Retomada das oficinas de arte movimenta Centro Artístico da UEPB
A última terça-feira (12) começou super cedo para a aposentada Francisca Rosa Dantas e Silva, de 81 anos. Ela disse que adora exercer a função de administradora e por isso, há bastante tempo, tomou para si a tarefa de fazer as compras para o restaurante do neto. Trabalho terminado, 11h30 Francisca chegava em casa para preparar o almoço. Moradora de Campina Grande, ela contou que naquele mesmo dia recebia uma nova secretária em casa, fato este que trazia um pouco de preocupação: a maior parte da tarde seria dedicada a mostrar à nova contratada o que era necessário ser feito na residência, não apenas em relação à limpeza, mas no que trata das refeições. Mesmo assim, após haver cumprido as várias obrigações previstas, a aposentada estava em sua aula de Dança, no Centro Artístico Cultural (CAC) da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB).
“Me sinto cansada, porém não podia deixar de vir. Eu não falto, faço todo sacrifício, mas venho”, enfatizou ela, exibindo, orgulhosa, a camisa do curso. Francisca é uma das 250 pessoas beneficiadas pelo recente retorno das práticas culturais do CAC. “Tenho problema de coluna e sei como isso me ajuda, especialmente na mobilidade. No cotidiano, noto o quanto é positivo para a minha saúde. Além disso, amo dançar, me movimentar. Sempre acompanhei as atividades daqui e quando houve a pausa nos cursos senti muita falta, criou-se uma lacuna nas coisas que gosto de fazer”, explicou.
A procura pelas oficinas foi enorme, de acordo com a diretora do Centro Artístico, Patrícia Lucena. Ela acrescentou que um novo capítulo se iniciou no CAC, sendo que a história deste equipamento cultural instalado na Avenida Getúlio Vargas — precisamente no edifício em que durante décadas funcionou a Faculdade de Administração da UEPB — remonta a 2013.
Naquele ano, o espaço foi constituído a partir da junção do Centro de Arte e Cultura (com os cursos de Violão, Sanfona, Percussão, Teatro, Pintura, Dança de Salão, Canto Coral e Jogos Teatrais) e da Casa Brasil (com o Ballet e a Dança de Salão), ganhando mais cinco cursos nos anos seguintes: Dança do Ventre, Iniciação à Filarmônica, Teatro Infantil, A Sanfonada e Iniciação à Sanfona de Oito Baixos. Desde então, a presença do CAC só se consolidou em Campina.
“A vivacidade do Centro Artístico se deve às pessoas. Ele tem a sua comunidade própria, pois há esse grande convívio entre os alunos. Assim, para os participantes dos cursos, ele significa bem mais que um local de aprendizado. É um lugar para se viver a arte, mas também para dialogar, um ponto de encontro”, afirmou a diretora.
A faixa etária dos inscritos segue ampla, posto que não há restrição, quando se fala em idade máxima — vai dos 10 aos 90 anos — e os estudantes são oriundos de diversos pontos de Campina, como Malvinas, José Pinheiro, Alto Branco, Pedregal, Vila Cabral de Santa Terezinha, Tambor, Aluízio Campos, Nova Brasília, Centro, Liberdade, e de localidades próximas, a exemplo de Queimadas.
Pandeiro e saúde
Outra aluna assídua no CAC, é a cantora e jornalista Fátima Silva, 70. “Desde cedo, ainda criança, surgiu minha habilidade para a percussão. O tempo foi passando e deixei isso um pouco de lado, mas sempre gostei”, explanou. Agora, matriculada no curso de Pandeiro, ela disse que planeja “tirar o atraso”. “Sei que melhora a coordenação motora, a concentração e a memória, daí meu interesse também”, detalhou.
Para Fátima, estar na atividade representa, ainda, conectar-se mais com o meio musical. “Encontrei aqui muita gente boa, competente, docentes excelentes. Gente que toca, canta, enfim, gente da música. Além de ser gratuito, é no Centro da cidade, dentro da nossa comodidade. Tem sido uma experiência ótima, esse trabalho realizado pela UEPB é fundamental”, apontou.
Na atualidade, o CAC oferece os cursos de Sanfona, com o professor Marcos Silva de Lima; Dança, ministrado pelo professor Jefferson Xavier de Araújo; Iniciação ao Desenho e à Pintura, com a professora Maria Luíza da Costa Ribeiro; Danças Folclóricas, com o professor Ronildo Cabral de Sousa; e Pandeiro, cujo docente é o professor Hemerson Costa Melo. Dispõe, igualmente, do Núcleo de Formação, Pesquisa e Experimentação Teatral, coordenado pelo professor Chico Oliveira, e do curso de Violão, a cargo do professor Caio Czar.
Texto: Oziella Inocêncio
Fotos: Divulgação