Cordel no Museu de Arte Popular da Paraíba realiza edição especial em alusão ao Dia Internacional da Mulher

28 de março de 2025

Neste sábado (29), a celebração da poesia tem hora marcada em Campina Grande: às 15h, começará mais uma edição do projeto “Cordel no Museu” sendo que, desta feita, a atividade é alusiva ao Dia Internacional da Mulher, comemorado em 8 de março. O evento é realizado pela Pró-reitoria de Cultura (PROCULT) da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), a Academia de Cordel do Vale do Paraíba (ACVPB) e o Museu de Arte Popular da Paraíba (MAPP), que sedia a iniciativa, com entrada franca.

De acordo com a professora Joseilda Diniz, que é uma das curadoras da Sala de Cordel do MAPP, a oportunidade terá o lançamento da obra coletiva denominada “Os machistas não aguentam mulher que faz terapia”. Aliando muito bom humor, irreverência e críticas ao comportamento de uma parte da ala masculina, o trabalho reúne a criatividade das poetisas da ACVPB, segundo acrescentou a docente. “O título é uma referência direta à clássica tentativa machista de silenciar e rotular as mulheres de ‘loucas’ ou ‘desajustadas’, sugerindo terapia para elas”, afirmou.

Ela explicou que durante o “Cordel no Museu” também haverá uma nota de repúdio à diretoria da ACVPB, relacionada à convocação e posterior cancelamento do cordel coletivo, que seria escrito em homenagem ao “Mês da Mulher”. Nesse sentido, as poetisas da Academia fizeram uma carta aberta, como assinalou a professora. “Março está terminando, mas o tema da igualdade de gênero precisa nos acompanhar todo o tempo. O machismo está entranhado nas mais diversas configurações sociais, e na cadeia produtiva do cordel isso não é uma exceção. Nosso intento é que ele seja uma ferramenta de representação justa e de educação para a igualdade. Não podemos aceitar que ações e discursos que diminuem a mulher, colocando a criatividade delas em uma posição secundária, continuem sendo reproduzidos. Buscamos, então, não apenas denunciar essas práticas, mas pensar em maneiras de transformar tal contexto. O cordel tem um grande alcance, é por excelência um espaço privilegiado para incentivar as mudanças”, disse.

A oportunidade também contará com o lançamento de “Biliu em Cordel — A História do Maior Carrego do Brasil”, de autoria de Rafael Melo Poeta. Publicado por meio da Política Nacional Aldir Blanc (PNAB), o folheto reverencia a vida e a obra de Biliu [1949-2024], um dos maiores artistas da Rainha da Borborema.

O “Cordel no Museu” começou em abril de 2019, com o propósito de estimular e agregar poetas e xilogravuristas, editoras, vendedores de folhetos e admiradores, perfazendo, ainda, novos públicos. Malgrado o nome, a atividade já teve como sede outros locais da cidade, a exemplo da Vila do Artesão e do próprio Campus I da UEPB, em Bodocongó.

Texto: Oziella Inocêncio