18ª edição do Folkcomunicação: valorização da religiosidade e homenagem aos 50 anos do curso de Jornalismo
Valorização das manifestações religiosas e reconhecimento a um dos cursos de Jornalismo mais importantes do Nordeste. Depois de reconhecer a contribuição de personalidades como Luiz Beltrão, Roberto Benjamim, Jackson do Pandeiro e Lourdes Ramalho, o Seminário os Festejos Juninos no Contexto da Folkcomunicação e da Cultura Popular enaltece as manifestações religiosas e homenageia os 50 anos do curso de Jornalismo da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB).
Com tema “As manifestações da religiosidade popular”, a 18ª edição do evento, realizado pela UEPB e pela Rede de Estudos e Pesquisa em Folkcomunicação, foi lançado oficialmente nesta quarta-feira (29), no Auditório III da Central de Integração Acadêmica Paulo Freire, Câmpus I, em Campina Grande. A atividade foi transmitida ao vivo pelo canal Rede UEPB no YouTube e outras plataformas digitais. Três mesas redonda em torno do tema central da edição 2023 do Seminário foram realizados ao longo da manhã. Este ano o Seminário será realizado entre os dias 31 de maio a 2 de junho, as vésperas do São João de Campina Grande.
Com o auditório lotado por professores e estudantes de Jornalismo, o evento foi aberto oficialmente pelo professor Luiz Custódio da Silva, fundador e coordenador geral do Seminário, e que participou do lançamento de forma remota. Além do professor Custódio, estiveram presentes ainda da abertura dos trabalhos o professor Roberto Faustino e a professora Ada Kesea Guedes, estes dois de forma presencial.
O professor Luiz Custódio destacou que desde a sua origem, o Seminário Folkcomunicação tem uma relação muito estreita com o Nordeste, com a comunicação e as manifestações populares. “Esse evento é importante no contexto do curso de Jornalismo da UEPB, que este ano comemora 50 anos. Um curso que tem uma grande relevância para a Paraíba e para a formação de jornalistas”, destacou. Custódio também enfatizou a temática escolhida para este ano e lembrou que as manifestações religiosas chamam a atenção por abrir perspectivas para muitas reflexões que impulsionam para a vida. Ele citou como exemplo a Caminhada Penitencial que anualmente atrai centenas de fiéis, saindo da Catedral em Campina Grande, até o Convento Ipuarana, em Lagoa Seca.
Um dos organizadores do 18ª Seminário de Folkcomunicação, o professor Roberto Faustino explicou que este ano a edição terá algumas novidades, sendo a principal delas a realização de diversas atividades pontuais até o dia do evento. Essa dinâmica visa oportunizar uma maior discussão sobre os 50 anos do curso de Jornalismo da UEPB, além de incentivar e envolver um maior número de estudantes no Seminário. “A nossa pretensão é dar continuidade ao evento com várias atividades não só presenciais, mas também remotas até em função dos 50 anos do curso e da temática central que é a religiosidade popular”, explicou.
O clima da 18ª edição do Folkcom começou a ser sentido na participação do estudante de Jornalismo Gabriel Diniz, que declamou o poema “A Briga na Procissão”, um dos mais famosos do poeta paraibano de Guarabira, Chico Pedrosa, já homenageado em edições anteriores do seminário. Na sequência, aconteceu a mesa-redonda “A tradição da Paixão de Cristo e da religiosidade popular em Várzea Alegre no Cariri cearence”, comandada pelo professor Jurani Oliveira Clementino, professor dos cursos de Jornalismo da UEPB. Jurandi lembrou algumas das manifestações que acontecem em Várzea, a cidade dos “contrastes” como procissões, a prática do jejum, a penitência, as tradições do pau de sebo e da malhação do judas, entre outras atividades. Essa atividade contou com a presença de representantes da Secretaria de Cultura e Turismo, de grupos religiosos e culturais do município de forma remota.
Aprofundando o tema do Folkcom 2023, aconteceu a mesa “São José”, origens e ressignificações da religiosidade popular, comandada pelo padre Josandro de Macedo Félix, vice-reitor do Seminário Diocesano e coordenador da Comissão para Educação, Cultura e Universidades da Diocese de Campina Grande, Rafael Augusto, assessor da Pastoral da Comunicação da Diocese, e o professor e pesquisador Oswaldo Meira Trigueiro da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), que participou de forma remota. O professor Oswaldo falou sobre a relação do dia de São José com a meteorologia, como também tentou mostrar porque tradicionalmente chover no dia 19 de março é sinal de boa colheita no período junino.
Padre Jossandro explicou que o Nordeste tem apreço a São José por ele ter forte identificação com elementos da região. Ele lembrou que São José foi um homem justo, silencioso, que ajudou a edificar a casa de Nazaré e marcou boa parte da vida de Jesus. Enfático, disse que o silêncio foi uma das características de São José, tido com o patrono da igreja, das famílias, dos anônimos e dos trabalhadores. O padre disse que uma das palavras que marca o carpinteiro São José é o equinócio, fenômeno astronômico que marca o início das estações, e no caso do Nordeste, o tempo da plantação, especialmente no dia 19 de março.
“José é aquele que protege Jesus e Maria. São José é o pai que sabe viver como imigrante e o homem que confia em Deus e acredita nos sonhos”, disse citando o papa Francisco e o teólogo e filósofo Leonardo Boff.
O evento foi encerrado com a abordagem sobre a temática estética e espetacularização da religiosidade popular no Nordeste e Centro-oeste brasileiro. Essa mesa teve a participação dos professores Jorge das Graças Veloso, da Universidade de Brasília (UnB), Arão de Azevedo Sousa, do Curso de Jornalismo da UEPB, e Cícero Félix de Sousa, do Centro Multidisciplinar de Santa Maria da Vitória-BA e ex-aluno de Jornalismo da UEPB.
Ao longo das próximas semanas a temática do 18ª edição do Folkcom será abordada através de mesas-redondas, grupos de trabalho, oficinas, lançamentos de livros, exposições fotográficas, mostras audiovisuais e shows artístico-culturais. O objetivo dessas atividades é contemplar o máximo possível da diversidade das expressões religiosas, espirituais e culturais do povo brasileiro. Em relação aos 50 anos do curso de Jornalismo, o debate será promovido pelo grupo de pesquisa Comunicação, Cultura e Desenvolvimento, curso de Jornalismo e projeto Meio Século, que tem o apoio do Departamento de Comunicação (Decom), Centro Acadêmico Wladimir Herzog (Cajor), Centro de Ciências Sociais Aplicadas (CCSA), Reitoria e Pró-reitorias da UEPB.
Texto: Severino Lopes
Fotos: Paizinha Lemos
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