Curadora do Museu de Arte Popular participa de mesas da Festa Literária de Paraty
Curadora da sala de Cordel do Museu de Arte Popular da Paraíba (MAPP) e consultora da Pró-reitoria de Cultura (PROCULT) da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), a professora Joseilda Diniz é uma das convidadas, na qualidade de mediadora, de duas mesas que compõem a programação da 21ª Festa Literária Internacional de Paraty (FLIP).
A primeira mesa será “Pavão Misterioso e a Poesia Feminina: Uma Viagem em Cordel”. Na oportunidade, também será lançado o livro “A verdadeira história do pavão misterioso”. Saído pela Editora Sei e escrito por Julie Oliveira e Paola Tôrres, com ilustrações de Maria Xilo, a publicação tem o prefácio assinado por Joseilda. A segunda mesa é intitulada “Pagu, do Punho a Pena – Escritos de Liberdade”, contando com discussões acerca da escritora homenageada da FLIP, Patrícia Galvão Rehder [1910-1962].
Os encontros ocorrerão na Casa do Cordel – situada no escritório do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) – local que insere a cultura popular em um dos eventos literários mais importantes do país. Além da compra de cordéis, o espaço oferece declamações, apresentações musicais e rodas de conversa, que difundem a Literatura de Cordel a partir da voz de seus próprios detentores e detentoras.
O convite feito à curadora se deu através do projeto de Extensão “POEMI – Caravana Conselheiro do SUS no Sertão”, oriundo da Universidade Federal do Ceará (UFC), coordenado por Paola Tôrres. “A reconhecida expertise de Joseilda como curadora e guardiã da cultura popular, torna sua participação fundamental para enriquecer essas discussões”, pontuou Paola, que foi a primeira mulher a ocupar o posto de presidente da Academia Brasileira de Literatura de Cordel (ABLC), em 32 anos de história da Academia. Além de cordelista, ela é professora de medicina da Universidade de Fortaleza (UNIFOR) e da UFC.
A professora Joseilda, que integra a Academia de Cordel do Vale do Paraíba (ACVPB), coordena na atualidade o projeto editorial dos 100 anos do Pavão Misterioso, efetuado pela Editora da Universidade Estadual da Paraíba (EDUEPB) e também faz parte da ABLC, contou da sua satisfação por integrar a FLIP, por meio da Universidade Federal do Ceará. “Estar aqui, falando de Pagu, essa jovem que revolucionou o Brasil com seus escritos e continua inspirando tantas mulheres contemporâneas, com o seu brilhante legado, é uma honra para mim, agradeço efusivamente pelo convite”, disse.
Por outro lado, segundo acrescentou Joseilda, destacar o Pavão Misterioso e a Poesia Feminina é falar de liberdade, de mulheres invisibilizadas que ganharam, doravante, espaço de voz e sobretudo reconhecimento pelo talento literário. “A narrativa, por exemplo, das autoras Julie Oliveira e Paola Tôrres, no livro que será lançado, põe justamente em relevo o protagonismo dessas mulheres, e o quanto esse protagonismo impacta na vida dos personagens masculinos. O que é muito legítimo, criativo e esperançado por nós, mulheres, que acreditamos em uma sociedade de paz, amor, respeito, união e diversidade cultural, enfim, de respeito profundo às diferenças e ao outro, independentemente do sexo desse indivíduo”, afirmou.
Estar na FLIP, para Joseilda, significa, ainda, uma oportunidade de construir parcerias e divulgar todo o trabalho realizado através da Pró-reitoria de Cultura da UEPB, junto aos cordelistas e aos mestres e mestras desse fazer artístico, a exemplo do “Cordel no Museu” – iniciativa que mensalmente reúne poetas, editores, estudiosos, xilógrafos e admiradores do gênero, não apenas no MAPP, mas em outros pontos de Campina. “Além disso, por meio da consultoria que exercemos no Museu, temos a chance de mostrar nossas pesquisas museológicas, feitas para o espaço dedicado à cantoria, cordel e xilogravura, na sala 3 do MAPP”, assinalou. Noutra perspectiva interessante de compor a FLIP, Joseilda enfatizou a possibilidade de propagar quão rica é a UEPB, já que detém a maior coleção de cordel da América Latina, a Biblioteca de Obras Raras Átila Almeida.
A FLIP segue até este domingo (26), em Paraty (RJ). A iniciativa é um marco no calendário cultural brasileiro desde a primeira vez que aconteceu, em 2003. A Feira se destaca, em especial, por apresentar novas possibilidades de ocupação dos espaços públicos, celebrando a literatura e proporcionando o encontro entre escritores, artistas e admiradores dessa expressão artística.
Texto: Oziella Inocêncio
Foto: Arquivo Pessoal
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