nacional; e instrumentos e imagens do Quinteto Armorial, grupo de música instrumental idealizado por Ariano, fundado em 1970 e cultuado até os dias atuais.
Antes de chegar ao Nordeste, a Mostra passou por Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília, atraindo a atenção de 250 mil pessoas. Agora, finalmente, chegou a vez dos paraibanos e dos turistas navegarem pelo mundo Armorial e do mestre Ariano Suassuna. Os ingressos estarão disponíveis em breve AQUI.
Texto: Oziella Inocêncio (com informações de Capibaribe Conteúdo)
Foto: Gustavo Lima