MAPP sedia lançamento do EP “Vaiaviva” da banda “Will e a Manufatura”
O Museu de Arte Popular da Paraíba (MAPP), em Campina Grande, recebeu no último domingo (2) o lançamento do EP “Vaiaviva”, trabalho de estreia da banda “Will e a Manufatura”, formada por Will (voz e violão), Pedro Haus (produção e arranjos) e Hygor Roque (baixo). A apresentação se deu em formato voz e violão, e através dela também foram arrecadados alimentos não perecíveis, para doação.
Segundo Will, que assina as composições, o projeto agrega elementos de música latina, blues, rock, trova e baladas à MPB, utilizando, ainda, temas religiosos, históricos, filosóficos e literários — tudo isso com a intenção de abordar aspectos corriqueiros do cotidiano e desvelar questões como a instabilidade emocional que cerca a contemporaneidade. “São alegorias que se desenvolvem entre símbolos antagônicos, ora trágicos, ora cômicos, às vezes dramáticos, para provocar o interlocutor, incentivar uma reflexão. Nossas influências principais são compositores como Caetano Veloso, Chico Buarque, Bob Dylan e Leonard Cohen. O EP tem peças escritas entre 2015 e 2023 e elas trazem, de uma maneira incomum, assuntos como afeição, liberdade, moralidade, tolerância e espiritualidade”, afirmou.
“Vaiaviva” foi contemplado pela Política Nacional Aldir Blanc (Edital Biliu de Campina/2024) e produzido inteiramente em Campina pela “Cristaline Music”, cuja direção é do músico e produtor Pedro Haus — ele também assina os arranjos do material. Além disso, o trabalho foi mixado e masterizado pelo produtor Romero Coelho, do estúdio “Puxado Lab”, e conta com a participação de artistas do cenário local, a exemplo de Gitana Pimentel, Lucas Barreto e Moab Brito.

Entre as 5 faixas do EP, destaca-se “Calamidade”, uma tragicomédia. “Fala acerca do monstro que nos consome desde a antiguidade e, claro, deixo a interpretação sobre quem é ele, para o ouvinte. A música foi montada como um filme B de horror e narra a desventura do protagonista, que virou sopa ao se deparar com a vilã que sempre quis e jamais esperou. A história é revelada sob um bolero acelerado e o refrão vira salsa. Há, ainda, um tango no meio”, informou.
Já a niilista “Sofisma” é permeada por um discurso inflamado. “Nela, um sofista relê o Mito da Caverna. Ele discursa em uma ágora ambientada na atualidade, para uma plateia facilmente manipulável. Sua estrutura argumentativa é feita através de diversas microverdades, que vão construir uma grande mentira no final. Tudo junto traz à tona aspectos perturbadores, da contemporaneidade, a exemplo do desespero, do vazio, da falta de humanização. O assunto é apresentado dentro de uma canção folk, mas ela abrange tanto essa parte mais séria e carregada até a infantilidade do jingle de TV, um expediente utilizado até mesmo para o povo não se assustar com o que está sendo dito”, explicou. As outras músicas são “Calendário”, “Maniqueísmo” e “Novelo”.

“Foi uma ótima experiência fazer esse lançamento no MAPP. Era exatamente o que eu esperava. Agradeço sobretudo ao diretor, professor Pereira, e a Alberto Alves, que é funcionário da Pró-reitoria de Cultura. Eu imaginava que não ia dar muita gente, até porque foi em um feriado de Finados, mas teremos outras apresentações com a banda mesmo. Foi um show intimista, a plateia participou bastante, falamos sobre as músicas. Houve uma boa resposta do público e a oportunidade de mostrar algumas canções novas”, disse.

Mais sobre o artista
Willames Diniz da Silva, o Will, é pessoense radicado em Campina e se interessou por música na adolescência. Foi estudante do Núcleo de Artes e Cultura do antigo Centro Federal de Educação Tecnológica da Paraíba (Cefet/PB), quando iniciou no violão, dedicando-se ao instrumento até hoje. Participou de bandas de garagem no cenário universitário da capital, como “Spitfire Blues Band”, “Tropical Blues” e “Sabbath Religion”, tocando guitarra, baixo e bateria.
Integrou diversos eventos culturais, figurando, entre eles, a 1ª edição do web festival Eu fico em casa PB; várias edições do Festival de Música da Paraíba, obtendo o 2º lugar em 2022; o Festival Viva Usina; o 11ºFest Clip; e o II Festival Latino-Americano de Matemática, Artes e Literatura, em 2023.
Também é escritor, tendo como base a produção de contos tragicômicos e a poesia marginal. Foi um dos fundadores da editora independente “Ressaca Livros”, pela qual publicou, em formato de e-book, “Não há inocentes aqui”, em 2012. Seu trabalho mais recente nesse sentido é “Poema sobre Poema”, obra poética de peças metalinguísticas, publicada de modo independente e que foi selecionada no 2º lugar geral do “Prêmio Hermano José para Obras Físicas”, da Lei Aldir Blanc Fase II, em 2021. Integrou, igualmente, a antologia “+Humor”, publicada pelo Selo Off Flip, em 2023, e participou como voluntário de vários projetos culturais de poesia e música na rede pública de educação. O sarau “Aquela Bendita Palavra: Cordas e Líricas”, também projeto dele, foi selecionado para compor o Festival Viva Usina 2024.
Atualmente, desenvolve o projeto autoral “Will e a Manufatura”, a dupla de rock infantil “Pregunça” e faz parte do movimento de compositores de Campina Grande, denominado “Coletivo Compor”.
Texto: Oziella Inocêncio
Fotos: Danielle Oliveira (Divulgação)
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