Cultura e Arte: PROCULT traz roda de diálogo, exposição e oficina de cordel para 4º Congresso Universitário

8 de novembro de 2024

A Pró-reitoria de Cultura (PROCULT) da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) promove desde quarta-feira (6), o 3º Seminário de Cultura e Artes. A iniciativa se alinha às atividades do Congresso Universitário, sendo concluída na sexta-feira (8), com variadas práticas voltadas à comunidade que compõe a Instituição e demais interessados.

Um dos pontos altos da programação aconteceu na quinta-feira (7), com o “Seminário Políticas Culturais e Inclusão Social”, cuja mesa de abertura foi composta pela reitora da UEPB, professora Célia Regina Diniz; o pró-reitor de Cultura, professor José Cristóvão de Andrade; o poeta Jota Lima, pró-reitor adjunto de Recursos Humanos da UEPB; o coordenador da Universidade Aberta à Maturidade (UAMA), professor Manoel Freire; a idealizadora do Festival de Inverno e presidente do Instituto Solidarium, professora Eneida Maracajá; a professora da Faculdade de Linguística, Letras e Artes (FALLA), Iaranda Barbosa; e a curadora de Cordel do Museu de Arte Popular da Paraíba (MAPP), professora Joseilda Diniz.

Iniciando a solenidade, a reitora saudou os convidados e o público, enfatizando que a educação não se faz somente dentro de uma sala de aula tradicional. “O Congresso significa isso: a Universidade estar vibrando conhecimento, pulsando em todos os espaços e ainda mais próxima da população. A UEPB é uma instituição que estreita seus laços com a comunidade através de diversos instrumentos e um deles é o incentivo à criação artística, em suas várias formas de expressão. A Instituição tem que mostrar o que faz e como ela faz para atender as necessidades da sociedade, e é o que propagamos nesses três dias de novembro, em que respiramos ciência, cultura e inovação não apenas tecnológica, mas social também”, afirmou.

O pró-reitor de Cultura destacou o Congresso como um momento excelente para discutir e refletir sobre o papel transformador da Universidade. “A arte, em sua pluralidade e diversidade, é um dos maiores pilares da nossa identidade e convivência. Ela não se resume às manifestações culturais, mas também surge nas formas de organização social, nos direitos que conquistamos ao longo da história e na capacidade que temos de respeitar e valorizar as diferenças. Nesse cenário, a cidadania precisa ser compreendida não apenas como um direito formal, mas como uma prática cotidiana, em que cada indivíduo tem acesso às oportunidades de participar e ter voz, de fato, integrando-se de maneira plena e digna ao contexto em que vive. A UEPB é um catalisador de reflexão crítica e eventos como este são fundamentais para que possamos pensar de modo mais profundo e colaborativo acerca dos caminhos a serem seguidos”, disse.

Em seguida, procedeu-se com o Seminário, tendo à frente a professora Eneida, ladeada pelo pró-reitor e a professora Joseilda Diniz. Em sua preleção, Eneida comentou os desafios enfrentados pelo Festival de Inverno, que em 2025 completará 50 anos.

“O Festival não ficou reduzido a eventos, ele foi transformado em uma instituição, que busca a inclusão social. Virou, além disso, ao longo das décadas, um polo de afetos. Ele se impôs, encarando essas enormes desigualdades do Brasil, que são econômicas, culturais e educacionais. Foi para a Feira Central, lá beneficiando 60 crianças, e também para o presídio, além de regiões onde vivem as pessoas mais financeiramente vulnerabilizadas da cidade. O Festival é festa, é tão festa que criou o Bloco da Saudade. São 50 anos iluminando o escuro do futuro”, apontou. Eneida ressaltou, ainda, o fato de o Festival ser, desde seu nascedouro, comunitário. “Ele não é uma iniciativa enclausurada, fechada, e jamais deixou de se preocupar com a ética e a estética. O Festival é rigorosamente pedagógico, é científico e focado em humanizar, sobretudo em nossa época, refém da tecnologia, mas carente de afetividades”, concluiu.

