Câmpus I: curso de Letras Inglês promove palestra sobre como minimizar dramas e doenças mentais na atualidade
Em tempos de avanço tecnológico, revolução digital e correria, o mundo adoeceu mentalmente. Em todo planeta, mais de 1 bilhão de pessoas vivem com algum transtorno mental, segundo a Organização Mundial da Saúde, sem contar as milhares de pessoas que sofrem de depressão e crises de ansiedade. Pensando nesse cenário, a Coordenação do curso de Letras (Inglês), da Faculdade de Linguística, Letras e Artes (FALLA) da Universidade Estadual da paraíba (UEPB), no Câmpus I, promoveu, na manhã desta segunda-feira (12), a palestra “Não dá pra doar o que está em falta”, proferida pelo psicólogo, escritor e professor Rossandro Klinjey.
A necessidade urgente de transformar saúde mental e ter atenção a essa questão, conforme alerta a própria OMS, tem sido uma das preocupações da UEPB. Para isso, o evento, realizado no Auditório 3 da Central Acadêmica Paulo Freire, reuniu estudantes, professores(as) e técnicos(as) administrativos(as), não apenas do curso de Inglês, mas de toda comunidade universitária.
Descontraído e interagindo com o público, Rossandro Klinjey não decepcionou e fez uma palestra focada nos principais problemas que hoje provocam o adoecimento mental. Ao longo de quase duas horas, ele discorreu sobre diversos temas, que deságuam nas doenças mentais, como o relacionamento com a família, a revolução digital, as preocupações em atender as exigências do mundo capitalista, entre outros. Em alguns momentos, o psicólogo direcionou a sua fala para os(as) estudantes, que enfrentam uma série de fatores que levam às crises mentais ao longo da jornada acadêmica, mas também falou os problemas que afetam diretamente os(as) professores(as) e a família.
Com sete livros publicados entre eles, “As quatro estações da alma: da angústia à esperança”, em parceria com o filósofo Mario Sergio Cortella, Rossandro fez algumas provocações aos(as) estudantes, e lembrou que muitos dos costumes do passado não se aplicam nos dias de hoje. O mundo mudou e a própria geografia do ambiente onde nos encontramos inseridos passou por mudanças com o crescimento das cidades e edificações de edifícios. Com o olhar para a memória, e contando muitas histórias e experiências vividas na infância e adolescência, ele foi procurando mostrar a plateia elementos que ajudam a enfrentar as crises existenciais e os dramas dos tempos modernos, especialmente com o advento das redes sociais.
Rossandro Klinjey enfatizou que no mundo atualmente o esgotamento do educador é muito grande, estando entre as profissões que mais sofre de exaustão extrema, física e mental. “Esse esgotamento tem a ver com o fato de que hoje em dia muitas das coisas que deveriam ser feitas pela família tem sido entregue à escola e a universidade. E isso sobrecarrega o sistema educacional”, explicou.
Ao mesmo tempo, segundo ele, esse esgotamento mental é um convite para encarar que a escola de modo geral é um ambiente para trocas de conhecimento e de afeto. Ao se dirigir aos9as) estudantes, onde a jornada acadêmica é desafiadora, Rossandro aconselhou-os a chamar para si a responsabilidade pessoal diante do quadro que está acontecendo. “É importante para que a gente possa entender essa dinâmica em que a instituição, ela entende que precisa fazer uma entrega além da entrega intelectual, mas também é importante que a geração atual possua uma responsabilidade que não foi treinada em casa para ter”, orientou.
Sobre os fatores que contribuem para o agravamento das doenças mentais, especialmente na juventude, Klinjey enumerou uma lista imensa com destaque para o avanço das redes sociais, os conflitos de relações, guerras políticas e econômicas, entre outros. Como dica para minimizar os traumas dos tempos modernos, ele disse que primeiro a pessoa precisa ter consciência do problema, visto que ninguém consegue fazer nada sem um diagnóstico. Ele observou que a pessoa precisa descobrir se está tendo algum tipo de transtorno emocional e buscar ajuda, mas sobretudo também ser responsável. “Por sua própria jornada, porque senão você fica sempre responsabilizando e terceirizando o público da academia, o público dos educadores, uma responsabilidade que também transferivelmente sua”, aconselhou.
A coordenadora do curso de Letras (Inglês) e uma das responsáveis pelo evento, professora Karyne Soares Duarte Silveira, destacou como atual, urgente e objetiva a palestra de Rossandro Klinjey, especialmente, o tema escolhido por ele para discorrer diante da comunidade acadêmica. Ela enfatizou que desde 2023 a Coordenação do curso vem adotando a prática de realizar ciclos de palestras temáticas. Os temas, conforme explicou a docente, são eleitos pelos professores, com a colaboração e indicações dos(as) estudantes.
“A partir desses temas a gente vai tentando desenhar esses eventos pelo menos duas vezes a cada semestre. A questão da saúde mental está na ordem do dia, a grande pauta em qualquer área. E aí a gente muitas vezes, sobretudo pensando na educação, a gente considera a importância de cuidar da saúde mental do aluno. Só que quem cuida desse aluno, quem forma esse aluno é o professor e ele acaba ficando em segundo plano, então a gente acha importante que haja um olhar de acolhimento para o professor também”, explicou.
A docente acrescentou que na palestra de Rossandro Klinjey colocou com maestria luz sobre uma questão tão necessária para ser refletida nos dias de hoje. Ela observou que no ambiente acadêmico, principalmente, quando o stress é muito grande, a tensão contribui para o agravamento dessa problemática. “Vários TCCs que nós temos, inclusive, são da temática a ansiedade na formação docente, síndrome de Burnout, enfim, vários aspectos da saúde mental que são deixados muitas vezes de lado. Há uma tendência por essa própria característica da academia, da supervalorização, da produtividade, a gente acaba deixando a dimensão afetiva, emocional de lado e aí a necessidade de refletir sobre essas competências, sobre o lado humano de quem forma, de quem ensina”, finalizou.
Atentos a palestra, os estudantes(as) procuraram assimilar a mensagem de Rossandro Klinjey e tirar dúvidas sobre os problemas emocionais e existenciais. Além dos(as) discentes, vários(as) docentes também prestigiaram o evento, a exemplo da diretora da FALLA, professora Gilda Carneiro Neves Ribeiro.
Texto e fotos: Severino Lopes
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