3º Forró da Resistência acontece com o objetivo de fortalecer a autêntica música nordestina

7 de julho de 2022

Em 1958, na música São João Antigo, Luiz Gonzaga já cantava: “Era festa de alegria/ São João! /Tinha tanta poesia/ São João! / Tinha mais animação/ Mais amor mais emoção/ Eu não sei se eu mudei/ Ou mudou o São João”. A letra só prova que vêm de priscas eras, a preocupação e a controvérsia envolvendo a “modernização” dos festejos juninos. E o 3º Forró da Resistência joga mais um pouquinho de lenha nessa fogueira, no sentido de provocar a reflexão, neste sábado (9), das 11h às 21h. Como o próprio nome da iniciativa propõe, a ideia é elevar e fortalecer a autêntica música nordestina, além de outras manifestações artísticas típicas da região.

O evento acontece no Museu de Arte Popular da Paraíba (MAPP), da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), em Campina Grande, com entrada franca. Ele é realizado pela Pró-Reitoria de Cultura (PROCULT), com o apoio da Academia de Cordel do Vale do Paraíba (ACVPB) e do Fórum Forró de Raiz.

A expectativa para o dia é de intensa programação, sendo o espaço maior dela reservado a instrumentos como o fole de oito baixos e a sanfona, havendo, ainda, a presença de outros ritmos, a exemplo de coco e maracatu. Conforme o pró-reitor de Cultura da UEPB, professor José Cristóvão de Andrade, o “3º Forró da Resistência” objetiva reunir forrozeiros, artesãos, dançarinos, gestores públicos, produtores, pesquisadores, ativistas e toda a comunidade interessada no tema.

“Vivemos um momento crítico em que o forró de raiz é cada vez mais excluído do orçamento das grandes festas juninas, isso ocorre no Brasil inteiro e sobretudo aqui em Campina. A gente entende que é uma festa pública, hoje organizada pelo setor privado. Entendemos, também, que outros estilos têm sua importância, mas que não pode ser menosprezado o regionalismo. Basta ver a disparidade no pagamento dos cachês, que é sem limites, quando se trata de outros gêneros musicais. Acompanhando esse contexto, há poucas quadrilhas, devido à padronização, grandes artistas excluídos da programação e a decoração é praticamente inexistente. Não pode haver essa fuga, quase que total, das tradições”, pontuou Andrade.

Programação
Estão confirmados para o evento a Orquestra Sivuquiando, Carlos Perê e Boca do Cariri, Coqueiro Alto, Luizinho e João Calixto, voz e violão com José Francisco, o Grupo de Tradições Populares Acauã da Serra, Dj Gleydson Virgulino, o maestro Claudinho de Monteiro, e a Cia Raízes. Os poetas da ACVPB também marcarão presença.

O jornalista Xico Nóbrega, fará, igualmente, uma exposição no evento, denominada “Efemérides da Música Nordestina – Personagens e Obras”. Nela, serão destacados os 110 anos de Luiz Gonzaga, os 100 anos de nascimento de Waldeck Artur de Macedo (o Gordurinha), os 50 anos do lançamento do disco de Jackson do Pandeiro, “Sina de Cigarra”, e a passagem dos 40 anos da morte do Rei do Ritmo, entre outras temáticas.

Além disso, será ministrada a oficina “Arrocha o Bumba: Ciranda e Coco de Roda da Paraíba”, tendo como facilitador o percussionista e pesquisador Samarone de Sousa Moura, fundador do Grupo Coqueiro Alto. A atividade acontece na sexta-feira (8), das 8h às 12h e das 15h às 19h, e no sábado, das 8h às 12h.

“Arrocha o Bumba: Ciranda e Coco de Roda da Paraíba” já foi executada em vários locais, como escolas e universidades públicas, com o intuito de abordar, de forma expositiva e prática, essas brincadeiras populares de tradição afro-brasileira e indígena, que na Paraíba possuem grande importância. A preleção contemplará tanto o ensino relativo ao toque dos instrumentos, quanto no que se refere às danças dos ritmos estudados. A iniciativa apresenta carga horária de 12 horas, dispondo, como público-alvo, de maiores de 12 anos.

Texto: Oziella Inocêncio