Observatório Bríggida Lourenço propõe evento trazendo mesa de diálogo sobre feminicídio

Observatório Bríggida Lourenço propõe evento trazendo mesa de diálogo sobre feminicídio
19 de junho de 2025

Em alusão ao Dia Estadual de Combate ao Feminicídio na Paraíba, instituído pela Lei 11.166 de 2018, foi realizado na tarde da última quarta-feira (18), um evento proposto pelo Observatório Bríggida Lourenço (OBL) de prevenção ao feminicídio e a outras violências contra as mulheres. A iniciativa aconteceu no Museu de Arte Popular da Paraíba (MAPP), sendo que é o 3º ano consecutivo que ela é efetuada pela Universidade Estadual da Paraíba (UEPB).

O tema norteador do evento foi “Diálogo sobre Masculinidades e Feminicídio: A Urgência da Prevenção”. Compondo a abertura estavam a vice-reitora da UEPB e coordenadora do Observatório, Ivonildes Fonseca; Leandra Cardoso, da Secretaria de Estado da Mulher e Diversidade Humana (SEMDH), representando a secretária Lídia Moura; Nadja Oliveira, pró-reitora adjunta de pós-graduação e pesquisa da UEPB e diretora técnica do “Programa Antes que Aconteça”; Izabelle Ramalho, professora da UEPB e vice-presidente da Comissão Nacional de Gênero e Violência Doméstica do Instituto Brasileiro de Direito de Família (IBDFAM); Nadine Agra, professora da UEPB e integrante do Observatório Bríggida Lourenço; e o deputado Raniery Paulino, autor da Lei 11.166 de 2018. A mestre de cerimônias foi a assistente social Terlúcia Silva, igualmente componente do OBL.

Em uma segunda parte da ocasião, ocorreu uma mesa de diálogo, composta pela juíza Rosimere Ventura Leite; Karine Vasconcelos, delegada da Delegacia Especializada de Atendimento às Mulheres; e o professor de Antropologia da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), Valdonilson Barbosa dos Santos. A mediação foi de Izabelle Ramalho. Também se deu um momento com declamação de poemas, feita por Priscila Rocha, apresentando seu escrito “Por nós e por elas”, e Nicolau Bento, com o cordel “Quando o Machismo Atinge o Homem”.

A vice-reitora e coordenadora do OBL destacou que o Observatório tem desenvolvido um importante trabalho, a partir de diversas frentes e práticas, oferecendo acompanhamento, inclusive, de modo a auxiliar as mulheres que estão inseridas em um contexto de violência. “São ações que beneficiam diretamente a sociedade. Anualmente, a UEPB pontua esta data com reflexão e busca por soluções, sendo impossível não lembrar, com tristeza e indignação, das nossas perdas, como as que envolveram Rayssa de Sá, Saara Rodrigues e Bríggida Lourenço, vítimas de feminicídio”, assinalou Ivonildes Fonseca.

Ela acrescentou que a violência contra a mulher não é um problema apenas feminino, é um desafio às comunidades que exige o engajamento de toda população. “A partir deste ano, estamos trazendo a participação masculina em nossas mesas de diálogo. Precisamos de uma mobilização coletiva, sobretudo masculina, para mudar esse cenário, pois não temos visto isso de uma maneira mais ativa, então há um desequilíbrio. As mulheres têm conquistado variados avanços nesse âmbito, em inúmeros campos de estudo, progredimos bastante também na seara legislativa. A transformação dessa realidade passa, necessariamente, pela mudança de comportamentos e mentalidades masculinas. Os homens precisam ser aliados efetivamente, para que possamos nos unir nessa responsabilidade, que é comum a todos nós”, afirmou.

A reitora da UEPB, professora Célia Regina Diniz, finalizou a iniciativa, agradecendo às pessoas que enriqueceram o evento, trouxeram novas informações e vivências a respeito do tema. Ela endossou, ainda, que o Observatório não se limita ao levantamento de feminicídios no Estado, mas a evitar que eles ocorram, fazendo um trabalho de educação e prevenção. “Aprendemos muito aqui hoje com tanto conteúdo proveitoso, cada ação semelhante vem fortalecer a nossa causa. Parabenizo todo o grupo que organizou o evento”, concluiu.

Tecnologia contra os agressores

Durante o evento foi informado que recentemente o Ministério da Justiça e o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) publicaram uma portaria em que será tornado obrigatório o monitoramento de agressores de mulheres. O objetivo é garantir o cumprimento de medidas protetivas em casos de violência doméstica e familiar. Acerca disso, Nadja Oliveira destacou que está em curso a execução de variadas ações do “Antes que Aconteça”. O Programa estabelece uma série de políticas públicas de tecnologia e inovação voltadas à proteção da mulher, através de monitoramento usando tecnologia de ponta.

Nadja informou que 70% das mulheres que morrem de feminicídio têm medida protetiva. “Logo, percebe-se que não está sendo eficaz esse monitoramento feito na atualidade, por isso desenvolvemos dispositivos tecnológicos, como esses vestíveis, do tipo smartwatch, que farão o monitoramento em tempo real do agressor e da vítima, por meio do batimento cardíaco, para que os dados sejam transmitidos para uma central de inteligência da Polícia, quando ele se aproximar da mulher”, explicou.

O deputado Raniery Paulino ressaltou a relevância do evento proposto pelo Observatório Bríggida Lourenço. “A vida exige de nós posicionamentos. Criar nossos filhos, escrever um livro, plantar uma árvore, são contribuições para a sociedade e esta lei, que prevê o Dia Estadual de Combate ao Feminicídio na Paraíba, vai nesse mesmo sentido. Quando uma mulher é vítima de feminicídio, frequentemente uma família inteira se desestrutura, por isso há uma lei, também de minha autoria, para que o órfão de feminicídio tenha amparo do Estado até sua maioridade, peço, aliás, apoio para que seja implementada”, afirmou.

Presentes à oportunidade estavam, entre outros, o diretor do MAPP, professor José Pereira da Silva; o pró-reitor adjunto de Gestão de Pessoas, Josenildo Lima; a diretora do Centro de Ciências Jurídicas (CCJ) da UEPB, Maria Cezilene Araújo de Morais; o professor Adeilson Tavares, da Coordenadoria de Acompanhamento e de Permanência da Política de Cotas da Graduação (CAPPCG); a pró-reitora estudantil, professora Núbia Martins, e a pró-reitora adjunta, professora Shirleyde Santos; o coordenador de comunicação da UEPB, Hipólito Lucena; o professor Otacílio Gomes, chefe do Departamento de Filosofia da UEPB;  a assessora técnica do Centro de Ação Cultural (Centrac), Patrícia Sampaio; e a diretora da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Marli Melo.

Texto: Oziella Inocêncio
Fotos: Paizinha Lemos