A palhaçaria da Bodopitá Cia de Teatro e do Núcleo de Formação, Pesquisa e Experimentação Teatral do CAC se fez presente, com os palhaços Candengo (Chico Oliveira), Lamparina (Joana Marques), Cheirinho (Gabriel Tavares) e Espaguete (Anderson de Sá), divertindo os participantes. Na plateia figuravam, entre outros, o pró-reitor adjunto de Cultura e diretor do MAPP, professor José Pereira da Silva, a cantora Vanuzza Vieira e o cantor Caio Czar. Vale destacar que muitos estudantes da UAMA se inscreveram e estiveram nas atividades.

Oficina de Cordel
“Senhores da falcatrua, de alto ou baixo valor, se me encontrarem na rua, não me chamem de doutor, me chamem de bicho bruto, analfabeto, matuto, maltrapilho, abestalhado, zé preá ou zé xerém, só não digam para ninguém que eu pareço um deputado”. A estrofe integrou uma Oficina de Cordel, no período da tarde, com o poeta Chico de Assis e apresentação da professora Joseilda Diniz e do poeta Alfrânio de Brito.

“Critico a ação política, pois tenho nojo de politicagem”, pontuou Chico, que na ocasião deu uma verdadeira aula explanando, por exemplo, o que é uma trova, uma quadra, um quarteto, um terceto e um soneto. “Toda e qualquer cantoria de pé de parede ou em desafios, começa com uma sextilha. Ela deve conter seis versos para que assim esteja composta a referida estrofe”, acrescentou.

Durante sua preleção, Chico enfatizou que se sente esquecido pelos eventos literários de Campina. “Eu não quero estar em grandes plateias que não me dão atenção, isso é algo que sempre digo, mas fui homenageado em seis cidades do Rio Grande do Norte. Aqui costumo não ser lembrado em iniciativas voltadas à poesia”, disse.

Chico detalhou, ainda, a dificuldade de viver de seu ofício. Segundo ele, invariavelmente, é preciso buscar atividades profissionais paralelas à sua produção criativa, para o sustento da família. Para isso, ele trabalha, igualmente, como eletricista, encanador e pedreiro, vindo a financiar, assim, suas publicações. “O que dá vida à cultura é apoio e valorização. Quando a gente ganha algum cachê para se apresentar, a felicidade é grande”, endossou. Ao final, ocorreu uma mostra, com seus cordéis e livros de poesia.

Exposição de gravuras e encerramento do 3º Seminário de Cultura
Na noite de quarta-feira (6), houve no Centro de Ciências Jurídicas (CCJ) da UEPB a abertura da exposição de gravuras de artistas latino-americanos denominada “Coleção Eco Arte da UEPB/Rio 92”. Os trabalhos ficarão de modo permanente na Biblioteca e no hall do prédio, sendo o horário de visitação no período de expediente do Centro. Estiveram na oportunidade, entre outros, o diretor do Centro, Ricardo dos Santos Bezerra, a professora e coordenadora do Núcleo de Prática Jurídica (NPJ) da UEPB, Maria Cezilene Araújo de Morais, e o jornalista e pesquisador da obra de Luiz Gonzaga, Xico Nóbrega.

Entre os artistas das 25 gravuras expostas figuram o paulistano Antônio Henrique do Amaral; o colombiano David Manzur; o argentino Kenneth Kemble; a mexicana Laura Anderson; o venezuelano Miguel Von Dangel; e o uruguaio Nélson Ramos.

Na sexta-feira (09), houve por toda a manhã a roda de diálogo intitulada “A UEPB diante das políticas inclusivas: o enfoque de resistência nas vozes, saberes e cantos nordestinos”. Palestra de encerramento do 3º Seminário de Cultura e Artes e apresentações culturais compunham a programação da tarde.

Texto: Oziella Inocêncio
Fotos: Taysom Maytchael (Programa Campina Cultural), Divulgação