Museu de Arte Popular recebe lançamento do livro “Nordeste nunca houve” neste sábado (22)
Neste sábado (22), às 18h, o Museu de Arte Popular da Paraíba (MAPP) da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), em Campina Grande, recebe o lançamento do livro “Nordeste nunca houve”, do pesquisador Johniere Alves Ribeiro. A publicação resulta da tese de doutorado do autor no Programa de Pós-Graduação em Literatura e Interculturalidade (PPGLI), da UEPB. A entrada é franca.
Como mediadores, o evento terá o professor Luciano Barbosa Justino e o presidente da Academia Campinense de Letras (ACL), Thélio Farias. “Atrasado”, “árido”, “fome” e “seca” são algumas das palavras muito usadas para definir o Nordeste e o livro de Johniere descontrói as concepções relacionadas ao Estado, perfazendo uma leitura analítica das obras de autores como Graciliano Ramos, Ariano Suassuna, José Lins do Rego e Ronaldo Correia de Brito. O livro sai pela editora Arribaçã, com capa de Leonardo Guedes e conta com 216 páginas.
“O que inspirou o tema do livro foi o constante preconceito em relação ao Nordeste e o nordestino, bem como romper com as ideias preconcebidas que ao longo do tempo lhes foram impostas. Sempre apresentam o Nordeste como uma espacialidade homogênea, como um lugar atrasado e associado à tradição, nunca à modernidade. Desse modo, a nosso ver, é incompatível tal perspectiva perdurar até a contemporaneidade, o que foi e é um absurdo, já que esta espacialidade recebe as confluências de todos os problemas do país, do Capitalismo de ontem e da globalização da atualidade. Assim, a pobreza, a fome e a miséria não são problemáticas apenas da nossa região, mas de todo o Brasil”, explicou Johniere.
Assim, o título, conforme o pesquisador, faz justamente referência a isso, a algo que foi inventado a partir de um conjunto de interesses, das mais diversas áreas do saber, percorrendo desde a política e a cultura, até a produção artística, entre outras. “Nosso livro procura desconstruir esse Nordeste imposto pelo discurso, buscando os vários Nordestes, que sempre estiveram presentes no Brasil, mas que foram encobertos em razão das várias teias de interesses”, enfatizou.
Acerca do livro, o escritor Lau Siqueira pontuou que o Nordeste sempre foi rico e literário, mesmo que tenha sido devastado, saqueado e calado pelas oligarquias. “A grande tragédia é a estrutura social e não os fenômenos climáticos. A Caatinga é a nossa floresta branca desmatada. Talvez por isso, obras como a de Johniere funcionem como uma britadeira quebrando muros e preconceitos regionais inconcebíveis”, assinalou.
Johniere Alves Ribeiro é doutor e mestre em Literatura e Interculturalidade (PPGLI/ UEPB), tendo desenvolvido no referido programa de pós-graduação estudos sobre Literatura Nordestina Contemporânea. É graduado em Licenciatura Plena em Letras pela Universidade Federal de Campina Grande (UFCG). Também é autor dos livros de poemas “Página para versos”, “Fogueira de espelhos ou A alquimia do cais”, atuando igualmente nos gêneros ensaio e resenha. É professor de Literatura Brasileira Contemporânea e parecerista da Revista Boitatá. Ganhou o 1° Concurso de Poesia e Contos do Sesc/Campina Grande e tem poemas publicados em livros de antologias, como também em revistas e suplementos literários, impressos e on-line.
Texto: Oziella Inocêncio
Foto: Divulgação (Arquivo Pessoal)