Capacitação revela crescimento de casos de disfunção temporomandibular e dor orofacial em Campina Grande

3 de junho de 2022

A disfunção temporomandibular e dor orofacial atingem entre 40% a 75% da população. Em Campina Grande, centenas de pacientes são acometidos desta disfunção, também conhecida como (DTM), mas desconhecem o problema e precisam do diagnóstico para iniciar o tratamento e acabar com o desconforto orofacial. Essa constatação foi feita durante a capacitação teórico-demonstrativa “Abordagem interdisciplinar sobre Disfunção Temporomandibular (DTM) e dor orofacial (DOF)”, evento que marcou a retomada presencial do programa Institucional de Extensão Atenção ao Portador de Disfunção Temporomandibular e Dor Orofacial, desenvolvido pelo Departamento de Odontologia, Fisioterapia e Psicologia da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB).

Segundo as coordenadoras do Programa, os casos de disfunção aumentaram de forma preocupante durante a pandemia, isso porque o estresse, a ansiedade e outros fatores psicológicos afetam a disfunção e aumentado os sintomas. Há 18 anos, o Programa da UEPB tem ajudado a diagnosticar pacientes acometidos com essa disfunção e a fazer as intervenções de forma multidisciplinar, ajudando a aliviar a dor que surge em decorrência da articulação que une o osso mandibular ao crânio, sendo a responsável pelo movimento de abrir e fechar a boca.

Nesse período, mais de 1000 pacientes com esse desconforto orofacial já foram assistidos, além de uma lista de espera com mais de 200 pessoas. Devido à pandemia, o programa teve que se reinventar com o a realização do webinário ReabilitaDOR, que já contou com 18 edições. A capacitação foi realizada no auditório da Biblioteca Central, no Câmpus I, em parceria com a Liga Acadêmica Interdisciplinar de DTM e DOF – LACIDOF, ambos dos Departamentos de Odontologia, Fisioterapia e Psicologia, e reuniu estudantes, cirurgiões-dentistas, fisioterapeutas e psicólogos da rede de Saúde de Campina Grande.

Com tema “Abordagem interdisciplinar sobre Disfunção Temporomandibular (DTM) e dor orofacial (DOF)”, a capacitação teve como objetivo fornecer os conhecimentos que possibilitam aos profissionais a atuarem com mais precisão no diagnóstico e tratamento do problema. Coordenadora geral do Programa e palestrante do evento, a professora Ana Isabella Arruda Meira Ribeiro, alertou para o aumento dos casos de disfunção e enfatizou que a intervenção só pode ser feita de forma multidisciplinar, envolvendo as várias áreas de saúde. “Nós precisamos disseminar esses conhecimentos tão necessários para que os nossos pacientes possam ser conduzidos da melhor maneira possível”, disse.

Professora do Programa e palestrante da capacitação, Mayara Abreu Pinheiro revelou que durante a pandemia, enquanto foi registrando uma diminuição dos atendimentos, houve um aumento alarmante dos pacientes com a disfunção temporomandibular. Ela explicou que a condução de um paciente com esse tipo de disfunção requer obrigatoriamente de uma intervenção interdisciplinar onde a área médica, odontológica, fisioterapêutica, psicológica e a área fonoaudiológica vão cooperar conjuntamente para o benefício e a devolução da qualidade de vida dos pacientes.

A professora considerou fundamental a capacitação dos profissionais da Saúde do município, uma vez que, de posse dos conhecimentos, eles podem fazer os exames e os encaminhamentos corretos dos pacientes para setores responsáveis. “Nesse momento é crucial essa parceria da UEPB com a Secretaria Municipal de Saúde, porque vamos atingir uma maior população”, enfatizou.

Mayara Abreu acrescentou que o contato inicial do dentista com o paciente é muito importante, visto que para fazer o diagnóstico não é necessário equipamentos sofisticados, mas do conhecimento. Segundo ela, a conversa com o paciente é fundamental para o diagnóstico. Ela explicou que essa disfunção é um distúrbio multifatorial, mas que acomete o sistema estomatognático, com o paciente sentindo dores na face, gerando outras situações desconfortáveis. “Se o dentista na unidade de saúde consegue perceber que o paciente pode ter uma condição de disfunção, ele vai saber para aonde encaminhar”, observou.

Pró-reitora de Extensão, a professora Socorro Barbosa participou da abertura da capacitação e destacou a importância da iniciativa e a parceria com a Secretaria de Saúde do Município. “Para a Extensão esse é um momento importante porque marca a retomada presencial do Programa que teve que se reinventar na pandemia. É uma oportunidade dos alunos desenvolverem ações extensionistas onde eles são protagonistas”, destacou acrescentando que a capacitação com profissionais da Saúde de Campina Grande possibilita a UEPB transpor os seus muros e ao mesmo tempo, receber os profissionais em uma interação proveitosa.

Representante no evento da Secretaria de Saúde do Município, Gerana Muniz Gomes disse que a capacitação vai contribuir muito para os profissionais da rede atuarem no diagnóstico e tratamento dos pacientes com a disfunção temporomandibular. Para ela, o programa tem dado uma grande contribuição no sentido de diminuir a quantidade de pessoas acometidas com esse problema. Estudante do 9º período de Fisioterapia, Karina Andrade disse que o Programa tem enriquecido na sua formação profissional. “Esse Programa tem contribuído de forma gigante, porque abrange vários cursos que proporcionam um olhar diferente de vários cursos”, destacou.

A primeira parte da capacitação contou ainda com a presença do coordenador do curso de Fisioterapia, Danilo Almeida Vasconcelos. A atividade foi marcada pelas palestras “Disfunção Temporomandibular: o que o profissional precisa saber?”, e “Disfunção Temporomandibular: estratégias de manejo”, uma mesa redonda e três demonstrações com intervenções odontológica, fisioterapêutica e psicológica.

A iniciativa “Atenção Ao Portador de Disfunção Temporomandibular e Dor Orofacial” começou a funcionar em 2004 inicialmente no Departamento de Odontologia como projeto de Extensão, sendo que em 2013 foi transformado em Programa, passando a funcionar também em Fisioterapia com abordagem do Ambulatório de Cefaleia, e em 2016, ganhou a adesão da Psicologia. Antes da pandemia, os atendimentos dos pacientes eram feitos nas Clínicas Escolas da UEPB de forma multidisciplinar.

Texto: Severino Lopes
Fotos: Paizinha Lemos