Academia de Jornalismo da Universidade Estadual homenageia o professor e escritor Wellington Pereira
O Departamento de Comunicação Social (DDCOM) da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) realiza, nesta terça-feira (23), a partir das 9h, a aula inaugural de fundação da Academia de Jornalismo da UEPB Wellington Pereira, em homenagem póstuma ao professor e escritor, falecido em João Pessoa, no último final de semana. “Mesmo ainda sem superar uma nova pandemia, mormente as perdas e danos irreparáveis, urge manter vivo nosso intelectual orgânico”, escrevem os professores da UEPB Antonio Roberto Faustino da Costa, Cidoval Morais de Sousa e Luiz Custódio da Silva que assinam a proposta de criação da Academia.
O evento será realizado através da plataforma Google Meet e contará com a participação de docentes e estudantes do curso de graduação em Jornalismo da UEPB, além de pesquisadores, profissionais e convidados que conviveram e testemunharam a importância de Wellington Pereira para o jornalismo brasileiro.
A criação da Academia de forma pluriinstitucional, envolvendo uma rede de diversas entidades e colaboradores, terá dois objetivos. O primeiro diz respeito à preocupação em fortalecer a contribuição intelectual de Wellington Pereira aos avanços da teoria e da própria prática jornalística. O segundo visa ação mais ampla, envolvendo a criação de um ambiente destinado ao fomento da produção editorial e da mídia crítica, bem como da formação inicial e continuada de novas gerações de profissionais da comunicação comprometidos com processos de humanização.
Depois de concluir seus estudos iniciais em Sumé, pequena cidade do Cariri paraibano onde nasceu, Wellington José de Oliveira Pereira formou-se em Jornalismo e concluiu o mestrado em Letras na Universidade Federal da Paraíba (UFPB), além de doutorado em Sociologia, na Universidade de Paris. Formação consistente que o motivou a coordenar, desde 2002 até a aposentadoria em 2017 como professor titular da UFPB, o Grupo de Pesquisa sobre o Cotidiano e o Jornalismo (Grupecj), responsável por um dos mais extensos e ricos acervos de estudos sobre a mídia e a imprensa diária na Paraíba e região.
“Sem querer detalhar o privilégio de ter sido colega de trabalho de Wellington, ao longo das últimas três décadas, sempre me marcou o seu reconhecimento, inclusive em artigo que publicou, de ter ensinado a ele e à geração de jornalistas de sua época os fundamentos básicos e essenciais das categorias e dos gêneros jornalísticos, desde o jornalismo informativo praticado diariamente ao jornalismo interpretativo de natureza mais complexa”, disse o professor Luiz Custódio.
O lançamento em 1994 do livro “Crônica: arte do útil ou do fútil”, fruto da pesquisa de mestrado, destacou o nome de Pereira também entre uma nova geração de escritores paraibanos no campo do ensaio e da ficção. “Além do título sugestivo, trata-se de uma contribuição ímpar não só aos estudos de gêneros textuais, narrativos ou discursivos no Brasil, como mais ainda ao debate sobre a importância da vida social e do dia a dia para o aprofundamento do jornalismo por nós concebido e praticado”, afirmou o professor Cidoval Morais, em cuja gestão a Editora da UEPB publicou uma das edições da obra.
Além de uma forte presença como jornalista nos principais veículos de imprensa do Estado, especialmente nas editorias de cultura, marcou a trajetória de Wellington ainda uma produção acadêmico-científica intensa que o transformou em referência das pesquisas e debates no campo do jornalismo cultural. “Devemos a Wellington, sem dúvida, a crítica fundamentada e contundente de que a pobreza da maioria dos cadernos de arte, sejam locais, regionais ou nacionais, centrada na cobertura de eventos e espetáculos, não contribui em nada para o enriquecimento do espírito de nossa sociedade”, ressaltou o professor Roberto Faustino.
Há menos de duas décadas, em João Pessoa, Faustino coordenou com Pereira um dos primeiros cursos de especialização em Jornalismo Cultural no Nordeste, ministrado por professores que representavam o que havia de melhor da crítica de arte na Paraíba e que ajudou a capacitar três turmas de jornalistas, parte deles hoje com formação de mestrado, doutorado e atuando como docentes ou pesquisadores em instituições de ensino superior no país.