Comunicurtas UEPB apresenta longas que ajudam a refletir sobre problemas e particularidades do país

Comunicurtas UEPB apresenta longas que ajudam a refletir sobre problemas e particularidades do país
15 de dezembro de 2023

Uma das vinhetas da 18ª edição do Festival Audiovisual de Campina Grande – Comunicurtas UEPB é inspirada no famoso filme brasileiro “Central do Brasil”. Na paródia, um dos personagens quer escrever uma carta para o Oscar: “Pode dizer que aqui também tem filme bom”. O que resume um pouco o espírito do festival: em Campina Grande se faz e se vê audiovisual muito bem. Com esta essência, aconteceu a abertura do Comunicurtas 2023, na noite da quinta-feira (14), no Sesc Centro, em Campina Grande.

Com a presença de realizadores, cineastas, atores, estudantes, convidados, familiares e apreciadores do audiovisual, a abertura oficial do festival se deu com os longas “Tota”, de Rafael Leal e Kleyton Canuto (Campina Grande, PB), e “Represa”, de Diego Hoefel (Fortaleza, CE). Antes disso, Amilton Pinheiro, curador da mostra de longas-metragens, subiu ao palco para falar do Comunicurtas UEPB e da temática que se vê nesses filmes. “São temas diversos, são filmes que ajudam a gente a refletir o Brasil. É o Brasil que a gente precisa conhecer”, disse.

“Queria externar minha felicidade em lançar esse filme no Comunicurtas UEPB, um festival histórico de Campina Grande, que fez parte da minha formação”, começou afirmando Rafael Leal, um dos diretores do documentário “Tota”, que, nas suas palavras, assim como o Comunicurtas, é um personagem histórico da cidade. “Há dez anos, eu estava lançando meu primeiro curta. E hoje estou aqui lançando meu primeiro longa, em parceria com Rafael. Para mim, é bastante significativo estar aqui”, comentou Kleyton Canuto, que é cineasta, ator e produtor audiovisual e atualmente também professor substituto na UEPB.

“Estou muito feliz de estar aqui. Vai ser a primeira vez que eu vou ver o filme em tela grande. É muito bom participar de festivais. É onde temos a chance de trocas e de ver o que está acontecendo”, começou dizendo Rafael Linhares, um dos atores do filme “Represa”, que veio para representar o longa no festival.

O coordenador do festival, Hipólito Lucena, afirmou que o Comunicurtas UEPB chega à maioridade como um evento consolidado e que já há alguns anos inclui a exibição de filmes internacionais em sua programação. “A novidade desta edição é que estamos abrindo espaço para outras artes, como as artes plásticas e diversos coletivos da cidade de Campina Grande para dialogar com o cinema e o festival como um todo”, disse.

Ele ainda comentou sobre o tema da 18ª edição do Cumunicurtas: o Super 8 e o cinema experimental. “O Super-8 não morreu. É uma atividade que, depois de um período mais restrito, por causa do aparecimento do VHS, está sendo retomado no país, assim como vem acontecendo com a produção dos discos em vinil”, acrescentou.

Longas na abertura
Aristóteles “Tota” Agra (1956-1999) marcou a política paraibana nas décadas de 1980 e 1990 com pautas inovadoras e polêmicas para a época, como a questão ambiental e a legalização da cannabis para diferentes fins. Era herdeiro de uma família tradicional, carismático, popular, visionário e controverso. Apesar de maldito e combatido por setores conservadores, Tota figurou no centro do debate nacional sobre a maconha.

Mesmo com uma vida conturbada e uma morte prematura, sua atuação consistente em defesa da planta continua viva na memória de muitos, inclusive inspirando atores sociais e instituições contemporâneas que fazem da Paraíba uma vanguarda no uso medicinal da cannabis. Entre eles, Luciano Lima, entrevistado no documentário e presente à abertura. Luciano é fundador da Associação Erco Brasil Amigos da Esperança e um dos fundadores da Abrace Esperança, organização paraibana sem fins lucrativos com o objetivo de dar apoio às famílias que precisam de um tratamento com a Cannabis Medicinal e apoiar pesquisas sobre o uso da planta.

“Represa” é um filme de um diretor gaúcho radicado no Ceará. Segundo Rafael Linhares, ator do longa, isso certamente influenciou a identidade do diretor e seu modo de ver o mundo. E essa espécie de travessia está presente na história do filme. O drama é ambientado nas paisagens da velha e da nova Jaguaribara, município do Sertão do Ceará, onde famílias foram removidas para a construção do açude Castanhão. Lucas, o protagonista, atravessa o Brasil e desembarca no Sertão cearense com a ideia de vender um terreno que pertenceu à sua mãe, quando ainda viva. Para isso, precisa se aproximar de Robson, um irmão que nunca conheceu e que foi criado em Jaguaribara.

O Comunicurtas segue até domingo e a programação pode ser conferida em https://www.instagram.com/comunicurtas. Esta edição do festival é promovida pela Universidade Estadual da Paraíba, por meio da Coordenadoria de Comunicação, Departamento de Comunicação e realizado pela Ypuarana Cultural, Parque Tecnológico da Paraíba e outras entidades parceiras.

Texto: Juliana Rosas
Fotos: Charles Dias (Divulgação)