Museu de Arte Popular ganha duas novas exposições nesta quinta (23) e sexta-feira (24)
O Museu de Arte Popular da Paraíba (MAPP), em Campina Grande, segue em franca atividade, trazendo novas exposições esta semana. “Fora de Mim Outro Lugar”, de Zé Santana, e “Profundo-Terra”, de Rebeca Souza, estreiam nesta quinta (23) e sexta-feira (24), respectivamente. Ambas as mostras foram contempladas pela Política Nacional Aldir Blanc (Edital Biliu de Campina/2024) e têm entrada franca.
O vernissage de “Fora de Mim Outro Lugar” ocorre às 19h, contando com a intérprete de Libras Jéssica Santos e a participação da DJ FlôCore. São 25 obras em aquarela, telas em giz pastel oleoso, arte têxtil e composições tridimensionais em diversos materiais. A curadoria é do artista visual Alisson Nogueira. Segundo Zé Santana, a exposição traz a interrelação entre as danças e folguedos populares, a memória e a cultura, através de uma perspectiva autoetnográfica, transitando entre a arte popular e a contemporânea. “O projeto surgiu a partir dos desdobramentos dos meus trabalhos como artista, das minhas lembranças da infância e da trajetória na dança, que faz parte do meu cotidiano desde cedo. Tenho duas irmãs que são dançarinas populares. Por volta dos meus 6, 7 anos, meados dos anos 1990, comecei a acompanhá-las em ensaios, no Teatro Municipal, assistia aos espetáculos e ia com elas em outros espaços de apresentação também, a exemplo de arraiais e quermesses”, explicou.
Além disso, desde 2007, Zé atua como dançarino popular na cidade. “Iniciei no Grupo de Tradições Populares Acauã da Serra e fiquei até 2015. Em 2016, ingressei na Companhia de Projeções Folclóricas Raízes, grupo do qual faço parte até hoje. No começo, a ideia era melhorar minha socialização, pois tenho uma tendência a ser mais introspectivo. A curiosidade e o trabalho relacionado às artes visuais se deram em 2015, já focando no universo popular, mas o fazer artístico foi se aprimorando durante a graduação em Artes Visuais ”, destacou.

Já dos anos da graduação em História, veio o interesse por aspectos culturais e sociais. “Busquei estudar mais sobre tradição, memória, cultura popular e identidade. Nas artes visuais, a ênfase foi na autoetnografia, enquanto metodologia de pesquisa. São esses elementos que estão na poética do que crio”, disse.
“Profundo-Terra”
O vernissage de “Profundo-Terra” acontece na sexta-feira (24), às 16h30. Dois DJS participam da abertura: Gleydson Virgulino e Edu. A exposição é realizada pela Polvo – Cinema, Arte e Educação, com o apoio do Ypuarana Cultural e do Museu de Arte Popular da Paraíba.
Conforme Rebeca, estarão expostas três esculturas feitas com materiais variados, a exemplo de metal, barro, madeira e vidro, em um diálogo entre si. “Esse trabalho também tem muito de experimento, do estar em contato com as obras. A combinação sensorial que elas trazem, aponta para a valorização da materialidade e para o elo que há entre arte e espaço. Assim, é possível compreender de que forma as esculturas ocupam e transformam o ambiente, a maneira como elas são percebidas pelo público e, ao mesmo tempo, como o próprio local e o entorno vão ‘responder’ à presença da arte”, afirmou.
Rebeca revelou que as obras ganharão, igualmente, novos contornos e sentidos a partir da interação dos DJS com as obras. “Eles vão tocar ‘dentro’ das esculturas, propondo uma ressonância diferenciada, ampliando o significado delas por meio da música e modificando a percepção da plateia, mostrando que a arte é algo que se constrói no instante, sendo capaz de transformar todo o entorno, lugares, pessoas, a realidade”, assinalou.

Mais sobre os artistas
Zé Santana nasceu em 1989, em Campina. É graduado em História pela UEPB e em Artes Visuais pela Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), de Juazeiro (BA). Iniciou seu caminho nas artes através da Dança Popular, participando de festivais nacionais e internacionais, no Brasil e na Itália. Seus trabalhos percorrem várias técnicas, mas têm principalmente a arte têxtil e a aquarela como tônica, abordando questões como memória, cultura popular, corpo, identidade e relações de fé. Participou de exposições coletivas nos estados da Paraíba, Pernambuco e Bahia, sendo que neste último apresentou sua primeira individual, em 2023, intitulada “Relicário. Na atualidade, é mestrando em Artes Visuais, pelo Programa Associado de Pós-Graduação em Artes Visuais (PPGAV/UFPB-UFPE), em João Pessoa.
Rebeca Souza trabalha com escrita e desenho, escultura, instalação, vídeo e objetos, utilizando o preto como motivo central. Em 2025, fez residência na Escola Superior de Arte e Design de Limoges, com uma exposição no Museu de Belas Artes, daquela cidade francesa. Em sua trajetória artística figuram as individuais “Substância-Atrito” (MAAC, Campina Grande-PB, 2024); “Montagem em Suspensão e Cadernos 01, 02 e 07” (Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica, Rio de Janeiro-RJ, 2024); “Tramas e Tentáculos para Especular sobre a Terra” (ExpoSesc, Campina Grande-PB, 2024); “As rochas são formadas pela expiração, brisa e redemoinhos” (Galeria Archidy Picado, Espaço Cultural José Lins do Rêgo, João Pessoa-PB, 2024); “Desenho da Terra” (MAPP, Campina Grande-PB, 2023); e “Terra-terra” (Galeria Lavandeira, João Pessoa-PB, 2023). Participou de coletivas como ExpoSESC (Paraíba, 2024) e ATUL (Rio de Janeiro e São Paulo, 2022).
Texto: Oziella Inocêncio
Acesso à Informação