Ação de combate à fome é transformada em projeto de extensão e auxilia famílias em vulnerabilidade social
O projeto nasceu em meados de 2020, pouco depois do início da pandemia de covid-19. Cresceu durante o ano passado e, em dezembro de 2021, tornou-se oficialmente projeto de extensão da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB). A ação social e agora projeto de extensão do Câmpus V da UEPB “Saciar”, mobiliza a comunidade universitária nas ações de combate à fome e insegurança alimentar em áreas da região metropolitana de João Pessoa.
Esta é a descrição do projeto, “mas no fundo é olhar com caridade e amor para quem muito precisa de amparo”, disse o idealizador da proposta, Alexandre César Cunha Leite, professor do curso de Relações Internacionais, no Centro de Ciências Biológicas e Sociais Aplicadas (CCBSA). Segundo o docente, após oficialmente transformar-se em projeto de extensão, a única modificação nas ações foi inserir objetivos que movimentam a vida do câmpus.
“Inseri uma proposta de cadastrar famílias da localidade e adjacências que estão em situação de insegurança alimentar para receberem doações de mantimentos. Já conversei com a atual Direção de Centro para criar um local para que possamos atender estas famílias, passar o questionário e fazer o cadastro. À medida que as doações forem obtidas, vamos chamando estas pessoas ao câmpus para recolher os alimentos”, relatou o professor.
Ele explicou também que para que isso seja possível na prática, as atividades presenciais devem estar acontecendo, juntamente com os corpos docente, discente e demais servidores. O retorno das aulas teóricas presenciais em todos os câmpus da UEPB está previsto para abril. O professor Alexandre Leite disse que há também campanhas de conscientização junto à comunidade e já conversou com o Centro Acadêmico do curso de Relações Internacionais para auxílio nesse intento.
Enquanto a maior parte das atividades presenciais não retorna oficialmente, o responsável afirmou que as ações do projeto continuam. “As atividades no câmpus são o que justificam o projeto de extensão, atendendo famílias em condição de vulnerabilidade. As demais ações, como a cozinha e a distribuição de alimentos, continuam ocorrendo. As doações, infelizmente, têm diminuído. Estão em patamar médio. Poderia ser mais, mas entendo que os tempos estão difíceis”, relatou Alexandre Leite.
Inflação
A inflação no Brasil em 2021 ficou um pouco acima dos 10% – a maior em seis anos – mostrou o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador oficial de inflação do país. Até agora, as estimativas para 2022 não são boas e uma simples ida ao supermercado mostra não somente a alta de preços, mas a surpresa e reclamação dos consumidores entre os corredores.
A taxa de desemprego no país atualmente é de 11,6% e estima-se que seguirá na casa dos dois dígitos pelo menos até 2025. Se isso se confirmar, o país vai completar dez anos consecutivos de desemprego acima de 10%, algo desastroso do ponto de vista social e econômico, segundo economistas do mercado financeiro. Prejudica consumidores em geral, impede a economia de crescer e só agrava a condição de pessoas em vulnerabilidade.
“Estamos ansiosos para o retorno presencial, para que as atividades planejadas sejam realizadas, já que estas pessoas dependem de interação social e das comunidades de moradores nos bairros próximos ao câmpus e da comunidade acadêmica”, disse Alexandre. Por ora, as atividades de cozinha e distribuição permanecem e todas as ações são realizadas por voluntários.
O projeto aceita doações em alimentos não perecíveis, mas também de frutas, hortaliças, e legumes para os dias de cozinha. Bem como doação via pix, através da chave projetosaciar13@gmail.com, conta exclusiva do projeto. Doações de cestas básicas são levadas a comunidades de pessoas em situação de vulnerabilidade. A preparação de refeições, os chamados “dias de cozinha”, é realizado por projetos que distribuem marmitas em assentamentos da cidade.
No perfil do projeto no Instagram, o professor Alexandre faz prestação de contas, divulga as ações e posta dados relacionados à fome, crise hídrica, desemprego e demais materiais relacionados a situações de vulnerabilidade social, razão pela qual projetos deste tipo ainda são necessários.
Texto: Juliana Rosas