3° Encontro de Sanfoneiros e Tocadores de Fole de Oito Baixos tem início no Câmpus de Araruna
Começou na manhã de quinta-feira (25), em Araruna, a terceira edição do Encontro de Sanfoneiros e Tocadores de Fole de Oito Baixos da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB). A iniciativa, realizada pela Pró-Reitoria de Cultura (Procult) da Instituição, estendeu-se por todo o dia, sendo integrada ao aniversário de nove anos do Câmpus VIII e à Feira Científica e Cultural (FECC) que compunha a programação.
O Encontro foi sediado no auditório do CCTS. À mesa de abertura estavam o pró-reitor de Cultura, José Cristóvão de Andrade; os músicos Luizinho e João Calixto; o escritor Kydelmir Dantas; os pesquisadores Xico Nóbrega e Jocelino Tomaz; o coordenador local do evento em Araruna, Lino Sapo; e o diretor do Centro de Ciências, Tecnologia e Saúde (CCTS), professor Manuel Antonio Gordón-Núñes.
As apresentações artísticas ficaram por conta dos sanfoneiros inscritos no Encontro, além dos músicos João Batista, Erivan Ferreira, Luizinho Calixto, João Calixto, Sabrina Gomes e Bruno Geovanni, e do Grupo de Tradições Populares Acauã da Serra. Mais tarde, todos eles participaram das exibições propostas pela Feira Científica e Cultural.
Por ocasião de seu centenário, Jackson do Pandeiro era o farol a nortear as atividades, sem dúvida o nome mais lembrado tanto no Encontro, como na FECC. O artista de Alagoa Grande foi figura marcante em todas as práticas: a imagem de Zé Jack, que estampou desde o folder da Feira, passando por exposições, livros e cordéis trazendo um pouco da sua obra, ecoou no auditório durante as palestras e, teve, por fim, seu ápice, quando músicas dele foram cantadas e dançarinos, ao som do Rei do Ritmo, bailaram.
O pró-reitor de Cultura da UEPB endossou a satisfação por mais uma vez o Encontro ser iniciado em Araruna. Em sua fala, Andrade ressaltou, ainda, o legado deixado pelo sanfoneiro Abraão Basílio Bezerra, o Cabralzim. O artista faleceu em novembro do ano passado, aos 93 anos. Poucos meses antes, recebeu uma homenagem do Encontro. Cabralzim foi lembrado, igualmente, por Lino Sapo. “Hoje teremos a inauguração de um miniauditório que leva o nome dele. O fole de oito baixos que ele usava foi cedido pela família à UEPB e agora faz parte do acervo da Instituição. Cabralzim esteve no Encontro desde o começo e ficou na memória como um retrato da arte da nossa gente”, explicou.
O agricultor aposentado Ednaldo Correa, de 69 anos, morador de Barra de Santa Rosa era um dos presentes ao Encontro. Ele detalhou que começou a tocar aos 13 anos. “Mas ainda não aprendi totalmente”, pontuou sorrindo. Fã de Jorge de Altinho e Flávio José, ele asseverou que ainda se apresenta com sua sanfona, especialmente no São João. “Nasci no meio da música, fui criado pelo meu avô, ele tocava fole de oito baixos. A primeira sanfona só pude comprar aos 20 anos, porque era um valor alto. Precisei dividir em várias prestações. Hoje tenho um neto e um filho que também tocam. Para mim é assim: em primeiro lugar está Deus, depois meus filhos e em terceiro lugar a sanfona”, explanou.
A comunidade dentro da Universidade
O Câmpus VIII estava cheio de gente. Muitas cores, muita algazarra. Eram crianças e adolescentes de todas as idades. “Nossa ideia era que o aniversário do Câmpus não ficasse restrito à Universidade. Queríamos celebrá-lo de portas abertas. Não faz sentido comemorarmos sozinhos. A comunidade tem que usufruir de tudo que a Universidade possui. Muitas vezes, ela nem conhece o que dispomos aqui. Então nosso objetivo este ano foi reunir esse público e fazer parcerias com diversas prefeituras. Temos a Prefeitura de Barra de Santa Rosa, Damião, Tacima, Passa e Fica (RN), Cacimba de Dentro e Araruna. A Feira também é uma espécie de vitrine para que essas prefeituras mostrem o que estão desenvolvendo”, disse.
Para Manuel Antonio, as pessoas devem se sentir atraídas pelo Câmpus. “Queremos que tenham vontade de participar do que fazemos, que conheçam o Câmpus e quem sabe, futuramente, sejam os nossos alunos, sejam os nossos funcionários, sejam os nossos professores. O Encontro se juntou a essa festa”, concluiu.
Professor de Engenharia Civil do Campus VIII, Lauandes Marques explicou que todas as escolas municipais de Araruna foram convidadas. “Tivemos uma média de seis escolas, o que significou aproximadamente 300 alunos conosco”, assinalou. Dentre os projetos de extensão da UEPB que compuseram a Feira Científica e Cultural, ele apontou o Laboratório Itinerante (LABIT), a Empresa Júnior de Engenharia Civil, denominada “Pilares” e o “Lixo do Bom”, que versa sobre a implantação da coleta seletiva em Araruna. “Todas as crianças que estiveram aqui hoje conheceram nossos três laboratórios de Odontologia e os outros seis que contemplam os cursos de Engenharia e Física”, acrescentou.
Além da apresentação dos sanfoneiros, o aniversário do Campus VIII contou com dezenas de exibições culturais. Lançamentos de livros, instalação de cordelteca, oficinas de dança e declamações, entre outros, deram a tônica do evento. Raí Bezerra, Isabela Alcantâra, Boi de Reis e Jaraguá com Grupo Iterliga, Escola de Capoeira Filhos de Araruna, Projeto Centenário Jackson do Pandeiro – Escola Sagrada Família, Projeto Viver de Tacima, os artistas mirins Bia Cortez, Clara Bezerra, João Pedro, Samuel Levi e Reginho Tatu, bem como a Banda Filarmônica de Araruna foram alguns dos destaques da programação.
Texto: Oziella Inocêncio
Fotos: Hugo Tabosa e Uirá Agra
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