Aplicativo de Odontologia ajuda estudantes e dentistas a denunciar suspeita e violência infantojuvenil

O aplicativo móvel “OdontoGuardião” foi idealizado a partir da carência e necessidade de desenvolvimento de recursos tecnológicos que estimulem e ofereçam um suporte aos profissionais da Odontologia para a prevenção, identificação e denúncia de casos suspeitos de maus-tratos infantis.

O software intitulado “OdontoGuardião” foi protocolado junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) sob o número 512025002509-2, pela Coordenadoria de Inovação Tecnológica (Inovatec) da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), no fim do primeiro semestre de 2025.

Foi desenvolvido em parceria entre a UEPB e a Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), destacando-se como resultado das pesquisas desenvolvidas no Departamento de Odontologia, por meio da professora Andreza Targino, das estudantes Isabella Nunes Costa Sales, Suellen Cardoso Isídio, e do professor Tiago Lima Massoni e estudante Huandrey de Souza Pontes, estes últimos, da UFCG.

O aplicativo objetiva facilitar o atendimento clínico no ambiente odontológico, particularmente na assistência de casos suspeitos de violência contra a criança e o adolescente. Os pesquisadores ressaltam que este também poderá ser utilizado por estudantes de Odontologia, quando da busca de informações e orientações sobre o tema, despertando-os para a responsabilidade profissional ainda durante a sua formação acadêmica, diante o combate do fenômeno social da violência infantojuvenil.

Parceria

Segundo a professora Andreza Targino, a parceria entre o curso de Odontologia da UEPB e o Curso de Ciência da Computação da UFCG surgiu a partir de uma necessidade identificada no âmbito da saúde pública: a dificuldade, por parte de cirurgiões-dentistas, em realizar a notificação de casos suspeitos de violência infantojuvenil de forma rápida, segura e padronizada. Segundo a docente, apesar da obrigatoriedade legal dessa notificação, o processo tradicional – seja por telefone ou de forma presencial – apresenta limitações, como demora no registro, ausência de padronização e risco de perda de informações.

“Uma coisa importante a destacar é que a iniciativa faz parte de uma das propostas da Teleodontologia, que diz respeito à aplicação de tecnologias de informação e comunicação para oferecer assistência odontológicos à distância”, explicou a professora Andreza.

“Este é um campo que tem crescido nos últimos anos e que vem se fortalecendo ao longo dos anos como uma prática cada vez mais comum. Afinal, a Odontologia digital vem ampliando as novas possibilidades na interação entre dentista e paciente. Dessa maneira, o papel mais importante da Teleodontologia é democratizar e agilizar o processo e o acesso as diferentes ações da Odontologia, entre as quais, a proteção ao paciente”, complementou.

Na produção do aplicativo, o projeto partiu de uma vasta revisão da literatura pelos estudantes de Odontologia, a fim de elaborar, junto com os acadêmicos da Computação, o storyboard, definindo aspectos relevantes para os profissionais da Odontologia dentro desta temática. A partir do levantamento de requisitos, desenhou-se a interface e foram selecionadas as tecnologias para desenvolvimento do aplicativo, estrutura de navegação e planejamento dos ambientes.

Diferencial

Uma vez que denúncias de violência infantil podem ser realizadas junto à polícia ou Ministério Público, por exemplo, a professora Andreza aponta algumas vantagens e diferencial. “Para denúncias de violência infantojuvenil feitas por cirurgiões-dentistas, um aplicativo móvel como este tem vantagens específicas, porque envolve questões de sigilo profissional e rapidez na denúncia, pois o recurso tecnológico está em mãos. É relevante ressaltar que um dos motivos da subnotificação de casos de violência por profissionais da Saúde é o medo de serem identificados, e através deste recurso, o anonimato é mantido”, disse.

Outras vantagens são: discrição e segurança profissional; rapidez no contexto clínico: o preenchimento pode ser feito imediatamente após a consulta, ainda no consultório, sem necessidade de deslocamento ou espera em linha telefônica; o aplicativo apresenta campos específicos para a Odontologia, facilitando o registro técnico dos achados, com formulário adaptado à linguagem odontológica que garante que informações relevantes sejam registradas (localização de lesões e descrição clínica, por exemplo); redução de erros e perda de dados: o App garante que o conteúdo seja encaminhado ao Conselho Tutelar com informações fiéis dadas pelo profissional da Odontologia; oportunidade de acompanhamento e comprovação; integração com sistemas de saúde, com possibilidade de integração com o prontuário eletrônico ou outros sistemas institucionais.

O aplicativo está disponível neste endereço eletrônico, permitindo acesso tanto a celulares quanto a computadores. Ele pode ser baixado pelo site em dispositivos iOS e Android. Mais informações estão disponíveis no perfil do Instagram.

Texto: Juliana Rosas
Fotos: Andreza Targino (Divulgação)