Cia Bodopitá de Teatro apresenta no Centro Artístico Cultural da Universidade Estadual o espetáculo “Caravanas”
É melhor decidir juntos ou esperar que alguém decida por todos? O mote, sobremodo oportuno, tendo em vista a proximidade das eleições, poderia muito bem servir a um debate envolvendo a frágil democracia brasileira, mas é basicamente a deixa do espetáculo “Caravanas”, da Cia Bodopitá de Teatro. A peça será montada neste sábado (17), às 19h, no Centro Artístico Cultural (CAC), da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), em Campina Grande e conta com o apoio da Pró-Reitoria de Cultura (PROCULT) da Instituição.
“Caravanas” é o sexto trabalho da Cia Bodopitá, utilizando a peça “A Caravana da Ilusão”, do dramaturgo mineiro Alcione Araújo (1945-2012), como fonte de inspiração e ponto de partida. Permeado pela metalinguagem, o espetáculo traz como premissa a convivência de um grupo de teatro, partilhando uma sala de ensaio.
É o tom onírico e surrealista da narrativa de Alcione Araújo, escrita nos anos 1980, que dá o tom da trama. Nela, o texto dele é deslocado do seu aspecto teatral e aproximado dos atores, de modo também a fazer a plateia pensar a respeito de outros coletivos ou caravanas que resistem e atravessam o tempo, entrecortando na cena os anseios dos artistas e realçando os vários dilemas presentes no mundo contemporâneo.
O recorte temporal da peça é um período de pandemia. E, conforme aponta a sinopse, na sala de ensaio os atores estão tentando conversar sobre o que montar como espetáculo. A situação dá margem para todo tipo de ensejo, inclusive para que irrompam reflexões acerca da carreira artística de cada um deles, mas não apenas isso: tal condição instaura debates sociais e pessoais referentes ao lugar do artista de teatro no mundo, no país, na cidade.
Nesse sentido, à medida que desnuda a relação entre as várias pessoas que compõem um grupo teatral, o espetáculo torna possível a diluição entre os papéis de artista e espectador, realidade e ficção, ator e personagem, texto e depoimentos, cena e plateia. Com isso, a ideia é principalmente expor quão difícil (e quase heroico) é o fazer teatral, sobretudo no Brasil, onde cada vez mais escasseiam as políticas culturais, no qual frequentemente teatros são fechados e esquecidos, além de levantar outros questionamentos, a exemplo da valorização da arte e do artista como profissão; das adversidades relativas aos trabalhos feitos de forma independente; da contribuição do teatro para a sociedade e o quanto se faz essencial a existência de caravanas semelhantes, coletivos, companhias.
A temporada da peça compreende ainda os dias 18, 24 e 25 de setembro (sendo aos sábados às 19h, e aos domingos às 18h). Os ingressos são limitados e vendidos apenas pelo Sympla, aqui.
Em “Caravanas”, a direção e dramaturgia é de André Sátiro, e o elenco, bem como a colaboração dramatúrgica, são compostos por Anderson de Sá, Chico Oliveira, Elio Penteado, Emilia France, Joana Marques e Oscar Borges. A confecção de cenografia é de Haroldo Vidal e o figurino de Jefferson de Souza, com fotografia de Danilo Guimarães. A identidade visual ficou a cargo de André Sátiro, sendo a produção e realização da Cia Bodopitá de Teatro.
Mais sobre a Cia Bodopitá de Teatro
A Cia Bodopitá foi fundada em 2004, com o nome Cia. do Rosário, através de dois artistas, Chico Oliveira e Andrea Macera. Desse encontro, resultou o primeiro espetáculo da Companhia, chamado “Incelença”. Em 2021, o grupo passou por uma reestruturação, decidiu mudar sua identidade e esse processo fez com que se tornasse a Cia Bodopitá.
Atualmente, com sede em Campina Grande, a Cia desenvolve sua pesquisa dentro de três núcleos de atuação: o teatro, o teatro playback e a palhaçaria. Tem em seu repertório cênico, espetáculos como “Concerto Sem Conserto” e “O Príncipe Feliz”, entre outros, além de parcerias com o Grupo Renascer, na peça “A Última Estação”, e “Ah-Mar”, com o Pinel – Núcleo de Pesquisa e Experimentação Teatral.
Texto: Oziella Inocêncio
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