Curso de Pintura como Terapia ofertado pela UEPB ajuda participantes a enfrentar o distanciamento social
As diversas expressões artísticas como dança, música, teatro, literatura, dentre outras, para além de ações culturais, funcionam também como instrumentos de apoio psicológico para quem participa de alguma atividade dessa natureza. E, em tempos de distanciamento social, o Curso de Pintura como Terapia, ofertado pelo Centro Artístico Cultural (CAC) da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), tem feito à diferença na vida dos participantes.
O curso é ministrado pela professora Lili Brasileiro. Fora do contexto da pandemia de Covid-19, a atividade é realizada no Centro Artístico Cultural da UEPB. No entanto, atualmente, devido aos cuidados necessários para a prevenção contra o novo coronavírus, as aulas têm sido mantidas através de oficinas on-line.
Os alunos são ensinados sobre as técnicas artísticas da pintura e suas diferentes modalidades, que se iniciam através das noções de desenho. Em seguida, eles começam a aprender como pintar em aquarela, com tinta guache e a realizar a produção de seus quadros em pintura de óleo sobre tela. No projeto, a professora trabalha com a união da expressão artística e processos de amparo psicológico.
“Ao concluir a pós-graduação, notei que poderia fazer a junção da pintura com a Arteterapia, utilizando as oficinas terapêuticas, que consistem no contar de histórias, alongamento e música ambiente. Então, tudo isso associado funciona muito bem como terapia. Não só a pintura, como também outras modalidades de arte”, destaca Lili.
O trabalho artístico associado à terapia tem contribuído para transformar a realidade de muitos alunos, tornando-os capazes de superar desafios e tratar dificuldades pessoais. Essa tem sido a experiência de transformação da aluna Socorro Vidal, de 68 anos. Ela participa do curso desde 2018, buscando se desafiar e aprender coisas novas.
“A motivação para iniciar o curso foi porque estava em uma fase de desafios e tentando ser audaciosa em certas coisas que nunca tinha feito, sem medo de ser criticada. Nunca tinha pegado em um pincel de pintura, nem quando criança. Consegui, então, graças a Deus e a professora Lili e ao meu esforço também”, ressalta Socorro.
O sentimento de liberdade foi o tema de um dos seus quadros. De acordo com ela, a pintura representa sua superação e processo de crescimento, ao deixar medos para trás como as folhas que caem da árvore. “A pintura me ajudou muito na minha autoestima e na minha liberdade. Hoje, com 68 anos, percebi que poderia tentar com leveza e sem constrangimento esta arte. Quando termino a pintura de um quadro, me sinto feliz e realizada”, frisa.
Alguns dos alunos têm conseguido acompanhar as aulas on-line e manter as experiências proporcionadas pela arte em suas rotinas. Marlene Almeida, de 69 anos, já pintou seis quadros desde o início da pandemia e evidencia a importância do curso para ela. “É muito gratificante estar recebendo essas aulas de Lili, porque nos ajuda a desenvolver nossa arte. Ela nos explica onde está errado e onde não está e isso é muito bom, principalmente agora, nessa pandemia, que a gente se sente presa. Eu adorei essas aulas on-line. Isso é muito bom, porque assim a gente desenvolve muito”, salienta.
Devido ao contexto de distanciamento social, a professora Lili Brasileiro começou a filmar suas aulas de desenho e pintura e postar no canal PROCULT Cursos, no Youtube, além de realizar um acompanhamento técnico e pessoal com os alunos. “Eu tenho dado assistência aos alunos. Entro em contato com eles através de um grupo on-line e vou respondendo às perguntas, tirando as dúvidas. Dou uma olhada nos trabalhos feitos, eles me mostram e dou sugestões. E existe também o acompanhamento psicológico, da Arteterapia, onde converso com eles e fico sabendo dos problemas que estão passando. A conversa, o falar, é uma das maiores terapias, é ela que eu associo a pintura”, enfatiza.
Texto: Carla Patrícia (Estagiária)
Fotos: Carla Patrícia e Arquivo pessoal de Marlene Almeida
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