Café da manhã coletivo e depoimentos de produtores marcam retomada da Feira Agroecológica da Universidade Estadual
Café coletivo compartilhado. No cardápio há café, tapioca, cuscuz, bolo de milho e mandioca servido a todos. O corte dos bolos e o canto de parabéns pelos quatro anos de aniversário marcaram a comercialização de produtos sem agrotóxico, produzidos ecologicamente, além do depoimento dos produtores e troca de sementes. Essas atividades realizadas em clima festivo marcaram a retomada da Feira Agroecológica da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), que funciona no hall da Central de Integração Acadêmica Paulo Freire, no Câmpus de Campina Grande, em parceria com a Associação EcoBorborema.
Implantada com a finalidade de incentivar a agricultura familiar e a produção agrícola sem a utilização de insumos químicos, como fruto de um projeto de extensão do curso de Ciências Biológicas, coordenado pelo professor Simão Lindoso de Souza, a Feira Agroecológica está completando quatro anos de funcionamento. A data foi festejada por professores, produtores e a comunidade que usufrui do espaço.
Para celebrar a data festiva e marcar a retomada da feira, após o recesso do meio do ano, os produtores organizaram um café da manhã com direito a compartilhamento de alimentos e canto de parabéns. O bolo foi cortado pela produtora Marlene Pereira e pelo professor Simão. Entre várias vantagens, a feira tem eliminado a figura do “atravessador” e ajudado os produtores a evitar o desperdício entre o plantio, a colheita, o transporte e a comercialização, conforme atestou o agricultor Antônio Rodrigues de Araújo, morador do sítio Oiti, Zona Rural de Lagoa Seca, no Agreste da Paraíba.
Com a experiência de quem conhece a terra, e passou praticamente toda sua vida vivendo da agricultura familiar, Antônio Rodrigues revelou que antes do surgimento destas feiras os agricultores tinham muito prejuízo com o desperdício dos produtos. “Essa feira tem sido muito boa. Antes a gente plantava e tinha que se humilhar para vender em outros locais. E o preço dos produtos era caro. E nessa luta, se perdia muito produto. Depois que conhecemos esse projeto tudo mudou e os preços foram estabilizados”, afirmou.
Representante da Associação Eco Borborema na feira da UEPB, a produtora Marlene Pereira, residente em Lagoa Seca, também destacou as vantagens da iniciativa e a importância de cultivar produtos sem o uso de agroecológicos. “Essa feira tem sido de grande importância. Aqui nós comercializamos os nossos produtos de qualidade sem agrotóxicos e defensivos, diretamente do campo para o consumidor. E ainda sem o atravessador”, destacou.
Coordenador do projeto de extensão, professor Simão Lindoso de Souza, ressaltou que a feira se transformou em um laboratório e uma aula prática ministrada a partir das experiências e vivências dos produtores. Ele lembrou que a Feira Agroecológica da UEPB é uma das 13 que acontecem na região, e que tem os produtores como protagonistas. “Os agricultores estão aqui todos os dias para dar aula dentro da Universidade. Aula de cidadania, de história, de geografia, economia, várias outras coisas”, ressaltou.
A feira é formada por sete barracas que comercializam uma variedade de frutas, verduras e outros produtos do campo, além de outros eventos paralelos como o bazar de livros e a feira das mulheres empreendedoras. Na abertura dos trabalhos, os agricultores promoveram uma troca de sementes. Como não poderia ser diferente, o projeto também envolve os estudantes extensionistas do curso de Ciências Biológicas, que atuam junto aos produtores acompanhando todo o processo de cultivo dos produtos. Por isso favorece para troca de saberes e conhecimentos dos estudantes da Instituição, contribuindo na formação, pesquisa e extensão.
Joelma Nayara da Silva da Silva Xavier está no projeto desde o início, e disse que a experiência tem sido gratificante. A iniciativa, segundo ela, contribuiu para a sua formação profissional. Ela lembrou que a feira nasceu a partir de uma atividade em Boqueirão, e depois se expandiu. “Para mim, foi uma grande experiência porque dentro da sala de aula a gente não tem a visão de como é a produção agroecológica. E a Agroecologia vem com essa ideia de que os alimentos devem ser produzidos naturalmente, sem agrotóxicos. O projeto possibilita uma experiência prática”, destacou.
Realizada sempre às quintas-feiras, das 7h ao meio dia, a Feira Agroecológica da UEPB iniciou seus trabalhos na Praça de Alimentação do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde (CCBS), no Câmpus de Bodocongó, e desde 2019 foi transferida para a Central de Integração Acadêmica Paulo Freire, onde funciona até o momento.
Texto: Severino Lopes
Fotos: Paizinha Lemos e Severino Lopes
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